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Confronto De Ideias

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Por:   •  17/9/2013  •  2.275 Palavras (10 Páginas)  •  648 Visualizações

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“O confronto de idéias é sempre positivo”

Giovanni Maria Vian, o novo diretor de L’Osservatore Romano, fala de sua vida. A amizade de seu pai com Montini. Os estudos. A atividade de historiador e de professor ordinário de Filologia. A paixão pelo jornalismo

Entrevista com Giovanni Maria Vian de Gianni Cardinale

No dia 29 de setembro foi anunciada a mudança na cúpula do jornal oficioso da Santa Sé. Mario Agnes, 76 anos em dezembro, que dirigia L’Osservatore Romano desde 1984, foi nomeado diretor emérito. O novo diretor responsável do jornal pontifício é Giovanni Maria Vian, 55 anos. Depois de treze anos de “sede vacante” foi nomeado também um vice-diretor, Carlo Di Cicco (cf. quadro).

Vian, historiador do cristianismo, é professor ordinário de Filologia Patrística na Universidade La Sapienza de Roma, e também professor junto à Universidade Vita-Salute San Raffaele de Milão, onde leciona História da tradição e da identidade cristã. Desde 1999 é membro do Pontifício Comitê de Ciências Históricas. Autor de cerca de noventa estudos especializados, publicou, entre outras coisas, os volumes Bibliotheca divina. Filologia e storia dei testi cristiani (ed. Carocci, 2001, três edições; tradução espanhola, Ediciones Cristiandad, 2005, duas edições) e La donazione di Costantino (ed. il Mulino, 2004, três edições). Desde 1976 é redator e consultor científico do Instituto da Enciclopédia Italiana. Editorialista do Avvenire e do Giornale di Brescia, escreveu em vários jornais e revistas, entre os quais L’Osservatore Romano (de 1977 a 1987) e o bimestral da Universidade Católica do Sagrado Coração Vita e Pensiero.

Ao ser procurado por 30Dias, Vian aceitou responder a algumas perguntas que se referiam à sua biografia humana e intelectual, enquanto que com garbosidade não respondeu aos convites para falar sobre as linhas editoriais do futuro L’Osservatore Romano. Mesmo porque a nomeação torna-se efetiva somente a partir do sábado 27 de outubro e a primeira edição de L’Osservatore Romano assinada por ele será a do domingo 28.

Giovanni Maria Vian

Giovanni Maria Vian

Professor, o senhor não é o primeiro da sua família, de origem veneziana, a estar ligado ao L’Osservatore Romano. O seu avô, Agostino, já tinha colaborado e também tinha boas relações com São Pio X...

GIOVANNI MARIA VIAN: Com efeito, havia uma grande relação entre o meu avô Agostino, que colaborou com o jornal da Santa Sé, e Pio X. O matrimônio dos meus avós paternos foi o último celebrado pelo patriarca Giuseppe Sarto antes de partir para o conclave de 1903. Meu avô era funcionário do Estado italiano, mas renunciou a uma provável brilhante carreira pelo empenho no movimento católico.

Seu avô, que foi uma personalidade da Opera dei Congressi, respirava a atmosfera do intransigentismo católico difuso no Vêneto entre os séculos XIX e XX. Ficou alguma coisa daquela atmosfera nos seus pulmões?

VIAN: Pio X certamente era um intransigente nas questões religiosas, mas muito transigente nas políticas. Papa Sarto, ao contrário de seus imediatos predecessores (Pio IX e Leão XIII), não tinha nascido no Estado Pontifício e não demonstrava nostalgias pelo poder temporal. Tanto que foi o primeiro pontífice a atenuar – também em função anti-socialista – o non expedit que impedia aos católicos participar ativamente na vida política italiana. Foi também um grande papa reformador, que sobre a questão modernista entendeu muito bem o que estava sendo colocado em jogo, e os perigos para a fé da Igreja. Infelizmente hoje a sua fama é ligada principalmente pelo modos com que o modernismo foi combatido, muitas vezes com métodos indignos da causa que pretendia defender.

Mas o senhor sente-se herdeiro do intransigentismo católico do seu avô, ou não?

VIAN: O que me liga ao meu avô é certamente a fidelidade intransigente à Santa Sé – naturalmente sem concessões a bajulações que podem chegar até mesmo a formas de papolatria adocicada – e uma consciência que deve permanecer sempre vigilante.

Seu pai, Nello, foi amigo pessoal de Paulo VI. O próprio monsenhor Montini foi quem o batizou. O que o senhor lembra dessa relação de amizade?

VIAN: Montini tinha o dom de saber cultivar a amizade. E com meu pai é um dos muitos exemplos desta capacidade. Era uma amizade que se respirava e que não era exibida, da qual tinha a cumplicidade talvez somente de minha mãe. Tanto que muitos aspectos deste relacionamento vieram à luz, mesmo para mim e para o meus irmãos Lorenzo e Paolo, somente depois da morte de nosso pai, graças às suas cartas.

O senhor foi batizado por Montini na Basílica de São Pedro. A agência de notícias Ansa definiu-o como um “montiniano”. O senhor se reconhece nesta definição?

VIAN: Sim, principalmente em um sentido: Montini foi principalmente um sacerdote que aproximou muitas almas a Cristo e um grande Papa que procurou testemunhá-lo para o mundo moderno. Com uma consciência sempre clara, às vezes dramática, do próprio papel de sucessor de Pedro. Neste sentido procuro ter sempre diante de mim o exemplo desta grande testemunha de Jesus no nosso tempo.

O senhor freqüentou o Liceu clássico Virgilio em Roma, em uma época de grandes fermentos eclesiais...

VIAN: Com efeito era assim. E no Colégio de Via Giulia era muito animada a experiência do “raggio”, [reunião semanal de estudantes] do qual mais tarde nasceriam Comunhão e Libertação e a Comunidade de Santo Egídio. Eu também, por algum tempo, simpatizei com aquela experiência.

O senhor é professor de Filologia Patrística. Como nasceu esta paixão por uma disciplina tão especializada?

VIAN: Quando me inscrevi na Universidade La Sapienza de Roma, queria formar-me em Literatura Espanhola e Latino-americana. Mas as aulas não me entusiasmaram, e então – seguindo o conselho de meu pai – comecei a freqüentar os cursos de Manlio Simonetti, aluno de Ettore Paratore, e fiquei fascinado. Segui também os belíssimos seminários do medievalista Raoul Manselli – as aulas eram às oito da manhã e nunca foi interrompido pelos contestadores que não chegavam à faculdade antes das onze... – e as aulas de Clara Kraus Reggiani, estudiosa de Fílon e do judaísmo helênico. Simonetti fez com que me apaixonasse pela filologia como método de pesquisa, educando-me ao rigor, à capacidade de indagar os documentos e à atenção aos textos.

Ao mesmo tempo o

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