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DOCUMENTÁRIO E A CENSURA NA DITADURA MILITAR NO BRASIL

Por:   •  19/6/2017  •  Artigo  •  3.174 Palavras (13 Páginas)  •  334 Visualizações

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Prevenção de HIV/Aids no Carnaval: Uma análise sobre campanhas midiáticas e apropriações feitas por adolescentes e jovens em Natal/RN[1]

Marcelo Nogueira MORENO FILHO[2]

Erika Sarah Meira CAVALCANTI [3]

Juciano de Sousa LACERDA[4]

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise dos contratos de leitura (VERÒN, 2004) que são ofertados por campanhas televisivas de prevenção de HIV/Aids produzidas pelo Ministério da Saúde do Brasil, entre 1990 e 2015, de modo a verificar os tipos de pertinência (VERÒN, 2004) junto a adolescentes e jovens do bairro de Mãe Luiza (Natal/RN), relacionando-os com os lugares de interlocução (ARAÚJO; CARDOSO, 2007). O artigo busca, ainda, compreender os usos e apropriações feitos pelo público alvo da investigação, através de pesquisa exploratória e na realização de grupos focais proposta por Gaskell (2003). Este trabalho integra o projeto de pesquisa "Usos e apropriações das campanhas midiáticas de prevenção das DST/Aids entre adolescentes e jovens do bairro de Mãe Luiza, Natal-RN".

PALAVRAS-CHAVE: cidadania; grupo focal; HIV; juventude; propaganda;

INTRODUÇÃO

Tendo como eixo temático as apropriações e leituras feitas através do consumo de publicidade, inseridas no projeto de pesquisa “Usos e apropriações das campanhas midiáticas de prevenção das DST/Aids entre adolescentes e jovens do bairro de Mãe Luiza, Natal-RN”, este trabalho consistiu em mapear, descrever e contribuir na análise das campanhas publicitárias sobre prevenção da Aids veiculadas no período do carnaval, que circularam entre 1990 e 2015 na mídia televisiva, cujas temáticas, em seus “contratos de leitura”, tenha algum tipo de “pertinência” (VERÒN, 2004) com os adolescentes e jovens. O que será necessário para compreender os “lugares de interlocução” (ARAÚJO; CARDOSO, 2007) ofertados pela produção midiática para os adolescentes e jovens.

Tal objeto de análise se fundamenta na expressiva quantidade de adolescentes e jovens, entre 15 e 24 anos, que convivem com a Aids no Brasil. Dados do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde publicado em 2015, revelam que 5419 pessoas compreendidas nessa faixa etária conviviam com a doença em 2014 (BRASIL, 2015).  Daí a importância em se debruçar nas possibilidades criadas por esse público que não dispõe, comumente, de mecanismos para fazer-se ouvido e representado.

O estudo de caso com adolescentes e jovens de Mãe Luiza pode ser justificado pelo processo que já vem sendo realizado desde 2011 com a Ação Integrada “Fortalecimento de Redes de Ação Comunitária para Prevenção em DST/Aids” (2011-2014 – Ministério da Saúde), através da qual o orientador deste projeto de pesquisa e colaboradores já possuem uma vivência local de quatro anos, portanto, eliminando a necessidade de outro processo de imersão na realidade investigada.

Situado na Região Leste da cidade, o bairro nasceu de uma ocupação conhecida como "Morro do Bode". Passou a se chamar Mãe Luiza em homenagem a uma das primeiras moradoras do bairro, parteira e lavadeira que sempre ajudava outros moradores mais pobres ou recém-chegados. Criado legalmente em 1958, o bairro tinha uma população de cerca de 17 mil habitantes em 2007 (NATAL, 2009). No bairro estão localizadas duas unidades de saúde, Unidade Básica de Saúde de Aparecida onde atuam equipes de saúde da família, e a Unidade Mista de Mãe Luiza, com atendimento ambulatorial; cinco escolas públicas; 14 organizações comunitárias e dois espaços de atividades desportivas. A Escola Estadual Dinarte Mariz é a única do bairro com adolescentes e jovens na faixa etária entre 12 e 24 anos, com cerca de 300 alunos (as) matriculados (as). São alunos desta escola que foram convidados a participar do processo de seleção qualitativa para as entrevistas em grupo (GASKELL, 2003), com a devida assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido.

METODOLOGIA

Para desenvolver a coleta de dados da pesquisa, desenvolvemos estratégias de entrevista qualitativa com um grupo de respondentes (grupo focal) proposta por Gaskell (2003), a partir de tópico guia desenvolvido a partir da problemática da pesquisa e uso de materiais de estímulo com base na coleta material audiovisual e imagens das campanhas de prevenção HIV/Aids veiculadas no período de carnaval, selecionadas no conjunto de VTs exibidos entre 1990 e 2015, cuja temática em seus “contratos de leitura” tenha algum tipo de “pertinência” (VERÒN, 2004) com os adolescentes e jovens.

O período do carnaval foi escolhido por concentrar, do ponto de vista midiático, um período intensamente explorado pelo Ministério da Saúde em termos de planejamento de mídia. Antes da apresentação ao grupo focal, com base na problemática o material audiovisual foi analisado a partir da proposta de análise de imagens em movimento (ROSE, 2003). Tal metodologia permite uma descrição detalhada de cada peça publicitária, onde foram estabelecidas duas dimensões, uma visual e outra verbal, além de adaptá-la com o acréscimo de uma dimensão sonora, uma vez que são “aspectos importantes para contextualizar, situar as ambiências e dar verossimilhança aos spots publicitários” (LACERDA; ROCHA; CASTANHA, 2015).

Para a realização da pesquisa exploratória através dos grupos focais, ancorado em Gaskell (2003), tivemos como base um método de orientações para moderação, que divide a experiência em momentos que seriam: apresentação do grupo, leitura do contrato de convivência e assinatura da TCLE, início da discussão do grupo focal, o exercício do manejador (condutor da entrevista), continuidade da discussão e a finalização da sessão.

Cabe destacar a relação entre aspectos teóricos que ajudaram na fundamentação metodológica da pesquisa exploratória. A teoria da receptividade, proposta por Hall (2003), pontua que a mensagem pode ser recebida de diferentes formas, inclusive esta recepção pode ser “alterada” de acordo com o contexto social em que cada receptor estiver inserido.  Assim posto, é possível associarmos com o conceito de "lugares de interlocução", o que corresponde ao “lugar que cada interlocutor ocupa no momento mesmo da comunicação” (ARAÚJO; CARDOSO, 2007), ou seja, em quais posições no discurso se encontram o enunciador e receptor das mensagens.

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