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Vitorianos, Alemães E Um Francês.

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Por:   •  18/7/2014  •  1.550 Palavras (7 Páginas)  •  819 Visualizações

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Vitorianos, Alemães e um Francês.

O autor mostra neste capítulo contexto histórico social no qual nasceu e se desenvolveu a antropologia na Europa. Um período de grande crescimento demográfico e de migração da zona rural para os centros urbanos europeus, impulsionada pelo crescimento industrial.

A migração de milhões de europeus para Estados Unidos, Austrália, Argentina, África do Sul, Sibéria e outras partes do mundo foi possibilitada graças ao advento de do trem e das malhas ferroviárias, bem como do navio a vapor. Essa dispersão promoveu a difusão da cultura e das instituições europeias nas suas colônias, o que teve diversos efeitos.

Nesse contexto surge uma ciência internacionalizada, popularizando o pesquisador global – que tinha em Charles Darwin seu protótipo. Visto que “o antropólogo é um pesquisador global prototípico que depende de dados detalhados sobre as pessoas de todo mundo”(pág. 28).

O evolucionismo típico da antropologia do século XIX construía-se sob as bases do desenvolvimento do século XVIII, favorecido pela experiência do colonialismo e pela influência de Darwin e seu defensor mais célebre, Herbert Spencer, fundador do Darwinismo Social – filosofia social que exalta as virtudes da competição individual. Porém, a antropologia não derivou para uma pseudociência racista e apoiava o princípio da unidade psíquica da humanidade que afirma que os seres humanos nasciam em toda a parte com aproximadamente os mesmos potenciais, e as diferenças herdadas eram negligenciáveis.

Fascinado pelos índios desde a juventude, compreendeu que grande parte da complexidade da cultura nativa americana seria, em pouco tempo, destruída em decorrência do influxo de europeus, considerando como tarefa crucial documentar a cultura tradicional e a vida social desses nativos, atitude denominada de antropologia urgente. Este criou a primeira tipologia de sistemas de parentescos e introduziu uma distinção entre parentesco classificatório e descritivo usada ainda hoje. Para Morgan, o parentesco era principalmente uma porta de entrada para o estudo da evolução social.

Segundo Marx, a sociedade é constituída de infraestrutura e supraestrutura. A primeira compreende as condições para a existência – os recursos materiais e a divisão do trabalho; a segunda inclui todos os tipos de sistema ideacionais – religião, lei e ideologia. Em todas as sociedades a contradição que se constata entre as relações de produção e as forças de produção permeia toda infraestrutura. Quando avanços tecnológicos tornam relações de produção anteriores obsoletas surge o conflito de classes e as relações de produção ficam alteradas. Ele afirmou que o sistema capitalista seria substituído pelo socialismo (dirigido por uma ditadura do proletariado) e finalmente pelo comunismo sem classes (uma utopia em que tudo se torna posso de todos).

Bastian continuou a tradição alemã de pesquisar sobre a Volkskultur, inspirado por Herder, e criticou duramente os esquemas evolucionistas simplistas que começavam a se destacar na época, sendo o um crítico vigoroso e incisivo do evolucionismo. Sua visão era que todas as culturas têm uma origem comum, da qual se ramificaram em várias direções - visão mais tarde desenvolvida por Boas e seus alunos. Profundamente consciente das relações históricas entre culturas, ele antecipou um desdobramento que ocorreu mais tarde na antropologia alemã, especificamente, o difusionismo.

Entre os anos de 1840 e 1880 sociólogos e antropólogos levantaram todo um conjunto de novos problemas. Envolvidos num projeto de duas direções, os antropólogos, em parte, se ocuparam em esboçar grandes esquemas evolucionários; em parte, trataram de documentar a imensa amplitude sociocultural humana. Mas a grande maioria dos antropólogos coletava seus dados através de correspondência com administradores coloniais, colonizadores, oficiais, missionários, e outros "brancos" residentes em lugares exóticos. Dada a qualidade desigual desses dados e as imensas ambições teóricas dos autores, esses estudos estavam quase sempre repletos do tipo de especulação que Radcliffe-Brown mais tarde rejeitaria como história conjetural.

A importância do parentesco nessa fase da evolução da disciplina não pode ser exagerada. A terminologia do parentesco era um campo empírico limitado. Entretanto mapeá-lo e compreende-lo era uma experiência humilhante, devido a complexidade apresentada na medida em que se aproximava o olhar sobre esses sistemas estranhamente formais.

Os alemães seguiram Bastian e os linguistas comparativos que obtiveram o êxito de deslindar a história das línguas indo-europeias. A partir da elaboração de um programa de pesquisa para estudo da pré-história humana que imitava a difusão e o movimento das línguas de modo semelhante à forma como o evolucionismo imitava a biologia. O difusionismo, estuda a origem e disseminação de traços culturais e se tornou uma inovação efetivamente radical em torno da virada do século. O evolucionismo continuou sendo predominante nos Estados Unidos e na Inglaterra , com uma especialização cada vez maior, concentrando-se em subcampos específicos, como parentesco, religião, magia ou justiça.

Frazer acreditava num modelo de evolução cultural em três etapas ou estágios subsequentes: Mágico, Religioso e científico. Outro empreendimento britânico, menos conhecido fora da antropologia, a Expedição a Torres, organizada na Universidade de Cambridge em 1898, com destino ao Estreito de Torres, entre a Austrália e Nova Guiné, teve retrospectivamente repercussões mais amplas. A expedição foi planejada para coletar dados detalhados sobre a população tradicional das ilhas na área e incluía vários antropólogos.

Os difusionistas estudavam a distribuição geográfica e a migração de traços culturais e postulavam que culturas eram mosaicos de traços com várias origens e histórias. Não estando, portanto, as partes de cultura necessariamente ligadas a um todo maior. Em contraste, a maioria dos evolucionistas sustentava que as sociedades eram sistemas coerentes, funcionais, apesar de reconhecerem a existência de traços culturais isolados, não funcionais. Mas quando a perspectiva evolucionista sucumbiu, a ideia de sociedades como todos coerentes também ficou desacreditada (embora se mantivesse forte na sociologia e logo reapareceria com força renovada na antropologia social inglesa).

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