O enredo da história "Um dia na vida de várias pessoas"

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Um dia na vida de poucas pessoas... ou a história de poucas vidas que se passam num único dia. Enquanto Clarissa Dalloway fazia o seu passeio matinal em direcção à florista Miss Pym, para comprar flores para a festa que oferecia nessa noite, o leitor vai conhecendo a sua vida: o marido Richard, a filha Elizabeth; o professor de História da filha e a sua esposa muito religiosa, Miss Kilman, por que Clarissa cultivava Um ódio de estimação; o seu amigo próximo Peter Walsh, a quem preterira para casamento muitos anos antes. Quando Clarrisa regressou a casa depois do passeio matinal, encontra o marido Richard, que lhe faz saber que foi convidado para, sozinho, ir lanchar a casa de Lady Bruton, o que deixa Clarissa com muitos ciúmes. Apesar de tudo, a sua mente está ocupada com outros assuntos: uma inesperada visita do seu primeiro amor Peter que, como acontece habitualmente, está com alguns problemas de relacionamento com a sua esposa. Ambos se sentem um pouco incomodados com o outro, sobretudos ensombrados pelas saudades do passado que os assaltam. Ao jantar, Richard confidencia a Peter que regressou da Índia com uma espécie de receio, uma sensação de ameaça que o levava a sentir-se inseguro na sua relação e a oferecer com alguma frequência flores a Clarissa como pretexto para dizer "amo-te" quando as entregava. As flores eram entregues, mas as palavras não... Peter vai à festa oferecida por Clarissa,onde conhece Sally Seton, uma amiga antiga que depois de casada passou a ser conhecida como Lady Rosseter e deu à luz cinco filhos. Simultaneamente, enquanto acompanhámos a história de Mrs. Dalloway, o livro dá-nos a conhecer o percurso de Septimus, um herói da Primeira Guerra Mundial, e o sofrimento da sua esposa Lucrezia. Já perto do final do dia, Septimus, um homem que não tinha sentimentos e julgava-se um modelo para todos os homens, suicida-se atirando-se de uma janela. Pode-se dizer que este livro foi escrito de uma forma muito particular, uma história de sentimentos reprimidos e de auto-confrontação, onde as palavras que não temem o calor ou o sol parecem ecoar...

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“Comprarei em mesma as flores!”

Um só dia na vida de Mrs Dalloway. E ia dar uma festa. O tempo urgia. Os últimos preparativos clamavam atenção, as flores, o vestido. Ela adorava as suas festas e adorava Londres. Era o seu método próprio de se tornar útil, criava um ambiente social artificial em que ajudava os menos precavidos com a presença dos mais desenvoltos. Podiam considerá-la frugal, materialista, egoísta, mas tão só a sua única intenção era proporcionar aos outros algum prazer e divertimento.

Um só dia de atribulações para uma só festa. Um só dia em que o seu passado voltava. Aliás um processo continuo em que esse passado nunca chegou mesmo a ser passado, apenas uma tela continua de tempo através da sua consciência. Peter Walsh voltava da Índia. Reavivavam-se memórias que se pensavam já guardadas. Repensa a categórica, quase fria, resposta negativa que se concretizara naquele dia, perto ao lago, em Bourton, naquela manhã quente de Verão. A partir daí nada mais foi igual. Clarissa casou com Richard, Peter partiu para as Índias. Estaria ela arrependida? Richard é um bom marido, foi a escolha certa, pensa.

Richard tinha lanchado com Lady Bruton, que nunca convidava Clarissa.

Peter voltou. Visita-a. Todos os esses momentos do passado afloram à tona da pele. O silêncio é apenas entrecortado por breves comentários dos quais ambos apenas compreendem a profundidade. Ela convida-o para a festa. Contrariada? Contra a sua consciência consciente. Não tem a certeza, no entanto se deseja que ele compareça ou não.

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