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Como Hannah Arendt Discorre Sobre a banalidade do mal?

Por:   •  1/11/2021  •  Dissertação  •  747 Palavras (3 Páginas)  •  159 Visualizações

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Como Hannah Arendt discorre sobre a banalidade do mal?

        O polêmico conceito criado pela filósofa alemã e judia Hannah Arendt, aluna de Martin Heidegger (segundo algumas fontes, Hannah era uma das alunas “favoritas” de Heidegger), foi apresentado no livro Eichmann em Jerusalém. O livro foi publicado originalmente em 1963, a partir dos artigos que a filósofa havia publicado como correspondente na revista The New Yorker, nesses artigos ela discutia o julgamento de Adolf Eichmann, o qual teve início em 1961 em Jerusalém, e que se encerrou com sua pena de morte por enforcamento ocorrida em 1962, nas proximidades de Tel Aviv. Arendt discutia em seus textos a perspectiva do mal provocado por ninguém, ou por pessoas destituídas da capacidade do pensar, visto que ela não atribuiu o mal ao nazista julgado, mas via nele apenas um burocrata zeloso, incapaz de pensar por si.

A banalidade do mal nada mais é para a filósofa do que a mediocridade do não pensar, e não exatamente o desejo ou a premeditação do mal, mal este que muitas vezes é tido como personificado e alinhado a um sujeito demente ou demoníaco. Como postura política e histórica, e não ontológica, a banalidade do mal se instala por encontrar um espaço institucional, o qual é criado pelo não pensar. Em Eichmann, Arendt via não alguém perverso ou doentio, menos ainda alguém antissemita ou raivoso, mas meramente alguém que cumpre ordens, incapaz de pensar por si mesmo a respeito do que realmente fazia, mantendo o foco somente no cumprimento de tais ordens.

Em outras palavras, para Arendt, a banalidade do mal é o fenômeno da recusa do caráter humano do homem, alicerçado na negativa da reflexão e na tendência em não assumir a iniciativa própria de seus atos. A violência e a dominação social e política são conceitos relacionados ao processo descrito por Arendt, assim como o conceito de ética (entendido como o estudo do comportamento moral).

Quando o indivíduo se afasta da responsabilidade e do domínio de suas atitudes, pensamentos e comportamento, fatalmente, não realiza o exercício da reflexão, desconectando-se do sentido do que é ser humano. O campo ético é “engolido” pela visão limitada e empobrecida dessa relação, está, portanto, instalado o estado de banalização do mal, no qual nem a violência ou a agressividade perturbam a ordem social. Partindo desse pressuposto, é possível compreender como a sociedade consegue se manter mesmo diante de situações caóticas, como foi o nazismo, as grandes guerras e, atualmente, a desigualdade social e o levante fascista.

Herdando o conceito de mal radical de Kant, Hannah diferencia o mal banal do mal radical não pela intensidade, mas pela raiz. Figuras como Hitler encarnavam o mal radical. Eles acreditavam em suas ações e eram realmente antissemitas. Observar Eichmann fez Hannah perceber, no entanto, que havia uma categoria de pessoas no nazismo que simplesmente não questionava, obedecia cegamente e só pensava em questões particulares, como progredir na carreira e ser bem visto. Essas pessoas não necessariamente entendem o mal que produzem, pois ele está banalizado. Segundo Arendt, Eichmann era uma pessoa medíocre, e o mundo estava cheio dessas pessoas medíocres, incapazes de refletir sobre a vida e sobre suas ações. Hannah Arendt, pela primeira vez, não analisou o mal pelo viés moral, mas pelo viés político.

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