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A Palavra (Pressupostos Sobre O Significado)

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Por:   •  16/2/2014  •  2.976 Palavras (12 Páginas)  •  692 Visualizações

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A Palavra (Pressupostos sobre o significado)

(Fátima Pessoa)

PRESSUPOSTOS SOBRE O SIGNIFICADO

(A Palavra)

A filosofia da linguagem não se ocupa especificamente do que significam palavras, enunciados ou frase individuais, qualquer dicionário, enciclopédia ou busca no site do Google podem resolver o problema do significado das palavras. O que parece que os filósofos da linguagem buscam é “O que significa para uma frase ou frase significa alguma coisa?”; “Por que as expressões têm os significados que têm?”; “Como uma expressão pode ter o mesmo significado de outra?”. E, principalmente: “Qual o significado de “significado”?

A filosofia como paixão pelo saber, mais do que uma disciplina, torna-se um eterno questionar do homem sobre si mesmo. Nesse aspecto, não são de surpreender reflexões que versem, principalmente, sobre a linguagem; como as linguagens se relacionam com a realidade, a natureza do significado, como a comunicação é possível, o que é a verdade, o que é a necessidade lógica e como a linguagem se relaciona com a mente.

Será trabalhado neste ensaio este problema central da filosofia da linguagem, uma tentativa de compreender o que é para palavras e expressões tornarem-se portadores de “Significados”, ou seja, discussão sobre as possibilidades da linguagem em dizer ou não algo do mundo.

O humano para lidar com o mundo físico, que lhe é inacessível em muitos aspectos, criou dois tipos de mediadores: os instrumentos, que potencializam a ação humana diante do meio em que vive, e os símbolos, que são também instrumentos para o humano, pois potencializam a função mental. Dessa maneira, através de símbolos ou signos, o humano consegue colocar um estádio de futebol na cabeça. Os símbolos agem por representação, ou seja, trocam uma coisa por outra; trocam um objeto físico por um objeto mental. Para se referir ao estádio de futebol, usamos o símbolo correspondente que pode tanto ser uma palavra, um texto ou uma figura. Para cada situação diferente no mundo, usamos uma simbologia diferente. Uma cruz simboliza religião, uma suástica simboliza o nazismo, quatro círculos supostos simbolizam o Audi, etc.

Há grandes vantagens nessa abordagem com o mundo físico. Potencializamos, por exemplo, a memória, não é preciso lembrar-se de tudo, podendo anotar tarefas numa agenda ou deixar nossos pensamentos guardados num livro.

Também podemos lidar com coisas que não existem imediatamente na nossa frente como se lidássemos com o inexistente. Sem as palavras só conseguiríamos nos comunicar apontando o dedo para as coisas que estão em nossa frente. Como poderíamos nos comunicar se tivéssemos que apontar com o dedo para o que queremos falar? “A frase: Vou para a biblioteca da UFPB” seria uma tarefa impossível. Seria necessário apontar o dedo para o prédio da Biblioteca que deveria estar necessariamente presente em nossa frente. Daí as vantagens de usarmos símbolos no lugar de coisas grandes e pesadas do mundo físico ou diálogos com ensinamentos filosóficos, a exemplo da história grega em que apesar de Sócrates nunca tivesse escrito nada –Platão que escreveu, elogiou Sócrates por isso. A conversa e a linguagem falada seriam, depois, eternizadas nos Diálogos Platônicos, e prova que estas seriam ótimos modos de nos comportamos no exercício intelectual. Os filósofos, especialmente os especialistas na Filosofia da Linguagem, se perguntam qual a capacidade de dizer o que é dito; “o problema do significado” da filosofia da linguagem, nomeadamente compreender o que é para palavras e expressões, tornarem-se portadores de “significados” – ou seja, discussão sobre as possibilidades da linguagem em dizer ou não algo do mundo.

Gottlob Frege (1848-1925) desenvolveu questões que envolviam matemática e aritmética ou, talvez, filosofia da matemática. Todavia, suas investigações adentraram para o campo semântico de uma maneira abrangente e, ao serem criticadas por Bertrand Russell (1872-1970) e, depois, aproveitadas e criticadas novamente por Wittgenstein, preencheram os capítulos básicos da filosofia analítica. O caminho destas investigações, fez com que a lógica de Frege, parecesse que se desenvolvia sem que ele tivesse uma intencional preocupação –ao menos inicialmente – com problemas filosóficos em um sentido amplo. A maneira de retomar a tradicional discussão metafísica a respeito do que é – iniciou filosoficamente os estudos semânticos; para muitos, Frege foi para a Filosofia analítica, o fundador dessa corrente.

As questões sobre “o significado”, diziam os estudos de Frege, são questões sobre a lógica ou que podem ser solucionadas a partir da lógica. Os argumentos filosóficos sobre qualquer assunto (da teoria do conhecimento à metafísica, passeando pela ética, educação, política e estética) seriam satisfatórios na exata medida da qualidade de suas estruturas lógicas. De uma maneira que ampliando os princípios básicos da lógica seria possível obter noções fundamentais da aritmética- ou seja, a solidez da aritmética seria testada e aprovada a partir de considerações puramente lógica. Assim, por exemplo, a definição de número nada mais seria que uma derivação do princípio de identidade da lógica; isto é, a=a. Toda a

aritmética poderia ser ‘reduzida’ à lógica. A Teoria do Significado baseado na referência ou a teoria referencial do Significado tem problemas. O que Frege identifica diz respeito ao valor cognitivo dos enunciados, ou das expressões, essa questão do valor cognitivo das expressões pode se resumir nos exemplos que Frege citou e que a teoria referencial do significado não dá conta.

Se tivermos a expressão “o pico do Jabre é o pico do Jabre” temos uma tautologia, ou uma identidade, o valor cognitivo dessa expressão é zero, ela não informa nada, ela não propicia nenhuma cognição, mas a expressão “o pico do Jabre é o lugar mais alto da Paraíba”, resulta em um valor cognitivo, bem delineado, determinado, nesta expressão há a informação geográfica, há um valor cognitivo, fica-se informado de alguma coisa. Mesmo que no primeiro enunciado tenhamos o mesmo significado do primeiro, pela Teoria Referencial- a referência continua sendo o pico do Jabre, ou seja, a referência ao falarmos do pico do Jabre remete ao ponto mais alto da Paraíba, mas o ponto mais alto da Paraíba é o pico do Jabre. Então, em termos de referência, em termos de significação, não saímos do mesmo campo. O que ocorre é que temos frases com valores cognitivos completamente diferentes e a mesma referência. Ora, como isso

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