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Violência E Poder Do Estado

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Por:   •  23/11/2013  •  1.927 Palavras (8 Páginas)  •  371 Visualizações

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As formulações de Clausewitz chamam a atenção por sua

definição sistemática, densa e complexa do fenômeno guerreiro e seu contingenciamento político, social e histórico. No seu dizer, o entendimento de cada guerra passaria pela compreensão de uma conjuntura específica, diferente de outras guerras: a “[...] guerra é um verdadeiro camaleão que sutilmente adapta suas características para o caso dado”(CLAUSEWITZ 1984)

A guerra é assim um ato de violência destinado a compelir nosso inimigo a fazer a nossa

vontade. A violência, para se opor à violência, se vale das invenções da arte e da ciência. Junto

à violência estão certas limitações auto-impostas, imperceptíveis, de pouca validade de

menção, conhecidas como a Lei e costume internacionais, mas que dificilmente diminuem sua

força. A violência – que é a violência física, já que a violência moral não existe, salvo como

expressa pelo Estado e pela Lei – é assim o meio da guerra, impor nossa vontade ao inimigo é

o fim.

Assegurar que o fim que temos é o de desarmar o inimigo; e que, teoricamente é o

verdadeiro objetivo da guerra. Isto toma o lugar do fim, descartando-se o entendimento de que

não é parte da própria guerra”.

Em suma, não há espaço para limitações da violência física na guerra fundadas na lei,

tampouco procede constatar uma violência moral de acordo com Clausewitz, haveria um máximo uso de violência, de nenhuma maneira incompatível com o intelecto. Um lado em luta, ao usar a iolência, é seguido pelo oponente que busca superá-lo. O outro oponente fará o mesmo. Tata-se da situação em que cada um impele o outro aos extremos. Dito de outra maneira, aguerra privilegiaria a confrontação e a aniquilação física; portanto, um uso da violência sem limites.

Contudo, tal definição se enquadra no que Clausewitz define como guerra absoluta,

uma “fantasia lógica”, um puro conceito de violência, um extremo caracterizado por um choque de forças operando livremente obedecendo a nenhuma lei a não ser suas próprias. Estando no campo dos extremos, a guerra absoluta pertence ao mundo abstrato, diferente do mundo real, e é, portanto, muito difícil de ser concretizada. Um exemplo da manifestação da guerra absoluta na realidade contemporânea seria o uso de armas atômicas ou nucleares. Tal episódio consistiria em uma manifestação extrema da violência, sem que a política apareça como elemento moderador de sua intensidade. Isso não significa que a política saia de cena na guerra absoluta.

Então, o que é a guerra real?

É aquela que contempla toda sorte de obstáculos colocados pela realidade durante o

desenrolar das hostilidades (situações múltiplas, inúmeros incidentes menores que não

poderiam ser previstos em um planejamento teórico da guerra ou na presunção da pura

disciplina dos soldados que cumprissem e executassem um plano de guerra e que seriam englobadas pelo conceito clausewitziano de fricção), além de toda a complexidade, acaso e probabilidades que envolve cada guerra entendida em sua particularidade histórica, social e política.

Na guerra real em geral, a tensão referente aos elementos em luta, durante o tempo

em que as hostilidades se desenrolam, tem a sua energia descarregada em choques menores, descontínuos. Ou seja, não se aproxima da feição de um choque único que envolve toda aenergia dos elementos em luta, própria da guerra absoluta (CLAUSEWITZ, 1984: 579) e a tndência ao extremo, por conta de sucessivos atos existentes no contexto real, é moderada CLAUSEWITZ, 1984: 79).

A trindade que caracterizaria a guerra real e completaria sua definição como fenômeno

total, comportaria três componentes que expressariam suas tendências dominantes. O primeiro componente englobaria uma violência original, uma hostilidade e uma animosidade, considerados como um impulso natural cego, todos ligados ao povo. Nesse contexto, as paixões que se manifestariam na guerra seriam inerentes ao povo. O segundo componente diria respeito ao jogo de probabilidades e do acaso que movem a livre alma criativa, que dependerá das características de seu comandante e de seu exército. Por fim, a subordinação da guerra à política e aos objetivos políticos, assunto de decisão exclusiva do governo de um

Estado (CLAUSEWITZ, 1984: 89). a guerra não é um mero ato de política , mas um

verdadeiro instrumento político, uma continuação das relações políticas por outros meios”, ou ainda, com “a mistura de outros meios” 4 (CLAUSEWITZ, 1984: 87 e 605, tradução nossa).Tal definição permite entender que a guerra pode ser comparada ao comércio e inserida nas relações sociais, já que “[...]é sobretudo parte da existência social do homem [...]”, “[...] um choque entre diferentes interesses maiores que é resolvido pelo derramamento de sangue –que é a única maneira em que ela difere dos outros conflitos”. Na mesma linha de argumento:

“Mais do que compará-la à arte, poderíamos mais acuradamente compará-la ao comércio, queé também um conflito de interesses e atividades humanas [...]” e “[...] é ainda mais próximoda política, que pode por sua vez ser considerada um tipo de comércio em uma escala maior”.

A política está presente somente na guerra real?

Não. A própria definição de guerra, ligada à forma absoluta, enunciada por Clausewitz no início de seu livro, já referida nesse texto, contem os elementos que confirmam isso: a subordinação do inimigo à nossa vontade, desarmar o inimigo são termos que podem ser entendidos à luz da política, de impor nossa vontade a outros como ato de poder. É o próprio Clausewitz quem também admite que a sua definição inicial de guerra aqui citada contempla esse elemento, embora isso fique um pouco encoberto com a lei dos extremos (CLAUSEWITZ, 1984: 80).

Afinal, o que vem a ser, por sua vez, a política conforme Clausewitz?

Ele não faz uma definição

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