A diferença entre o Sócrates como um personagem literário e como uma figura histórica

A diferença entre o Sócrates como um personagem literário e como uma figura histórica

 Resposta:

        Como Sócrates, não deixou nenhuma obra escrita, tudo o que sabemos a seu respeito e sobre seus pensamentos vieram através de testemunhos indiretos, foram escritos por seus discípulos e por  seus adversários, o que  torna difícil encontrar o Sócrates histórico.

        Xenofonte era um de seus discípulos, apesar de ter sido historiador, era amigo e admirador de Sócrates, considerava seu mestre um homem justo, sábio, honesto, prudente, que havia sido condenado injustamente, portanto, o que Xenofonte escreve é em sua defesa, excluiu tudo que pudesse desaboná-lo, não podemos, portanto, considerar seus escritos como fatos históricos e sim um personagem literário.

        O mesmo ocorre nos escritos de Platão. Platão não era historiador, mas compreendia o pensamento de Sócrates bem melhor que Xenofonte, ele transmite seus ensinamentos de forma mais completa, pois viveu mais próximo de seu mestre. (PINHEIRO)

        Platão o torna personagem principal da maioria de seus diálogos. Ele cria um Sócrates idealizado e apresenta uma visão mais amadurecida do filósofo, porém a dificuldade aqui é saber quanto é de Sócrates e quanto é de Platão em seus diálogos.

        Aristófanes, um comediógrafo da época, era um de seus opositores, ele traça um retrato pouco favorável de Sócrates, uma imagem caricaturada e satírica em suas comédias. É descrito como um excêntrico, que falava de modo  ininteligível e que vivia com a  cabeça nas nuvens.

        Diante dessas perspectivas tão diferentes que foram construídas ao longo do tempo, não temos como saber exatamente como foi a sua figura, nem sua personalidade e também não temos muita certeza a respeito do seu pensamento.

        O mais coerente, face aos registros que temos, é tomar Sócrates como um personagem literário, porém não podemos deixar de considerar que as ideias atribuídas a ele são um legado a toda humanidade.

Referência:

PINHEIRO, Ana Elias; O Sócrates de Xenofonte; disponível em:

http://www.uc.pt/fluc/eclassicos/publicacoes/ficheiros/humanitas60/08_Pinheiro.pdf - Acessado em 06/09/2014.

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