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A Opinião De Hannah Arrent

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Por:   •  2/6/2014  •  758 Palavras (4 Páginas)  •  246 Visualizações

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A opinião de Hannah Arendt a respeito da distinção tradicional entre verdade e política não implica aceitar um suposto caráter indiscutível da verdade nem o cunho irracional ou não-argumentativo da opinião. Os meios de pensamento e de comunicação que tratam com a verdade, “quando vistos da perspectiva da política”, eles não levam em consideração as opiniões das outras pessoas, e leva-las em consideração é típico de todo pensamento estritamente político. Do ponto de vista político, a opinião não é simplesmente uma expressão marcada pelo seu grau intermediário entre a verdade e a ignorância.

A autora explica que o desaparecimento da linha divisória entre a verdade factual e a opinião é uma das inúmeras formas que o ato de mentir pode assumir diferentes formas de ação. O mentiroso é um homem de ação, a medida que o que fala a verdade, quer ele diga a verdade fatual ou racional, notoriamente não é. Se o que fala é a verdade e ele quiser desempenhar um papel político e persuasivo, o mais das vezes terá que entrar em digressões consideráveis para explicar por qual motivo sua verdade particular atende aos melhores interesses do grupo. Já o mentiroso não necessita de uma acomodação confusa semelhante para aparecer no palco político, ele tem a grande vantagem de estar sempre em meio a ele. O mentiroso ele diz o que não é por desejar que as coisas sejam diferentes daquilo que são – isto é, ele quer transformar o mundo.

Por fim, o que é mais perturbador, se as mentiras políticas modernas são tão grandes que requerem um rearranjo completo de toda a trama fatual, a criação de outra realidade, por assim dizer, na qual elas se encaixem sem remendos, falhas ou rachaduras, exatamente como os fatos se encaixavam em seu próprio contexto original, o que impede essas novas estórias, imagens e “supostos” fatos de se tornarem um substituto adequado para a realidade?

Sob o sistema atual de comunicação mundial, cobrindo um vasto número de nações independentes, não existe em parte alguma uma potência próxima de ser grande o bastante para tornar sua imagem “irrefutável”. As imagens têm, pois, uma probabilidade de vida relativamente curta; é de crer que sejam desacreditadas não apenas quando a fraude for derrubada e a realidade reaparecer em público, mas antes mesmo que isso aconteça, pois constantemente fragmentos dos fatos perturbam e desengrenam a guerra de propaganda entre imagens conflitantes. Como todas as coisas que ocorreram efetivamente no ambiente dos assuntos humanos poderiam ter sido igualmente de outro modo, as possibilidades da mentira são ilimitadas, e é isso a causa de sua derrocada.

No ensaio Verdade e Política, Arendt discute não apenas os dilemas políticos implicados na tradicional subsunção da opinião política a critérios extra políticos para a aferição de sua verdade, pois analisa, também, as desastrosas implicações políticas da redução da “verdade factual” à “opinião” e as consequências de sua destruição pela “mentira” política.

Não se trata de afirmar que a mentira e a manipulação constituam a própria essência do discurso político, mas sim de reconhecer a impossibilidade de extirpá-las desse domínio, extingui-lo. O que é preciso impedir é que a mentira e a manipulação possam converter-se nos elementos centrais do discurso político, de sorte que a luz do espaço

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