Fego camargo

FÊGO CAMARGO

No dia 16 de março de 1888, nascia na cidade de Taubaté um garoto chamado Segesfredo Camargo, o qual anos mais tarde, ficaria conhecido como o grande violinista Fêgo Camargo.

O músico dedicou toda sua vida a musica e as artes. A vocação do menino começou no seio da família, onde pode desenvolver seus dotes artísticos. Francisco Camargo o seu pai, era mais conhecido como Chiquinho Camargo foi maestro e diretor musical da Corporação João do Carmo. Seus irmãos: Arthur, Pedrinho e Waldomiro também eram músicos e acompanhavam sempre Fêgo Camargo.

Como violinista, um compositor e professor consagrado, Fêgo Camargo fazia parte de um dos grupos de musicistas, que ao longo dos anos abrilhantou a vida cultural taubateana. Segundo Oswaldo Guisard Filho, quem pretendesse ouvir boa música, bastaria ir a uma das sessões de cinema em Taubaté e apreciar as musicas interpretada por Fêgo Camargo, disse Oswaldo referindo – se ao grande amigo.

Na década de 20, os saraus realizados em casarões eram comuns e contavam com a presença das pessoas mais importantes da cidade, e dos principais artistas e intelectuais da cidade e regiões próximas. Fêgo Camargo era um dos maestros mais requisitados para esses saraus e eventos, onde sempre mobilizava a grande elite taubateana.

Era um grande artista, não apenas um violinista, mas um grande compositor. Dono de uma alegria contagiante e um talento inegável, o músico regia uma orquestra que contava com seu violino, um baixo, uma flauta, uma bateria e um piano.

Semanalmente, o conjunto do maestro dava vida aos filmes estrelados por Rodolfo Valentino que arrancava suspiros das moças do mundo inteiro, até o dia em que o pianista do grupo, um carioca chamado Reinaldo, contraiu tuberculose e se mudou para Campos do Jordão a fim de iniciar um tratamento. Os músicos ficaram totalmente atrapalhados, porque o piano era o principal instrumento da orquestra. Eles precisavam de um novo músico da noite para o dia, mas Fêgo não encontrava ninguém que estivesse à altura do pianista carioca.

Foi em uma visita ao Brasil em 1915, que o maestro italiano, Mascagni conheceu Fêgo Camargo e seu trabalho, a partir desse encontro o maestro italiano não teve duvidas e convidou-o para ingressar em sua orquestra como o primeiro violinista, realizando o sonho dos jovens violinistas com talento, que buscavam fazer parte da orquestra do magnífico Mascagni.

Após varias turnês pelos estados brasileiros, Fêgo Camargo volta para Taubaté e passa a lecionar música na Escola normal Livre de Taubaté. Foi nesta mesma escola que organizou e dirigiu o grande Orfeu, coral que recebeu muitos elogios do maestro e compositor Villa Lobos, quando este visitou Taubaté em 1931.

Para atender aos chamados das pessoas, que estavam interessadas em ter aulas com o mestre Fêgo Camargo, passou a anunciar nas rádios locais suas aulas de violinos, que iam do meio-dia a uma hora no Odeon Cinema Teatro da Praça do Convento, tudo isso para agradar os seus fãs.

Estava sempre disposto a ajudar o próximo, por isso era requisitado para tocar nos recitais beneficentes, promovidos sempre pelas senhoras da sociedade e também para participar das serenatas organizadas pelos jovens da cidade.

Foi um dos fundadores do Ginásio do Estado hoje (Colégio Monteiro Lobato), onde lecionou música, dirigiu corais e grupos musicais, contribuiu com sua arte, dedicação e talento, para o prestígio da escola, deixando gratas recordações entre seus ex-alunos e contemporâneos. Também nesta escola, organizou e dirigiu Orfeu, considerado um dos melhores de nosso hinterland.

Inspirado compositor de músicas populares e semi-eruditas, Fêgo Camargo compôs inúmeras valsas, chorinhos, hinos, e até mesmo músicas carnavalescas, o curioso é que ele tinha o habito de batizar suas composições com o nome de mulheres, como Zilda, Nair, Olga, Maria e até o da sua filha Hebe. Um dos sucessos de carnaval do maestro foi criado em parceria do jornalista Gentil Camargo, a qual se chamava Taubaté tem visgo, sucesso no carnaval de 1927 além do hino a Santa Teresinha, o qual é executado até hoje.

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