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Titãs e os espaços de socialização

Por:   •  5/6/2015  •  Projeto de pesquisa  •  3.710 Palavras (15 Páginas)  •  97 Visualizações

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Pós Equipe pré Iê-Iê.

Dentro desse capítulo analisaremos a formação do Titãs como grupo, mas não meramente como grupo musical, mas sim como um grupo de auto reconhecimento social, ou seja, vamos buscar os elementos que unem os agentes sociais, o que os motivam a manterem contato, o que é relevante para a ação conjunta deles em diversos e diferentes ambientes, o que os distinguem, o que os marcam e como isso os une como um grupo.

A compreensão da constituição do grupo nos permite identificarmos os seus modos, estilos de vida e mesmo os estratos sociais com os quais estão inseridos e com os quais estabelecem relações.

Nossa abordagem buscou os caminhos traçados pelos “titãs” pós Colégio Equipe. Como dito anteriormente a banda não é formada dentro do Equipe e nem imediatamente pós Equipe. Os “titãs” transitaram por diversos lugares, se relacionaram com diferentes pessoas, buscaram espaços e ambientes que oferecessem atuações voltadas a uma sociabilidade cultural.

A passagem dos “titãs” por instituições de ensino superior podem ser utilizadas como subsídio para traçarmos elementos de suas posições sociais, as escolhas dos cursos e das instituições de ensino superior são fontes significativas que não podemos despreza-las, pois nos servem como indícios do pertencimento social de cada “titãs”, a escolha das instituições de ensino superior feitas pelos “titãs”, USP e PUC-SP, servem como indicativo de uma busca social realizada por eles, pois se inseriram em grandes universidades, que gozam de grande prestigio, que estão relacionadas a classe média intelectualizada, classe social a que eles pertencem e estavam inseridos, dessa forma a escolha realizadas pelos agentes sociais estava relacionada ao pertencimento social do qual cabiam.

Nenhum dos “titãs” concluíram os cursos universitários em se inseriram, essa posição aponta que os meios de consagração que buscavam não estavam relacionados aos cursos oferecido pelas universidades, mas sim buscavam a execução de um projeto de realizações artísticas, fruto da sociabilidade cultural que carregavam todos eles.

Paulo Miklos também fez parte da Banda Performática, de José Roberto Aguilar, no mesmo período em que Arnaldo Antunes também integrava o grupo.

A Banda Performática não era somente uma banda musical, mas sim um grupo teatral, pois suas apresentações contavam com todo um repertório de encenações. Essa posição teatralizada e performática é relatada no site da Banda Performática:

“Em novembro de 1980, um grande salto, uma performance na Pinacoteca de São Paulo, intitulada “Concertos para luvas de boxe, piano de cauda, cítara, violino, dois extintores de incêndio e quatro letras de 3 mts de altura formando a palavra ARTE”. Num palco circular, onde ficava o piano de cauda, Aguilar entrava com a sua orquestra, saudava o público aos urros, os músicos se posicionavam em seus lugares e Aguilar começa a tocar (bater) com as luvas de boxe em toda as extensão do piano, inclusive nas teclas. Em seguida, um dueto entre o som do piano e do violino tocado por Go. Depois desse dueto entrava a cítara tocada por Alberto Marciano. Na sequencia, os extintores de pó químico eram acionados por Arnaldo Antunes e Vânia Passos. Daí, Aguilar desembaia sua espada de samurai, arremete e destrói a palavra ARTE feita em isopor. Ao mesmo tempo, vários amigos na plateia, comandados por Paulo Miklos começam a tirar um som com instrumentos vários, enquanto o público corre para fora amedrontado pelo pó químicos dos extintores.”

Como Ciro Pessoa deixa claro em entrevista concedida, a casa de Aguilar foi importante, pois acabou servindo como um núcleo de reencontro dos “titãs” pós Equipe.

A Banda Performática tinha um centro de atuação, praticamente fixo em São Paulo, o Teatro Lira Paulistana, que segundo o site oficial da banda faz a seguinte citação: “O point da Performática era o maravilhoso LIRA PAULISTANA”.

A presença de ambos (Paulo Miklos e Arnaldo Antunes) na banda de Aguilar se estendeu de 1980 até 1982. Juntos com Banda Performática gravaram o álbum que fora produzido por Belchior em 1981, onde os “titãs” participaram da elaboração e execução parte instrumental.

MS: Ciro Pessoa, vocês se conheceram, você e os demais Titãs, lá no Colégio Equipe. Como era o ambiente do Colégio Equipe?

Ciro Pessoa: Bom, a gente, deixa eu explicar isso primeiro. Eu tava no terceiro ano e conheci o Arnaldo e o Paulo que estavam no segundo ano. O Branco, o Bellotto e o Marcelo, quando eu saí do Equipe eles entraram, eles pularam pro primeiro ano. Então, eu conheci o Arnaldo, conheci o Paulo e a gente se conheceu mesmo foi num lugar chamado Casa Azul, que era na [rua] Luiz Rocha Azevedo, a casa do pintor José Roberto Aguilar, onde o Arnaldo morava. Foi ali que conheci o Branco, conheci, foi ali que se fez este núcleo dos Titãs.

Essa declaração dada por Ciro Pessoa é relevante, pois ele nos demonstra a importância do Equipe, como um local que serviu para os “titãs” estabelecerem contatos prévios, seja diretamente ou indiretamente, ou seja, através de amigos comuns, mas O Equipe não foi o ponto crucial para a formação da banda, pois Ciro dá ênfase e relevância a Casa Azul, de Aguilar.

Essa posição adotada por Ciro não é equivoca, pois o Equipe funcionou como um meio de sociabilidade cultural, onde os “titãs” estabeleceram contato com uma gama de formas artísticas e com um numero de pessoas consideráveis para a trajetória da banda, foi também o espaço que propiciou a eles estabelecerem experiências conjuntas e relações de amizade que possibilitarem se reencontrarem. Mas o trecho da entrevista traz um novo meio de sociabilidade cultural, a Casa Azul, pois foi nesse local que Paulo Miklos, Arnaldo Antunes, Ciro Pessoa e Branco Mello se reencontraram. Esse elemento corrobora em nos mostrar que o interesse dos “titãs” estava em frequentar ambientes que lhes proporcionasse sociabilidade cultural, não buscavam um meio que os profissionalizasse, mas sim que lhes promovessem contatos com multiplicidade artística, o que ocorria na casa de Aguilar, já que concentrava atuações performáticas, teatrais, musicais, artes plásticas, entre outras.

Outro ponto interessante é a presença de Branco Mello na Casa Azul, pois em nenhum momento é citada sua participação nas apresentações da Banda Performática, o que nos remete a pensar que ele buscava um local envolvido com o meio artístico, onde pudesse estabelecer relações de convivência, o que demonstra o quanto esse agente social buscava

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