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RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA

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Por:   •  21/5/2014  •  1.407 Palavras (6 Páginas)  •  293 Visualizações

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RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA: POR UMA BOA

CAUSA!?

Por: Gianna Maria de Paula Soares

RESUMO

As organizações assumem uma postura socialmente responsável em relação às injustiças sociais e à degradação da natureza. Mas por outro lado, estudos nos mostram que a leitura atenta dos discursos organizacionais revela palavras sequer pronunciadas e de que existem contradições entre o que os membros das organizações assumem como sendo ética, moral e democracia e o que efetivamente é praticado no ambiente organizacional.

INTRODUÇÃO

A responsabilidade social corporativa caracteriza-se fundamentalmente por uma proposta de

retomada das questões éticas tanto dentro das organizações como no seu relacionamento com o público externo, qual seja, consumidores, clientes, fornecedores, Governo e acionistas, os chamados stakeholders.

As organizações, a partir de uma postura dita socialmente responsável, vêm empreendendo ações sociais que vão desde a tradicional filantropia até parcerias com o terceiro setor, e incluem programas de voluntariado empresarial e de proteção ao meio-ambiente, além da instituição de códigos de ética que visam regulamentar a conduta de seus membros.

Observamos que por trás do discurso cobertura, que deixa transparecer apenas as boas

intenções e as motivações socialmente admissíveis para esse novo paradigma organizacional, existem outras razões que levam as organizações a aderirem ao movimento pelo social, razões essas que nem sempre são assumidas publicamente e, em sua maioria, não são questionadas pelo mundo acadêmico.

É preciso, primeiramente, esclarecer que o presente artigo se propõe a discutir não as ações sociais em seu caráter individual, mas sim a totalidade das ações que se encontram sob o leque da responsabilidade social corporativa, de forma que se possa identificar as contradições e as outras motivações envolvidas no movimento da responsabilidade social corporativa, e questionar a capacidade e o interesse efetivos das organizações em resolverem as adversidades sociais e ambientais.

O CAPITAL E A ÉTICA, OS RECURSOS NATURAIS E OS “RECURSOS” HUMANOS

Os indivíduos reproduzem sua existência por meio de funções primárias de mediações que se estabelecem entre eles e no intercâmbio e interação com a natureza, dadas “pela ontologia singularmente humana do trabalho ” (ANTUNES, 2002, p. 20). A funcionalidade das mediações de primeira ordem, entretanto, foi afetada pelo advento das mediações de segunda ordem do capital, que passou a conduzir as primeiras, em uma inversão da lógica societal, cuja efetivação instituiu o sistema de metabolismo social do capital.

Pretende-se, portanto, a partir do exame das relações que se estabelecem entre o capital e a ética, os recursos naturais e o trabalho, demonstrar que a incapacidade das organizações de construir um mundo melhor por meio do movimento da responsabilidade social é congênita, visto que os principais problemas que essas ações se propõem a solucionar são parte das contradições inerentes ao próprio sistema do capital.

A ética no capitalismo

No presente trabalho, a ética é entendida como se referindo ao comportamento autônomo do indivíduo capaz de desejo (CHAUI, 1994, citado por FARIA, 2000), de forma que se julga que “a ética avalia então os costumes, aceita-os ou reprova -os” (SROUR, 1998, p.271); a moral, por sua vez, é tomada como referente ao comportamento normativo, em que as regras são definidas pela sociedade (CHAUI,1994, citado por FARIA, 2000).

Logo, pode-se afirmar que “os imperativos da competição, deificada como arranjo intransponível das relações de produção da vida material, transforma a violência em modelo de ação humana destruindo as possibilidades éticas [no âmbito do capitalismo]” (FARIA, 2000, p. 8).

Os recursos naturais no capitalismo

O trabalho, enquanto valor de uso, é o ato de depositar significado humano à natureza, de forma que sempre será o metabolismo entre o homem e a natureza (CODO et al., 1994). Nas palavras de Marx (1985, p. 149), “antes de tudo, o trabalho é um processo entre o homem e a natureza, um processo em que o homem, por sua própria ação, media, regula e controla seu metabolismo com a Natureza. Ele mesmo se defronta com a matéria natural como uma força natural.”

Os “Recursos” humanos e o capital

O que distingue o homem e permite ao ser humano tornar-se efetivamente humano é a produção de sua própria existência; o trabalho, portanto, consiste de uma dupla transformação de si e do mundo, e engendra o homem como ser de necessidades e imaginação, capaz de construir sua sociabilidade e suas condições de existência.

Entretanto, como a força de trabalho é o único valor de uso capaz de criar valor (CODO et al, 1994) apropriação do trabalho excedente da sociedade tornou-se condição vital para a reprodução incessantedo capital e resultou no antagonismo estrutural e inconciliável entre capital e trabalho.

A relação de compra e venda de força de trabalho, que caracteriza o capitalismo, implica em quea própria força de trabalho seja tratada como mercadoria (CHESNAIS,1996;MÉSZÁROS, 2002), redundando em uma situação na qual as relações de trabalho, em seus vários níveis de concretização, são, de fato, relações de poder (BRAVERMAN, 1977; CODO et al., 1994; FARIA, 1997).

Aos efeitos perversos do capitalismo sobre o trabalhador, some-se o crescente desemprego estrutural, decorrente das contradições e antagonismos do sistema do capital, a precarização da força de trabalho, nas formas de terceirização, de subempregos, de trabalho assalariado da economia informal, além da intensificação do ritmo de trabalho, imposta pela tecnologia de base microeletrônica.

Constata-se, conseqüentemente,

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