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OS POVOS TUPINAMBÁS E SOCIEDADE CAPITALISTA: UM CONTRASTE EDUCACIONAL

Por:   •  11/9/2020  •  Artigo  •  485 Palavras (2 Páginas)  •  149 Visualizações

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Ao analisar a educação dos povos tupinambás e compará-la com a de nossa atual sociedade, o elemento de mais notável contraste é a ausência de uma instituição responsável pela transmissão de valores e saberes para as novas gerações. Sua educação não escolarizada funciona de forma totalmente oral e com a participação de todos como agentes educacionais, sem a figura formal do professor. Essa organização nos permite também, sob atenta avaliação, observar papéis educacionais fundamentais em nossa sociedade, nos espaços para além da escola.

O aprendizado pelo exemplo, pela imitação da postura do educador (independente de qual indivíduo venha a cumprir esse papel na sociedade em questão) está também presente no processo de formação pré-escolar e apesar de ter menor centralidade, se estabelece de forma contínua nos espaços familiares e nas relações pessoais. Sendo impossível o processo de escolarização ausente de laços sociais (dos alunos entre si e desses com o professor), a formação educacional em nossa sociedade também existe sob a lógica não institucional. Tal afirmação, embora simples, conduz inevitavelmente a refletir sobre o caráter conservador de nossa ordem social e sua capacidade de manutenção de valores e comportamentos ao longo das gerações.

Sobretudo, é equivocada a leitura de que uma sociedade, por mais “tradicionalista, sagrada e fechada” que seja, encontre-se em inércia, estática. Cada indivíduo possui, inevitavelmente, especificidades que em dado momento hão de se sobressair em relação ao ser social. Ocorrem, portanto, mediante tensões sociais, adaptações pessoais da tradição para o enfrentamento dessas adversidades. Essas releituras de modelos previamente apreendidos representam o elo fundamental que explica o movimento da sociedade tupinambá: a interpenetração entre inovação e tradição. Os dois elementos, comumente compreendidos como antagônicos, coexistem em dinâmica. A inovação se estabelece como tradicional, por suas raízes fundamentais e sua concepção como saber sagrado.

Sob nossa ordem social, porém, a inovação é concebida como fruto fundamental da educação formal. As instituições de ensino se encarregam de transmitir conhecimentos técnicos para as novas gerações, que utilizam a ciência como ferramenta para avanços materiais. A lógica capitalista, da busca eterna pela expansão da produção, incentiva todos os meios que colaborem, tecnicamente, para o alcance desse objetivo. Surge, assim, um espaço social de grande dinamismo material, que propicia frequentes alterações no campo das ideias e relações interpessoais.

Tendo em foco os contrastes entre as duas sociedades no que diz respeito à inovação, percebe-se um diálogo de cada uma delas com suas respectivas concepções de individualidade. Em nossa formação societária, o individualismo é um valor moral profundamente enraizado sob viés liberal, que abarca noções de busca por status, mérito e destaque competitivo. A sobreposição do individual sobre o coletivo é compreendida, então, como virtuosa. Entre os tupinambás, entretanto, a individualidade é exercida por meio da integração com o todo. Novamente, supostos antagonismos coexistem de forma a, dinamicamente, construir uma totalidade unificadora. O ser individual não está “submerso, sufocado e destruído” frente à sociedade, mas sim, se retroalimentando dela

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