RELACOES ETNICOS RACIAIS

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Unidade 2 - RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NO BRASIL

A QUESTÃO DOS AFRODESCENDENTES NO BRASIL

Olá, nesta aula vou apresentar a vocês a importância da contribuição dos povos africanos para o desenvolvimento do Brasil, e a formação da identidade afro-brasileira.

Como sabemos, nosso país se formou a partir da união de diferentes povos e culturas, sendo que os de origem africana, que aqui chegaram pelas vias da escravidão, promoveram ao longo da história uma infinidade de costumes e saberes que muito contribuíram com o desenvolvimento de nossa sociedade.

Entretanto, essa mesma história foi marcada por práticas de dominação de outros povos que haviam chegado anteriormente – os de origem europeia – e que ao longo de séculos mantiveram os demais em condição de servidão (na base da força), fazendo com que nossa história ficasse marcada pela produção de profundas desigualdades e preconceitos.

Para compreender a sociedade brasileira, com todas as suas características e problemas, é preciso entender os elementos constitutivos das relações sociais em nosso país ao longo do tempo. Vamos, então, começar do início?

O período da escravidão no Brasil foi marcado pela separação de famílias vindas da África e pela mistura de povos que habitavam aquele continente, fato que resultou em uma imensa pluralidade étnica e cultural. Apesar disso, esses povos conseguiram preservar muito de suas culturas de origem, adotando a aculturação como estratégia de manutenção de suas tradições, crenças, saberes e práticas.

Esse longo processo de dominação foi marcado também pela resistência e pela luta contra a escravidão e a discriminação, o que não impediu que um grande conjunto da sociedade desenvolvesse atitudes de racismo. Aliás, ao contrário do que muitos pensam, o Brasil é um país bastante preconceituoso e racista, na medida em que ainda trata desigualmente indivíduos de determinadas origens étnicas (basta ver as disparidades entre os chamados “brancos” e “negros” no mercado de trabalho, nas universidades, no nível de renda, entre outros).

Silva (1997) afirma que apesar das inúmeras conquistas obtidas nos últimos anos em relação ao reconhecimento da contribuição dos povos africanos para a formação da sociedade brasileira, ainda persiste no imaginário da população o mito da inferioridade do negro (e também do índio) em relação ao branco. Basta observarmos como, muitas vezes, essa questão aparece nos discursos de muitas pessoas, em charges, textos, na mídia e até mesmo em livros didáticos. Silva (1997) afirma, ainda, que o campo da educação brasileira tem uma grande dívida em relação ao reconhecimento da inquestionável contribuição dos povos africanos na formação e desenvolvimento de nosso país. Há, portanto, que se valorizar o que temos de influência das culturas africanas nas mais variadas áreas: nas artes, na estética, na culinária, nos costumes, nas religiões, nas ciências, enfim, em todos os campos de nossa cultura. Significa que temos que colocar a questão afro-brasileira em lugar de destaque nos currículos e disciplinas acadêmicas.

Questão para reflexão

Como o professor da educação básica pode inserir a temática desta aula em suas atividades na escola?

ENTRE O SÉCULO XIX PARA O SÉCULO XX: POR UMA IDENTIDADE BRASILEIRA “NEGRA”

Desde a abolição da escravatura no Brasil, um longo caminho tem sido trilhado pelos afrodescendentes com a finalidade de promover maior igualdade no país, um amplo movimento de reconhecimento das desigualdades históricas, de valorização das diversidades e de afirmação das identidades afro-brasileiras. Diversos autores vêm defendendo que é necessário fomentar o debate sobre o direito à identidade étnico-cultural no Brasil e no mundo, bem como ampliar a compreensão, em todos os setores da sociedade brasileira, sobre as experiências históricas dos afrodescendentes no país e seus desdobramentos (CARVALHO, 2000).

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Povos Indígenas no Brasil

Nesta aula irei abordar outro tema fundamental para a compreensão das relações sociais no Brasil: a questão indígena. O enfoque desta aula, assim como o da anterior, é o enfoque histórico-cultural. Para início de conversa, é preciso reconhecer que diferentes povos já viviam no território “brasileiro” antes da chegada dos europeus, ocupando territórios específicos, com trajetórias históricas e culturais específicas. Não se sabe com certeza suas origens, mas sim que aqui se instalaram após longos processos migratórios desde a pré-história. Muitos brasileiros estão vinculados histórica e culturalmente a esses primeiros povos: os índios de hoje.

Mas, para entendermos a questão indígena no Brasil é preciso considerar três dimensões: Histórica: comunidades pré-colombianas já habitavam o território que, após a dominação europeia, passou a se chamar “Brasil”. Nesse sentido, há que se levar em conta o modo como os povos da Europa estabeleceram contato e dominaram as populações nativas. Cultural: no Brasil, segundo dados mais recentes do IBGE e da Funai, há mais de 200 etnias indígenas diferentes entre si, com uma imensa diversidade de línguas, de conformação social, de tradições e costumes. Trata-se, sem dúvida, de uma grande riqueza cultural, que muito influencia na cultura brasileira como um todo. Sociopolítica: desde a década de 70, lideranças indígenas no Brasil, com apoio de antropólogos e defensores da causa, passaram a se organizar e a lutar por direitos exclusivos das populações indígenas, afirmando o papel e o lugar dos índios na sociedade brasileira.

Questão para reflexão

Mas, como definir quem é índio no Brasil hoje, considerando que muitas coisas se modificaram desde o chamado “descobrimento”?

É índio todo indivíduo que se reconhece como parte de um grupo indígena e que é reconhecido pelo mesmo. Portanto, os principais critérios são a autoidentificação étnica e a aceitação dessa identidade indígena pela própria comunidade.

POVOS INDÍGENAS NO BRASIL HOJE

Santos e Teixeira (2011) afirmam o seguinte: hoje, no país, vivem cerca de 230 etnias indígenas - uma das maiores sociodiversidades do continente! Porém, os indígenas representam menos de 1% da população brasileira. Embora sejam legítimos representantes da sociedade brasileira, os povos indígenas vivem