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Behaviorismo

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Por:   •  1/3/2015  •  3.495 Palavras (14 Páginas)  •  1.290 Visualizações

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O Behaviorismo, que tem como seu principal teórico Skinner, é uma das abordagens da Psicologia. Os conceitos do Behaviorismo são muito utilizados em nosso cotidiano, quer nas relações sociais, nas organizações ou na educação.

Atenção

O termo Behaviorismo foi inaugurado por John Broadus Watson (1878-1958) em seu artigo intitulado “Psicologia: como os behavioristas a veem”. Behavior é termo do idioma inglês, que traduzido para a Língua Portuguesa significa comportamento. Assim sendo, no Brasil, outras denominações do Behaviorismo são: Comportamentalismo, Teoria Comportamental, Análise Experimental do Comportamento, Análise do Comportamento e Psicologia Experimental: embora o termo Behaviorismo seja o mais utilizado (BOCK, FURTADO e TEIXEIRA, 2005).

Ao tratar de Behaviorismo, dois pensadores merecem destaque: Watson e Skinner. O primeiro, Watson, é considerado o porta-voz da abordagem Behaviorista. Já Skinner é considerado o principal autor dessa abordagem. A distinção do pensamento desses dois estudiosos se assemelha a distinção da abordagem entre o chamado Behavorismo Metodológico e o Behaviorismo Radical, sobre as quais trataremos adiante.

Antes de abordamos a distinção entre Behaviorismo Metodológico e Behaviorismo Radical, é importante compreendermos um pouco mais dos propósitos dessa escola da psicologia.

O Behaviorismo surge na tentativa de conferir à Psicologia status de ciência, postulando para a mesma um objeto de estudo “observável, mensurável, cujos experimentos poderiam ser reproduzidos em diferentes condições e sujeitos” (BOCK, FURTADO e TEXEIRA, 2005, p. 45). Tal tentativa se dá como reação à abordagem mentalista que vigorava na época, a qual estudava o homem com base em estados e eventos mentais, utilizando especialmente a introspecção como método de análise.

Skinner define o Behaviorismo como uma filosofia e não como uma ciência:

O Behaviorismo não é a ciência do comportamento humano, mas, sim, a filosofia dessa ciência. Algumas das questões que ele (o Behaviorismo) propõe são: É possível tal ciência? Pode ela explicar cada aspecto do comportamento humano? Que métodos pode empregar? São suas leis tão válidas quanto as da Física e da Biologia? Proporcionará ela uma tecnologia e, em caso positivo, que papel desempenhará nos assuntos humanos?...” (SKINNER, 1982, p. 7).

A posição de Skinner ao definir o Behaviorismo como uma filosofia da ciência e não como uma ciência é importante à medida que evidência os questionamentos que a abordagem faz, bem como que a busca pelo conhecimento acerca do comportamento humano, não como algo pronto e acabado, mas um conhecimento em transformação.

Material Teórico

Para compreendermos mais desse questionamento e da evolução dessa filosofia da ciência, vale agora retomarmos a diferenciação entre Behaviorismo Metodológico e Behaviorismo Radical.

Behaviorismo Metodológico

Como já dito, Watson foi o porta-voz do Behaviorismo, rogando ao comportamento a posição de objeto de estudo da Psicologia e reagindo à abordagem mentalista que vigorava na época, mas o que isso quer dizer mais especificamente?

Inicialmente, vamos analisar afirmação de Staats:

“... antes do aparecimento do Behaviorismo, o método fundamental para a Psicologia era o da introspecção. Por algum tempo os psicólogos pensaram que a tarefa da psicologia era investigar os conteúdos, a estrutura e o funcionamento da mente, realizando o sujeito um auto-exame e relatando a sua experiência (...) o comportamento animal era igualmente interpretado adotando-se o conceito de consciência humana.” (STAATS, 1980, p. 97).

A teoria Behaviorista surge numa época em que as investigações na área da Psicologia eram feitas por meio da introspecção, porém, os Behavioristas Metodológicos acreditavam que o auto-exame não era método suficiente para conferir à Psicologia o caráter de ciência. Então, propõem que a Psicologia deve se ater apenas ao mundo objetivo, ao mundo real. Ou seja, a ciência Psicologia deveria estudar o mundo fora do sujeito. Watson, assim como os behavioristas da época, não ignorava os sentimentos, a emoção e nem a subjetividade, mas acreditava que esses aspectos não poderiam ser concebidos como unidades de estudo da Psicologia.

Para os Behavioristas Metodológicos, e daí a origem do nome, importava a metodologia de estudo. Só era objeto de estudo da Psicologia o que fosse possível de ser investigado a partir de um método fidedigno, rigoroso e controlado, o restante não deveria ser envolvido nessa ciência. Por isso, postulam que o objeto de estudo da psicologia era somente o comportamento observável.

O Behaviorismo Metodológico ficou conhecido como Teoria S-R, o S representando estímulo do ambiente (stimuli em inglês) e R a resposta do organismo.

O Behaviorismo Metodológico fundamenta-se nos experimentos de Ivan Petrovich Pavlov (1849-1936), um fisiologista russo, que a partir de experimentos com cães, teorizou um importante processo para a Psicologia: o Condicionamento Clássico.

Ao estudar a saliva de cães, Pavlov percebeu que esses salivavam tanto diante de estímulos, denominados por ele incondicionados, como por estímulos, aos quais ele denominou condicionados. Analisemos um exemplo de experimento de Pavlov.

Os cães salivavam quando lhes era apresentado o alimento, o que era uma resposta esperada. Assim, dizemos que o alimento (estímulo) elicia, ou provoca, a resposta salivar. Esse estímulo (comida) é considerado um estímulo incondicionado.

comida

(S)

salivar

(R)

Pavlov associou o estímulo comida ao estímulo som de uma campainha, ou seja, apresentava ao cão o alimento e ao mesmo tempo o toque de uma campainha. A resposta do cão era de salivar. Essa associação, ou pareamento, era repetida várias vezes até que o toque da campainha, sem o alimento, passava a eliciar a resposta de salivar.

som da campainha

(S)

salivar

(R)

O som da campainha, que era um estímulo neutro para a resposta de salivar, passou a ser um estímulo condicionado.

Para ficar mais claro como esse processo se dá, segue um exemplo bastante comum: a fragrância de um perfume. Não é raro ao sentirmos a fragrância de um perfume nos lembrar de uma pessoa, de uma época ou de um lugar. O perfume, que a princípio seria um estímulo neutro, ao ser associado com uma pessoa, por exemplo, passa a ser um estímulo condicionado e elicia a reposta de pensarmos nessa pessoa.

A esse processo se dá o nome de Condicionamento Clássico ou Respondente. Os Behavioristas Metodológicos, especialmente Watson, adaptaram esses conceitos ao estudo do comportamento humano, reproduzindo experimentos principalmente com crianças.

Skinner iniciou seus estudos na Psicologia seguindo os caminhos de Watson. Todavia, suas pesquisas o levaram a questionar o Behaviorismo Metodológico, propondo avanços para essa escola da Psicologia. Por esses avanços, Skinner é considerado, como já foi dito, o mais importante teórico do Behaviorismo.

Behaviorismo Radical

Como visto os defensores do Behaviorismo Metodológico estavam preocupados com o método de estudo. Era considerado objeto de estudo da Psicologia apenas o comportamento observável.

Burrhus Frederic Skinner (1904-1990), defensor do Behaviorismo Radical, propõe que o objeto de estudo deve sim ser o comportamento dos seres vivos, especialmente o homem. Todavia, ao usar o termo comportamento, Skinner não se refere apenas aos comportamentos observáveis, mas também a eventos ditos encobertos, tais como: o pensamento e a emoção; sentimentos acessíveis ao próprio sujeito (MATOS e TOMARANI, 2002). O foco de Skinner não era a metodologia de estudo acerca do comportamento, mas quais aspectos eram importantes para explicar o comportamento humano.

Nas palavras do próprio Skinner vemos as distinções entre as duas abordagens e entre o próprio mentalismo:

“O mentalismo, ao fornecer uma aparente explicação alternativa, mantinha a atenção afastada dos acontecimentos externos antecedentes que poderiam explicar o comportamento. O behaviorismo metodológico fez exatamente o contrário: com haver-se exclusivamente com os acontecimentos externos antecedentes, desviou a atenção da auto-observação e do autoconhecimento. O behaviorista radical restabelece um certo tipo de equilíbrio. Não insiste na verdade por consenso e pode, por isso, considerar os acontecimentos ocorridos no mundo privado dentro da pele. Não considera tais acontecimentos inobserváveis e não os descarta como subjetivos. Simplesmente questiona a natureza do objeto observado e a fidedignidade das observações.” (SKINNER, 1982, p. 19).

Para Skinner todos os eventos são passiveis de serem estudados, tanto eventos observáveis, como eventos encobertos. Todavia, Skinner ressalta a necessidade de avaliar o controle do ambiente sobre nosso autoconhecimento, ou seja, a maneira como reagimos e como explicamos nossos comportamentos encobertos não está livre de influência do ambiente em que somos criados. Podemos dizer que sentimos medo, fome ou alegria; mas essas respostas nos foram ensinadas; talvez o sentimento denominado alegria em um país ocidental seja diferente do sentimento com a mesma denominação em um país oriental.

Skinner propõem que o comportamento humano seja analisado considerando-se que o homem sofre influências de contingências filogenéticas (influências do banco genético das espécies), de contingências ontogenéticas (influência do repertório comportamental do próprio indivíduo) e de contingências culturais (influências das práticas grupais de uma cultura ou sociedade). A integração destes três níveis de influência trouxe aos analistas do comportamento a ferramenta para avaliar o sujeito como um todo, incluindo os seus aspectos subjetivos como a consciência e o autoconhecimento, por exemplo (MATOS E TOMANARI, 2002).

Uma importante contribuição do trabalho de Skinner foi a teorização do comportamento, ao qual denominou: Operante.

Comportamento Respondente e Comportamento Operante

Assim como Watson, Skinner estudava o chamado Comportamento Respondente, do qual tratamos inicialmente. Descascamos uma cebola e choramos, somos expostos a uma luz muito forte e nossas pupilas contraem; todos esses são exemplos de comportamentos respondentes ou reflexos. O comportamento respondente é um comportamento involuntário, provocado pelo ambiente.

A partir de seus estudos Skinner teoriza sobre o que chamou de Comportamento Operante. O comportamento operante é o comportamento voluntário. Comportamento operante inclui todas as reações do organismo que são voluntárias. Ler esse texto é um comportamento operante. Ao ouvir a ordem: “- Levante o braço.”, você pode decidir se irá ou não levantar o braço: essa resposta não é involuntária.

Uma das contribuições da inclusão da noção de comportamento operante no estudo acerca do comportamento humano é a mudança na compreensão da relação homem-ambiente.

Antes a relação do homem com o ambiente era tratada como uma relação S-R. Um estímulo do ambiente elicia um comportamento do organismo. O homem era visto como resultado do ambiente.

A partir da teorização do comportamento operante a relação do homem com o ambiente passa a ser vista como uma interação. Skinner sintetiza a relação do homem com o ambiente na seguinte frase: "Os homens agem sobre o mundo e o modificam e, por sua vez, são modificados pelas consequências de sua ação." (Skinner, 1957, p.1)

Aqui vale uma ressalva: Skinner e, por consequência o Behaviorismo, ainda hoje recebe muitas críticas que não são pertinentes ao seu trabalho. Muitos pensadores acreditam que Skinner não considerava o comportamento encoberto como objeto de estudo do Behaviorismo e nem via o homem como capaz de agir e reagir ao ambiente, considerando-o apenas como produto desse ambiente. Tal equívoco se dá muitas vezes pela má compreensão de seu trabalho. Um dos motivos, até bem simples, é que se lermos textos produzidos por Skinner no início de suas pesquisas, nos depararemos com um modo de pensar, mas ao longo de sua carreira, Skinner foi desenvolvendo novas formas de compreender o homem. Skinner não estava se contradizendo, mas mostrando o progresso de seus estudos. No livro “Sobre o Behaviorismo”, escrito em 1982, Skinner comenta um pouco sobre as críticas ao Behaviorismo.

Mas retomemos ao Comportamento Operante.

Para Skinner o homem é produto e produtor do ambiente. A relação do homem com o ambiente é representada do seguinte modo: R-S, sendo R (Resposta) e S (Estímulo). O comportamento do organismo resulta num novo estímulo.

Assim como existem dois tipos de comportamento: Respondente e Operante; existem também dois tipos de condicionamento: Condicionamento Clássico e Condicionamento Operante.

Do primeiro, Condicionamento Clássico, tratamos no tópico intitulado “Behaviorismo Metodológico”. Descoberto por Pavlov, o condicionamento clássico, ou respondente, trata de um estímulo neutro que se torna estímulo condicionado, provocando determinada resposta.

O Condicionamento Operante é a base do trabalho de Skinner. “É o processo pelo qual a resposta de um indivíduo é seguida por uma consequência (positiva ou negativa), e essa consequência nos ensina a repetir a resposta ou diminuir sua consequência”. (BOLTON e WARWINK, 2005, p. 115).

Dentre os experimentos desenvolvidos por Skinner, alguns feitos com ratinhos de laboratório são muito comentados e repetidos até hoje nos cursos de Psicologia.

Para a realização de seus experimentos, Skinner desenvolveu diversos equipamentos, dentre esses criou a Caixa de Skinner. Como pode ser visto na Figura 1, a Caixa de Skinner é uma caixa fechada, com uma porta em vidro na frente. Na caixa há uma barra, a qual ao ser pressionada, inicia um mecanismo que libera uma gota de água ou uma pelota de alimento.

Figura 1 – A Caixa de Skinner

(Fonte: http://www.insightltda.com.br/images/produtos/caixa_skinner_2.jpg)

Ao colocar um ratinho, com sede1, na Caixa de Skinner, espera-se que esse pressione a barra e receba uma gotinha de água. O procedimento inicial é a modelagem da resposta. Essa modelagem consiste em reforçar comportamentos que sejam próximos ao esperado. Assim, quando o ratinho chegar próximo da barra, libera-se uma gotinha de água, depois quando ele cheirar a barra e assim sucessivamente até que ele pressione a barra.

De acordo com Whaley e Malott “através do processo gradual, as respostas que se assemelham cada vez mais ao comportamento terminal são, sucessivamente, condicionada até que o próprio comportamento terminal seja condicionado” (1980, p. 96).

1 Antes de ser colocado na Caixa, os ratinhos ficam um período sem ingerir água.

Quando instaurada a resposta de pressionar a barra, o ratinho a pressiona repetidas vezes em busca da gota de água. Mas é importante ressaltar que o ratinho pressiona a barra porque recebe a gota de água, que lhe é reforçadora, uma vez que ele está com sede. Caso ao pressionar a barra o ratinho fosse surpreendido com um leve choque, esse deixaria de pressionar a barra.

Esse processo é comum no nosso cotidiano. A todo instante aprendemos novas formas de nos comportar. Mas aprendemos esses comportamentos por meio de reforços que recebemos, sendo que esses reforços podem ser positivos ou negativos.

Reforçamento

Reforçamento é uma das formas de selecionar as consequências de um determinado comportamento. O reforçamento pode ser por meio de um reforço positivo ou de um reforço negativo.

O reforço positivo é todo evento que aumenta a probabilidade futura de uma resposta. O reforço negativo é todo evento que aumenta a probabilidade futura da resposta que o remove ou atenua.

Um exemplo de reforço positivo é o que citamos anteriormente, o ratinho na Caixa de Skinner. Quando o ratinho pressiona a barra na Caixa de Skinner e recebe uma gota de água, a gota de água é um reforço positivo ao ratinho e, por isso, a probabilidade da resposta “pressionar a barra” aumenta.

Um exemplo de reforço negativo, pensando no ratinho, pode ser o seguinte: imagine que o assoalho da Caixa de Skinner está liberando um leve choque, ao pressionar a barra, o choque cessa. Pressionar a barra passa a ser seguido por um reforço negativo, o qual elimina ou atenua o choque.

Reforço negativo não deve ser confundido com punição. A punição é um evento que diminui a probabilidade futura da resposta. Pensando novamente no ratinho: ao pressionar a barra ele recebe um leve choque. Com o tempo ele deixará de pressionar a barra, diminuindo esse comportamento.

Esses conceitos são comumente usados na modificação do comportamento humano. Quando queremos ensinar algo a uma criança, usamos reforço positivo, negativo ou mesmo a punição. Mas não é só com crianças que o reforçamento é utilizado. Para evitar atrasos ou faltas, muitas empresas estabelecem descontos nos salários: esse não é um exemplo de punição? Ou ainda, é comum o pagamento de bônus para aqueles funcionários que atingem

determinada meta: isso não é reforço positivo? Na educação o reforçamento também é bastante utilizado, quer por meio de notas, elogios ou castigos.

Usamos reforçamento nos relacionamentos familiares, profissionais e amorosos. Enfim, a todo o momento estamos reforçando positiva ou negativamente aqueles que nos cercam.

Todavia, o próprio Skinner enfatiza a eficácia do reforço positivo sobre a punição. Aprendemos mais e mais rapidamente quando somos reforçados positivamente, do que quando recebemos algum tipo de castigo.

Outro conceito importante a ser abordado sobre reforçamento é o tipo de reforço. Nem tudo o que pode ser reforçador para uma pessoa, será para outra. A teoria behaviorista estabelece três tipos de reforçadores: reforço primário, reforço secundário e reforço generalizado.

Reforço primário, secundário e generalizado

Os reforços primários são eventos reforçadores para toda a espécie, dentre eles estão: alimento, água e afeto. Os reforços secundários adquiriram a função quando foram pareados com reforçadores primários. Um exemplo: receber flores e se sentir querido. Nesse caso, as flores, que eram um evento neutro para a resposta de afeto, ao serem pareadas com esse reforçador primário, passam a ser um reforçador secundário para afeto também.

O terceiro tipo de reforço é o generalizado. O reforço generalizado é aquele que foi pareado com muitos outros reforçadores. O dinheiro é um bom exemplo de reforçador generalizado, pois em nossa sociedade, ele é pareado com vários reforçadores primários ou secundários. Algo interessante sobre o dinheiro é que é pouco provável que haja saciação desse reforçador. Podemos ficar empanturrados de tanto comer e não querer nem ver comida pela frente. Nesse caso, a comida deixará, pelo menos por um período, de ser reforçadora. Mas, dificilmente você encontrará alguém “empanturrado” de dinheiro que nem queira mais recebê-lo.

Ainda sobre reforçamento outros conceitos merecem destaque, são eles: a esquiva e a fuga - que são dois processos decorrentes do reforço negativo - e a extinção.

Esquiva, Fuga e Extinção

A esquiva é o processo no qual um estímulo aversivo condicionado ou incondicionado está separado por um intervalo de tempo apreciável, possibilitando ao individuo se comportar de modo a reduzir ou evitar esse estímulo. Bock, Furtado e Teixeira (2005) dão alguns exemplos: o raio (primeiro estímulo) precede a trovoada (segundo estímulo); o som do “motorzinho” usado pelo dentista precede a dor no dente (segundo estímulo); assim, o primeiro estímulo permite ao indivíduo evitar ou reduzir a magnitude do segundo. Tapamos o ouvido para evitar o estouro dos trovões ou desviamos o rosto para evitar a broca do dentista.

Outro exemplo, bastante comum, é quando temos que pedir algum favor para uma pessoa. Quando percebemos que o semblante dela não está para conversa (primeiro estímulo), tendemos a evitar fazer o pedido naquele momento, nos poupando assim de uma resposta negativa (estímulo aversivo).

Na fuga o comportamento reforçado é o que termina com o estímulo negativo. A diferença é que na esquiva o estímulo negativo ainda não se iniciou, temos um estímulo primeiro que sinaliza o estímulo aversivo, mas na fuga não há esse estímulo que antecede o estímulo aversivo, ao contrário, o estímulo aversivo já está em andamento e fugimos dele.

Imaginemos que não percebemos o raio e quando nos demos conta a trovoada já havia começado e ai sim tapamos o ouvido. Não percebemos que aquela pessoa, a quem iríamos pedir um favor, não estava boa para conversa, e quando já estamos pedindo o favor, recebemos a resposta negativa e tentamos marcar outra data para falarmos sobre o assunto, fugindo assim da situação.

Por fim, a extinção é o processo no qual a resposta deixa de ser reforçada abruptamente. Como consequência , tal resposta, com o tempo, deixará de ser emitida. Um bom exemplo, citado por Bock, Furtado e Teixeira (2005) é quando alguém a quem se está paquerando deixa de demonstrar atenção, as “investidas” tenderão a desaparecer.

É evidente que o processo de extinção irá variar de comportamento para comportamento, isso a depender do reforçador utilizado. Caso o reforçador não seja tão poderoso, a extinção do comportamento poderá ser mais fácil, mas se o reforçador for importante para o indivíduo ele continuará se comportando durante um período maior de tempo, mesmo sem o reforço, até que a extinção se concretize.

Pensamos novamente no exemplo da paquera. Quanto maior for o interesse do paquerador, mesmo que o alvo de sua paquera não lhe dê atenção, esse irá insistir por um longo período antes de desistir. O mesmo acontece com uma criança que quer a atenção dos pais ou um doce em um supermercado: a depender do valor desse reforçador ela poderá desistir rapidamente ou insistir por um longo período antes que a resposta seja extinta.

Dois últimos conceitos merecem ser tratados nesse texto sobre o Behaviorismo, são conceitos que tratam do Controle de Estímulos.

Controle de Estímulos

Dois importantes processos merecem ser tratados, quando se aborda a questão do controle dos estímulos que o ambiente exerce sobre nós, são eles: a Discriminação e a Generalização.

A discriminação acontece quando agimos de forma diferente perante um estímulo que percebemos como diferente. O semáforo é um bom exemplo, pois nos comportamos de forma diferente perante os três estímulos que ele emite, as cores: vermelha, amarela e verde. Aprendemos como nos comportar perante cada um desses estímulos.

Mas, nosso comportamento é controlado por vários outros estímulos. Agimos de modo diferente quando estamos diante de um superior; quando comparado ao modo como agimos com um colega de trabalho. Comportamos-nos também de forma diferente quando estamos em nossa casa, ou no trabalho, ou mesmo na escola, pois discriminamos que cada um desses lugares requer um comportamento diferente.

Na generalização, ao contrário da discriminação, agimos de forma parecida perante estímulos que percebemos como parecidos. Ou seja, agimos de forma igual perante todos os superiores da empresa, mesmo que esses não sejam meu chefe, pois generalizamos que são estímulos semelhantes: todos superiores hierarquicamente a mim.

Conforme ressalta Bock, Teixeira e Furtado (2005) o principio da generalização é fundamental para a aprendizagem.

Podemos transferir conhecimentos para as diferentes situações. E isso acontece no trabalho, na escola e nas relações sociais.

Enfim, o Behaviorismo é uma importante escola da Psicologia e seus conhecimentos são empregados no nosso cotidiano, nos possibilitando analisar, reforçar e mesmo modificar nossos comportamentos.

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