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A Mulher Negra E Os Movimentos De Resistencia

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Por:   •  10/11/2013  •  1.273 Palavras (6 Páginas)  •  556 Visualizações

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1 INTRODUÇÃO

As mulheres negras tem sido parte importante da sociedade brasileira há cinco séculos. Como grupo social específico em defesa de seus interesses ou como parte do amplo contingente negro ou geral que luta por justiça social e inclusão social, sua atuação pode ser vista desde o regime escravocrata até hoje.

De fato, as lutas das mulheres negras por equidade se desenvolve ao longo dos séculos e devemos reconhecer que têm sido parte fundamental dos amplos segmentos que constroem cotidianamente o Brasil como nação.

Ainda agem em muitos invisivelmente pois atuam num contexto de racismo e sexismo, e mesmo assim colocam a disposição da sociedade séculos de lutas, de pensamento a serviço da ação transformadora.

Dentre as diversas áreas de ação, neste trabalho aborda-se a questão da mulher negra nos movimentos de resistência.

2 O PAPEL DAS MULHERES NEGRAS NOS MOVIMENTOS DE RESISTÊNCIA

Ser mulher negra tem dois lados. O lado áspero, de ser maltratada em qualquer lugar; todo mundo é mal-educado com você; todo mundo sente vontade de ser mau educado com você. E tem o outro lado, que é o da aglutinação; eu sendo mulher negra, também... tem um coletivo a que eu me reporto que é enorme em qualquer parte, aqui no Rio de Janeiro, ou Salvador, ou em São Luís do Maranhão, em Belém... em qualquer lugar que eu vá, ou em boa parte dos lugares que eu vou, tem um coletivo de militantes, de outras mulheres negras; de outras mulheres negras que se apresentam enquanto mulheres negras; a história está pela diáspora. E em todas estas atividades tem sempre alguém mal educado pra você apertar a mão... (SANTOS, 2008, p. 258).

As mulheres negras ainda sustentam suas famílias ganhando um terço ou a metade da renda familiar das mulheres brancas. Historicamente, elas têm assumido a posição de chefes de família numa proporção bem maior que as brancas, mesmo nos casos em que as primeiras vivem com o marido ou o parceiro.

Um outro aspecto, o qual não se pode perder de vista, é o fato de que muitas famílias negras são chefiadas por um número crescente de lésbicas negras, nas quais a figura masculina seria ainda mais rara ou até inexistente.

De acordo com o Dossiê Sobre a Situação das Mulheres Negras Brasileiras (AMNB, 2007, p. 12):

As famílias chefiadas por mulheres correspondem a cerca de um terço, sendo que as mulheres afro-brasileiras representam 60% das famílias sem rendimento ou com rendimento mensal inferior a um salário mínimo (cerca de US$ 180). Já entre as famílias com renda de três ou mais salários mínimos, a participação das chefiadas por mulheres negras cai para 29%.

Após séculos de exploração de seus corpos e vidas ainda há de forma intensa um processo de erotização e apropriação dos corpos das mulheres negras que na divisão das mulheres entre santas e profanas, as negras são sempre vistas como as profanas. Aquelas que não são para casar, mas meramente para diversão casual.

É uma realidade difícil ser negra latino-americana numa sociedade construída a partir do racismo e do patriarcado. Sendo o racismo uma lógica em que uma raça se organiza para oprimir outra raça, temos isso delineado nos países latino-americanos através da exclusão territorial, social, econômica e política. Onde a mulher negra acaba sofrendo uma dupla opressão, já que há historicamente construída, uma hegemonia de um gênero sobre o outro.

O papel da mulher negra é negado na formação da cultura nacional; a desigualdade entre homens e mulheres é erotizada; e a violência sexual contra as mulheres negras foi convertida em um romance. (SANTOS, 2008)

Ainda hoje, há uma dificuldade em reconhecer as mulheres negras que estiveram no centro das lutas e movimentos sociais e culturais, as heroínas negras são totalmente invisibilizadas. (AMNB, 201)

No Brasil quando do pouco que se fala da resistência negra, quase nada ou nada se fala de Dandara, Luíza Mahin, Carolina Maria de Jesus, Mãe Menininha, Tereza de Benguela, Laudelina Mello e tantas outras mulheres negras protagonistas não apenas de suas histórias, mas da história brasileira.

Lembra-se ainda o quanto as mulheres negras ainda precisam avançar nas conquistas de direitos.

A superação do racismo e do machismo é uma luta árdua, constante, de crítica e desconstrução do modelo de produção, da cultura hegemônica, do sistema educacional, político e econômico. (AMNB, 2001)

Lutar pela mulher negra significa lutar contra o capital, contra o padrão de beleza eurocêntrico, contra a hierarquização da cultura, contra a colonização do conhecimento, contra o eurocentrismo, contra a estigmatização juntamente com a luta pela valorização da cultura negra, popular e periférica, de igualdade de oportunidades, por políticas de equidade e de reparação. Significa lutar por transformações radicais na estrutura da sociedade. (SANTOS, 2008)

Pode-se dizer que para a população negra a superação das situações de discriminação constitui-se em um problema que podemos associar a uma redefinição de sua própria identidade. Desde

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