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Notas Sobre o Difusionismo

Por:   •  29/4/2019  •  Artigo  •  2.195 Palavras (9 Páginas)  •  150 Visualizações

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NOTAS SOBRE O DIFUSIONISMO

Fonte:

Paul MERCIER – História da Antropologia

Rio: Ed. Eldorado, 1974.

misturado com

Jean POIRIER – História da Etnologia

São Paulo: Ed Cultrix/USP, 1981.

O difusionismo se enquadra dentro de um conjunto de correntes antropológicas conhecido como Escolas Históricas. Dentre estas, podem ser enquadradas várias das tendências herdadas de Boas por seus discípulos, embora sua originalidade impeça que ele próprio seja classificado dentro de qualquer corrente específica de pensamento que não aquela referida amplamente como “particularismo histórico”.

Os difusionistas acreditam que o desenvolvimento é algo complexo, e que cada povo sofreu um conjunto distinto de influências, nascido do contato com seus vizinhos. Determinar estes encontros é o objetivo central dos difusionistas.

A incapacidade de invenção do espírito humano é um dogma central.

O difusionismo foi uma corrente da Antropologia com grande repercussão na Alemanha; na França não teve expressão suficiente para torná-la um referencial e, na Inglaterra, também com presença quase ofuscada pelo Evolucionismo, teve em Elliot Smith um ferrenho defensor. Nos Estados Unidos floresceu na década de 1920 para entrar em declínio na posterior.

O difusionismo foi uma alternativa ao evolucionismo vitoriano para se pensar as diferenças e semelhanças culturais.

Friedrich Ratzel (1844-1904), era alemão e contemporâneo de Bastian (1826-1925), referido na literatura da história da antropologia como tendo contribuído para o desenvolvimento da disciplina e influído sobre muitos dos antropólogos do início do século XX), embora bem mais jovem do que este. Estudou inicialmente zoologia e depois geografia. Ratzel, que tinha pontos em comum com Bastian, embora acreditasse no poder do ambiente físico sobre a constituição da cultura, não exagerou a ponto de considerar o clima como um elemento determinante da cultura.

Aceitando a difusão, explicava as aquisições culturais através de duas categorias: tempo e espaço. Mostrava que não só a proximidade ou distância eram importantes para a difusão, mas também o tempo em que duas culturas permaneciam em contato.

Contato ou isolamento são noções-chave para explicar estagnações ou desenvolvimentos culturais.

Um geógrafo, entendendo uma civilização, tem em mente noções como deserto, estepe e oceano e se pergunta o que ele pode explicar através destas categorias. O etnógrafo, por sua vez, quer responder como as diferenças entre civilizações podem ser interpretadas, já que elas podem ocorrer num mesmo ambiente físico. Ratzel entendia que nem tudo era decorrência do meio geográfico.

Ratzel acreditava firmemente na unidade biológica da nossa espécie, repudiava as idéias de Gobineau, segundo o qual as misturas entre as raças eram degenerativas. Não que ele considerasse todas as raças com igualdade, mas achava que não existiam diferenças maiores.

Ratzel não inventou o princípio da difusão e nem acentuou demais a proposição sobre a incapacidade criativa da humanidade. Dizia que o mundo enfocado pelo antropólogo é um; foi percorrido em todas as direções, em deslocamentos lentos ou rápidos, por numerosos grupos humanos, que mantiveram entre si contatos múltiplos.

Destes contatos nasceram centros de desenvolvimentos culturais que, por razões diversas, não puderam ser integrados ou se adaptar, tendo sido, portanto, rechaçados à periferia. Daí a existência de zonas marginais no mundo atual, onde se refugiaram os fracos e vencidos da história cultural, e onde os progressos culturais se encontram bloqueados.

Os seres humanos, incapazes de invenções, que migravam de cá para lá, transportam simplesmente o que eles colheram. Ele não acredita que cada caso de empréstimo possa ser historicamente reconstituído e trabalha com hipóteses. Assim postula que a África negra seja aparentada da Índia, Sul da África e Nova Guiné e que a América do Norte tenha ligações com a Polinésia e região ártica do Velho Mundo.

Uma das coisas que se queria explicar é como o México e o Peru produziram suas pirâmides. Ratzel não considera um empréstimo vindo do Velho Mundo. Existia uma comunidade primitiva de bens culturais que transportava aqui e lá pelo globo seus bens durante milênios da pré-história.

Ratzel se antecipou ao difusionismo, que teve um grande impulso com a ideia de círculos culturais de F. Graebner, na primeira década do século XX.

A escola antropológica alemã – ou melhor, austro-alemã – do início do século vinte se denominava escola histórica ou histórico-cultural; outros chamaram-na histórico-geográfica ou ciclo-cultural; ainda havia os que se referiam a ela como o círculo de Viena. Todas essas designações se referiam aos difusionistas alemães, tais como Schmitd, Graebner e Schebesta.

O fundador da escola de Viena em 1906 foi Wilhelm Schmidt (1868-1954). Segundo Schmidt, a etnologia estuda todos os aspectos das culturas dos povos primitivos de um ponto de vista histórico-cultural.

O trabalho de numerosos antropólogos alemães começou pela classificação e seleção de objetos de museus etnográficos.

Fritz Graebner (1877-1934), alemão, se opunha, como os demais difusionistas, ao grande quadro simplificador dos evolucionistas e explicava a complexidade da “cultura humana” em termos de mudança e contato. Um lado bastante positivo dos difusionistas era que eles estavam preocupados com a complexidade do real.

Para Graebner e Schmidt, o desenvolvimento não era uniforme, de tal forma que um povo com técnicas rudimentares poderia ter instituições sociais desenvolvidas e complexas. Também não acreditavam na capacidade inventiva do homem. Ambas as críticas aos evolucionistas tinham a ver com o fato de os difusionistas não aceitarem a unidade psíquica da humanidade, tal como era entendida pelos evolucionistas.

O difusionismo alemão tinha a originalidade de postular a existência de estratos de civilização, através dos quais explica o desenvolvimento da civilização. Graebner e W. Schimidt achavam que os homens primitivos vivam em pequenos grupos na Ásia. Isoladas e sem meios de transporte, estas populações desenvolveram um certo número de civilizações distintas referidas como kulturkreise, ou seja, círculo cultural.

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