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Por:   •  1/11/2013  •  Resenha  •  518 Palavras (3 Páginas)  •  335 Visualizações

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mo o estudante diz a Lulu. A vida pode ser vivida de qualquer maneira, não tem que ser obrigatoriamente da maneira determinada pela sociedade tradicional.

Claro que isso expressa muito mais debilidade organizativa do que viabilidade programática da parte do setor revolucionário do movimento. Esse vago aspecto libertário é marginal em relação ao peso e opacidade dos vícios da esquerda tradicional, mesmo aquela organizada em grupos revolucionários. Se o apelo dos revolucionários parece honesto e sedutor, prova-se também ao final precário e materialmente vago. Entretanto, o sindicalismo reformista, potencialmente oportunista e pelego, não fica muito atrás em incompetência.

Na verdade, os operários ignoram os dois grupos o quanto podem. A alienação é um sofrimento, mas é um sofrimento com o qual podem conviver e preferem se conformar. Já a luta emancipatória provoca choques e embates, interiores e exteriores, exige sacrifícios e escolhas, colocando ao indivíduo a tarefa de posicionar-se. E isso ninguém quer. O acidente com Lulu o obriga a tomar parte das mobilizações. Por meio de seu caso individual temos um exemplo dos passos e percalços que atravessam o avanço da consciência de classe. Todo esse episódio faz com que um operário adquira o conhecimento da força de sua mobilização individual e coletiva. Mas ao final, tudo volta ao normal, com um pequeno avanço, e o sonho de derrubar o muro da alienação plantado em mais consciências.

Por meio da greve e da mobilização coletiva os operários realizam o seu aprendizado político. Percebem o poder da ação coletiva, a importância do debate democrático, a sentimento da lealdade mútua, a necessidade de organização. Tomam o primeiro passo em direção à descoberta final, a mais radical de todas, que será a da inutilidade social da classe proprietária e da possibilidade e necessidade dos trabalhadores governarem suas próprias vidas, através da emancipação de seu trabalho da regra do capital.

Se o filme é um documento da situação particular da luta de classes na Itália de 1971, serve também como documento das dificuldades da esquerda em geral de fazer avançar seu programa histórico. A esquerda reformista e a revolucionária vão disputar o espaço na consciência dos trabalhadores e acabam por fazê-la avançar. Mas isso não será feito sem lutas e sem traumas. Os dois programas podem em determinado momento parecer passíveis de unificação por projetarem no limite um mesmo alvo, mas a sua marcha em direção a esse alvo não se dá sem contradições. A divisão fratricida da esquerda sempre impressiona, mas não mais do que o alheamento dos operários em relação ao discurso de ambos os grupos. Nem o agrupamento dos radicais nem o dos moderados conseguem inserção orgânica no seio dos trabalhadores. Permanecem sendo elementos estranhos, alienígenas.

A tarefa de levar a consciência de classe aos trabalhadores permanece sendo um dilema das organizações de esquerda, também aqui no nosso mundo real bastante distante do paraíso. Ao final, o filme parece terminar com uma nota otimista, pois demonstra que a consciência se produz na luta direta, fomentando a dialética entre os discursos da vanguarda organizada e os impulsos espontâneos dos trabalhadores. Aos trancos e barrancos, essa dialética avança. Não há soluções mágicas na construção de

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