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A INDIGNAÇÃO ABESTALHADA

Por:   •  4/5/2020  •  Ensaio  •  1.042 Palavras (5 Páginas)  •  123 Visualizações

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INDIGNAÇÃO ABESTALHADA

Hoje, 26 de março de 2020 recebi em um dos grupos que participo a seguinte “figurinha”

[pic 1]

Por opção não vou adentrar na questão que envolve a rede de televisão, porque não é o foco nesse momento, mas sim o conteúdo ideológico transmitido pela mensagem.

Para mim, uma clara alusão de apoio á catastrófica falta de visão que vem se disseminando no país, nos últimos dois dias, lideradas por quem não demonstra competência nem pra liderar uma bateria de “polichinelo” numa academia militar. Porém, para não parecer implicante, polarizador ou simplesmente ‘do contra”, busquei investigar, fuçar, pesquisar o que poderia estar por trás (no sentido de sustentar ideologicamente) tamanho disparate e falta de senso. E não é que encontrei? Não sou biólogo, por isso peço desculpas aos profissionais da area se cometer alguma imprecisão na utilização de conceitos mais técnicos. No caso em questão, estamos falando da “imunidade de rebanho”, ou seja, quando se tem um fator patogênico, tipo um vírus, é uma prática utilizada isolar parte dos membros do grupo, e permitir que o virus seja disseminado nessa parte isolada do grupo (o rebanho). Pela nautreza do vírus, uma vez infectado o próprio organismo se encarregaria de produzir os anticorpos, e aumentando gradativamente o numero de pessoas não mais suscetíveis de contaminação, e isso faria com que os contágios diminuíssem gradativamente por falta de hospedeiros. Nesse caso, a estratégia, então, seria proteger apenas a parte do rebanho mais sensível ao vírus, aqueles dos grupos de risco. Na visão rasteira e torpe do governo federal, essa seria a estratégia ideal, pois isolaríamos os idosos, as gestantes e os doentes do grupo de risco, e os demais manteriamos expostos, pois os sintomas não passariam de uma gripezinha ou um resfriadinho, sobretudo se você tiver “histórico de atleta”, e com isso, a economia (sempre a economia) não seria tão abalada.

Não parece uma ideia interessante? Tão interessante que o presidente norte americano Donald Trump e  primeiro-ministro britânico Boris Johnson (1ª e a 5ª maiores economias do mundo respectivamente) até por volta de 16 de março tinham como estratégia de enfrentamento da pandemia simplesmente cruzar os braços enquanto seus cidadãos (exceto os idosos e demais grupos de risco a quem foi imposto isolamento social) eram contaminados pelo Covid-19. Quanto mais infectados, mais pessoas resistentes, até a derrota do vírus por falta de hospedeiros (pessoas para infectar), e tudo isso sem estardalhaços na economia.

 Não posso dizer com certeza do povo britânico, porque não tenho dados mais precisos, mas, quanto ao norte-americano, vai pagar caro por esse erro estratégico de governo. As previsões mais recentes já projetam os EUA como novo epicentro da Pandemia do Covid-19.

Mas porque ambos os governos desistiram dessa estratégia (imunidade de rebanho)? Porque ela notadamente não funcionaria no caso do Covid-19. Agora os biólogos me ajudam...

Para que a imunidade de rebanho seja eficiente, alguns elementos são fundamentais:

-Disseminação controlada, ou seja, é necessario que se tenha controle sobre o rebanho infectado e principalmente sobre a taxa de disseminação do vírus que é o resultado da relação entre entre o número de reprodução básico (R0) e o número de infecção efetivo (R), bem como dos efeitos da contaminação. No caso do Covid-19, esse controle é ainda inexistente dado a presença de alguns fatores:

-Falta de uma vacina: Na imunidade de rebanho, geralmente o contágio se dá pela aplicação da vacina, mas tem vacina para Covid-19, logo, a contaminação não teria qualquer forma de controle, ou seja, não seria minimamente razoável deixar toda a população se contaminar até que todos se tornassem imunes. No reino unido, especialistas calcularam que seriam necessárias 36milhoes de pessoas infectadas para se atingir a imunidade de rebanho, também chamada de imunidade de grupo. Mas isso  significaria, dezenas ou mcentenas de milhares de mortes até a imunidade.

-Desconhecimento dos efeitos patogênicos, isto é, o Covid-19 é um agente patogêncio pouco conhecido ainda, de modo que pode ser bastante arriscado permitir sua disseminação livre. A taxa de letalidade do Covid-19 é considerada baixa, se comparada a outros vírus. A OMS tem adotado  o indice de 3,4% de letalidade, apesar desse indice ocilar bastante em realidades distintas, por exemplo, entre 0,5% na Alemanha e 10% na Itália. A disseminação livre nos levaria a considerar, por exemplo, que 3% de 100 pessoas são apenas 3 pessoas, mas de 1000 seriam 30 pessoas, 10000 seriam 300 pessoas, para 100000 seriam 3000 e assim sucessivamente. Somos aproximadamente 210.000.000 (duzentos e dez milhoes) de pessoas, e nesse cálculo simplista e subestimado (porque nós efetivamente demoramos muito tempo para tomarmos as primeiras medidas de impacto no processo de prevenção do contágio) teríamos mais de 600.000 (seiscentas mil) mortes, o equivalente à totalidade da população do estado  de Roraima. Isso se considerarmos a média de letalidade “proposta” pela OMS (3,4%), ao qual podemos considerar tranquilamente como pouco provável para o Brasil. Para nós, dadas as condições do SUS e dos Sistemas Privados de Saúde em geral, a letalidade poderá atingir indices bem mais elevados, próximo aos 10% da Itália. Não é minimamente razoável para um governo ignorar esses números.

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