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Socieconomia E Geopolitica

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Por:   •  21/11/2014  •  7.109 Palavras (29 Páginas)  •  194 Visualizações

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fundamentais para a existência humana – como alimento suficiente, abrigos e roupas – é classificado como indivíduo que vive na pobreza. O conceito de pobreza absoluta é visto como universalmente aplicável.

[...] Porém, nem todos aceitam a idéia de que um tal padrão possa ser identificado. De acordo com essas pessoas, seria mais apropriado empregar o conceito de pobreza relativa, o qual relaciona a pobreza ao padrão de vida geral predominante em uma sociedade específica. Os defensores do conceito de pobreza relativa acreditam que a pobreza seja definida culturalmente, não devendo ser medida segundo um padrão universal de privação.

Não há um consenso entre pesquisadores e instituições sobre o número de pobres no Brasil. Para o Programa governamental Fome Zero há, no Brasil, 46 milhões de brasileiros pobres; para o Instituto de Pesquisas Aplicadas (IPEA), esse número chega a 56,9 milhões; e, ainda, para a socióloga Sônia Rocha, o número de pobres no Brasil é de 34,8 milhões. (BRYN, 2006).

Em todas as estimativas, o número de pobres no Brasil é assustador. Outro dado preocupante é em relação à distribuição de renda. Segundo dados do IPEA, no ano de 2000, 68,06% de toda a renda gerada no Brasil foi destinada aos 20% dos brasileiros mais ricos. Na linha oposta da abundância, estão os 20% mais pobres, que ficaram com 1,5% da renda nacional total.

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Para dimensionarmos essa má distribuição de renda, vamos pensar que o Produto Interno Bruto do Brasil (PIB) fosse medido em sanduíche do McDonald’s, o Big Mac. Vamos supor que, por ano, o PIB brasileiro fosse de 1000 Big Macs. Como afirmamos, os 20% mais ricos ficariam com 68,06%, ou seja, essa parcela da população comeria 680 sanduíches. Já os 20% mais pobres comeriam apenas 15 sanduíches, dado que faz do Brasil um dos países com mais desigualdades no mundo.

Outro dado alarmante é que a distribuição de renda no Brasil tem se tornado cada vez mais desigual. E mais, enquanto a distribuição de renda piora, a riqueza amplia-se; ou seja, nos últimos 40 anos, o PIB aumentou a distância entre os mais ricos e os mais pobres. Mas por qual motivo há tanta desigualdade e tanta pobreza? Será que é possível explicá-las?

Vários teóricos procuram apontar as causas da pobreza na sociedade contemporânea. Giddens (2005, p. 260) agrupa dois grupos de teorias que tentam explicar esse fenômeno: as teorias que responsabilizam os pobres pela própria pobreza e as teorias que concebem a pobreza como algo produzido e reproduzido por forças estruturais da sociedade capitalista.

As teorias que responsabilizam a vítima existem há bastante tempo. Já no século XIX, pregava-se que a pobreza era resultado de patologia ou inadequação dos indivíduos. Nesse período, era comum acreditar que os pobres eram incapazes de prosperarem na sociedade por incapacidade moral ou psíquica. Mais recentemente, as explicações foram buscadas no estilo de vida dos pobres. Ou seja, os pobres eram pobres por ter hábitos e atitudes que não os levavam a “subir na vida”.

As abordagens que procuram, em processos sociais mais amplos, as causas da pobreza, acreditam que as forças estruturais, como classe, gênero, realização em termos educacionais, dentre outras, modelam a maneira de a renda ser distribuída. Afirmam que a situação dos pobres é consequência de situações restritivas e não a sua causa, e que para diminuir a pobreza não se deve propor mudanças individuais/comportamentais, mas mudanças políticas que levem à distribuição de renda mais igualitária para toda a sociedade.

4.1 Exclusão econômica Indivíduos e comunidade podem ser excluídos da economia no que diz respeito à produção e ao consumo. Quanto ao aspecto da produção, o emprego e a participação no mercado de trabalho são centrais para a inclusão. Em comunidades que apresentam altas concentrações de privação material, é menor o número de pessoas que trabalham em tempo integral. Nestas, as redes informais de informação, capazes de auxiliar os desempregados a ingressarem

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no mercado de trabalho, são ineficientes. As taxas de desemprego são, com frequência, altas, e as oportunidades ocupacionais são, de modo geral, limitadas.

Para Giddens (2005, p. 265), a exclusão da economia também pode se dar em termos de padrão de consumo, ou seja, com relação ao que as pessoas consomem e utilizam em sua vida diária. A falta de um telefone pode contribuir para a exclusão social. “[...] Não possuir uma conta bancária é outro sinal de exclusão social [...]”, de acordo com o autor.

4.2 Exclusão política A participação popular e contínua na política é o alicerce dos estados democráticos liberais. Os cidadãos são estimulados a manter uma atitude consciente quanto às questões políticas, a levantar sua voz em apoio ou protesto, a contatar seus representantes eleitos para assuntos importantes, e a participar do processo político em todos os níveis.

Porém, uma participação política ativa pode estar fora do alcance dos indivíduos socialmente excluídos, a quem podem faltar as informações, as oportunidades e os recursos necessários para o envolvimento no processo político. Conforme Giddens (2005, p. 265), “[...] As vozes e necessidades dos socialmente excluídos não conseguem ser incorporadas às agendas políticas.”

4.3 Exclusão social A exclusão também pode ser sentida no domínio da vida social e comunitária. Áreas que sofrem com alto grau de exclusão social podem contar com instalações comunitárias limitadas, como parques, quadras de esporte, centros culturais e teatros. Os níveis de participação cívica são, muitas vezes, baixos. Além disso, famílias e indivíduos excluídos podem ter menos oportunidades de lazer, viagens e atividades fora de casa. A exclusão social pode significar uma rede social limitada ou frágil, que leva ao isolamento e a um contato mínimo com os outros. (GIDDENS, 2005, p. 265).

4.4 Exclusão e inclusão social Alguns teóricos, sobretudo europeus, têm preferido utilizar o conceito de exclusão social como substituto à classe baixa ou pobres. Inicialmente, o termo “exclusão social” foi adotado por políticos e usado por sociólogos para se referirem a novas formas de desigualdade social, para além da questão meramente econômica.

A exclusão social refere‑se à possibilidade de o indivíduo ficar sem o envolvimento total na sociedade. Os teóricos que vêm utilizando esse conceito afirmam que

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