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A ONTOLOGIA DO SER SOCIAL E A NECESSIDADE DA EMANCIPAÇÃO HUMANA

Por:   •  15/9/2022  •  Artigo  •  4.052 Palavras (17 Páginas)  •  146 Visualizações

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A ONTOLOGIA DO SER SOCIAL E A NECESSIDADE DA EMANCIPAÇÃO HUMANA

THE ONTOLOGY OF SOCIAL BEING AND THE NEED OF HUMAN EMANCIPATION

André Luis Augusto Bonacini*

RESUMO: O presente ensaio busca analisar a centralidade do conceito do trabalho na vida humana, enquanto atividade responsável pela constituição do ser social. Investigaremos de que maneira o advento do trabalho estranhado retira a possibilidade de emancipação dos trabalhadores, e sua completa humanização. Partiremos da hipótese de uma perspectiva positiva em relação ao conceito de trabalho no pensamento de Marx subordinada a construção de um novo modo de produção onde a exploração do homem pelo homem seja suprimida.

Palavras-chave: Trabalho. Ontologia. Emancipação Humana.

ABSTRACT: This article seeks to analyze the centrality of the concept of work in human life, while activity responsible for the formation of social man. We investigate how the advent of labor estranged removes the possibility of emancipation of the workers, and their full humanization. We start from the assumption of a positive outlook on the concept of work in Marx’s thought subordinate the construction of a new mode of production in which the exploitation of man by man is abolished.

Keywords: Work. Ontology. Human Emancipation.

INTRODUÇÃO

O presente artigo consiste em uma discussão inicial acerca da centralidade da categoria de trabalho dentro da perspectiva marxista, partindo da gênese do conceito. A investigação proposta busca elementos para elucidar um velho problema dentro do debate do materialismo histórico-dialético: há uma positividade do trabalho na perspectiva de Marx? A emancipação humana, e portanto, a emancipação do trabalho será concomitante a sua destruição?

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* Mestrando em Serviço Social pela Universidade Estadual Paulista Júlio De Mesquita Filho Campus de Franca. Graduado em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista Júlio De Mesquita Filho;, Campus de Marília.

Para desvelar essa problemática, partiremos da definição de trabalho, e da própria constituição do ser social para determinarmos como a relação capital/trabalho dentro da ordem do capital é destrutiva, especialmente a classe trabalhadora. Neste sentido, a luta pela emancipação humana aparece enquanto condição necessária para a realização humana em seu caráter genérico. Por fim, analisaremos a proposta de superação das contradições geradas pelo trabalho estranhado, e por conseguinte, a positividade que o conceito de trabalho deve adquirir com a transformação das relações dentro de um modo de produção que não esteja baseado na exploração do homem pelo homem.

  1. O TRABALHO E A TRANSFORMAÇÃO DA NATUREZA

O desenvolvimento da técnica, aliado a transformação da natureza fez do ser humano um animal superior qualitativamente. Não se trata, entretanto, de um mero juízo de valor. As implicações da relação homem e natureza introjetaram em sua espécie determinações distintas das demais. Diferentemente dos outros animais, o homem têm para o trabalho um objeto de própria vontade, e uma relação consciente com o mesmo.

O homem produz universalmente sempre o novo para todo o gênero, ou seja, o objeto do seu trabalho é a própria objetivação da existência genérica do homem (MARX, 2004). Por conseguinte, a atividade vital humana (seu caráter genérico) distinguisse radicalmente dos demais animais por sua ativadade consciente para com o mundo, e, sobretudo, dotada de liberdade (MARX, 2004). Sobre isso, Marx aponta:

O animal é imediatamente um com a sua atividade vital. Não se distingue dela. É ela. O homem faz da sua atividade vital mesma um objeto da sua vontade e consciência. Ele tem atividade vital consciente. Esta não é uma determinidade com a qual ele coincide imediatamente. A atividade vital consciente distingue o homem imediatamente da atividade vital animal. (MARX, K. 2004, p.84)

Enquanto as demais espécies se apropriam da natureza como forma de subsistência, isto é, um fim em si mesmo, os seres humanos se apropriam desta enquanto meio, condição necessária de sua existência. Não se trata porém de desqualificar a produção do animal, conforma aponta Marx:

É verdade que também o animal produz. Constroí para si um ninho, habitações, como a abelha, castor, formiga etc. No entanto, produz apenas aquilo que necessita imediatamente para si ou sua cria; produz unilateral[mente], enquanto o homem produz universal[mente]; o animal produz apenas sob o domínio da carência física imediata, enquanto o homem produz mesmo livre da carência física, e só produz, primeira e verdadeiramente na [sua] liberdade [com relação] a ela; o animal só produz a si mesmo, enquanto o homem reproduz a natureza inteira. (MARX, K. 2004, p.85)

Por conseguinte, embora haja atividade produtiva em distintas espécies, essa não se caracteriza enquanto trabalho, pois não ocorre a objetivação de tais espécies. A natureza se apresenta para o homem como seu próprio corpo inorgânico, isto é, o homem vive da natureza, e a partir desta que o homem se desenvolve e se humaniza, a natureza é sua extensão (MARX, 2004). Marx afirma:

O trabalhador nada pode criar sem a natureza, sem o mundo exterior sensível (sinnlich). Ela é a matería na qual o seu trabalho se efetiva, na qual [o trabalho] é ativo, [e] a partir da qual e por meio da qual [o trabalho] produz. . (MARX, K. 2004. P.81)

As mediações entre a relação do homem com a natureza ocorre dentro do processo do trabalho. Afirma Marx em O Capital:

O processo de trabalho, como o apresentamos em seus elementos simples e abstratos, é atividade orientada a um fim para produzir valores de uso,apropriação do natural para satisfazer as necessidades humanas,condição universal do metabolismo entre o homem e a Natureza, condição natural eterna da vida humana e,

portanto, independente de qualquer forma dessa vida, sendo antes igualmente comum a todas as suas formas sociais.(MARX,K. 1985. Tomo I. , p.153, grifo nosso)

O trabalho adquire em nosso autor o papel de atividade fundante da humanidade, elemento constitutivo do ser social. Por ser ele o responsável pela produção de riqueza social (e pela criação de meios necessários para a sobrevivência) o trabalho se caracteriza como condição sine qua non para que o homem satisfaça suas necessidades. Contudo, é preciso observar que a transformação da natureza ocorre sempre no interior de uma determinada organização social (modo de produção), e por conseguinte, ela é determinada política e socialmente dentro de um determinado contexto social (MARX, 2004).

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