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E SOBRE A ARTE DE ESCREVER

Por:   •  1/6/2022  •  Ensaio  •  1.258 Palavras (6 Páginas)  •  83 Visualizações

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UFMS

FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

Professor: Rodrigo Augusto de Souza

Discente: Bruno da Silva Aguilera

SOBRE A ARTE DE ESCREVER

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CAMPO GRANDE, MS

2020

Sobre a arte de escrever

Prólogo

Arthur Schopenhauer foi um filósofo alemão cuja obra concentrou-se na construção de uma nova metafísica, devidamente fundamentada na obra O Mundo como Vontade e Representação, além de outros estudos sobre moral, ética e política. Por ser quase que um intelectual megalomaníaco (em virtude tão somente pela vastidão de temas sobre os quais versou), Schopenhauer não deixou de expor suas reflexões acerca das habilidades intelectuais nas quais os homens eruditos devem obrigatoriamente passar, como a leitura e a escrita. Este ensaio trata de uma habilidade particularmente fundamental na produção intelectual, tanto de livros quanto de artigos populares: a escrita. Escrever requer um estado de seriedade e domínio sobre a narrativa, de acordo com o filósofo. Não obstante, para realizar minha reflexão desse tema – a arte de escrever sob o prisma puramente schopenhauriano -, utilizarei como bibliografia o livro que (quase) dá nome ao título deste ensaio, A Arte de Escrever, publicado pela primeira vez em 1890.

Sobre o homem e o intelectual

              Assim como as atividades de ler e aprender, quando em excesso, são prejudiciais ao pensamento próprio, as de escrever e ensinar em demasia também desacostumam os homens da clareza e profundidade do saber e da compreensão, uma vez que não lhes sobra tempo para obtê-los. (L&PM Editores, 2005, p. 10-11).

Compreendendo o homem como um misto de certezas e incertezas conscientes e inconscientes, o autor crê que o homem só busca produzir conhecimento quando há uma necessidade urgente da realidade ou, muito frequentemente, quando é bem remunerado e está ciente de que será reconhecido. O ato de escrever sobre algo, ou simplesmente escrever bem, com qualidade, deve acompanhar do início ao fim a produção intelectual, a fim de demonstrar clareza e a fluidez naquilo que está sendo transmitido.

Paralelo a isso, Schopenhauer acentua um princípio básico que elucida a clareza da boa escrita: o interesse. Tudo o que é bem feito é, a priori, movido essencialmente pelo interesse. O erudito ou intelectual (e aqui o filósofo passa a usar com mais frequência esses dois termos, ao invés do termo “sujeito “, que no meu entendimento seria bem mais adequado e simples, haja vista que há uma ampla gama de pessoas que escrevem bem sem se envolver com uma vida intelectual propriamente dita), para realizar um trabalho coeso e organizado, têm de estar minimamente interessado no assunto sobre o qual se debruça. O interesse e a motivação são os precedentes principais, depois da pesquisa, da produção intelectual bem escrita.

Sobre o interesse que leva inevitavelmente à dignidade da escrita

Classificando os escritores em dois tipos nivelados, os que escrevem em virtude do assunto e os que escrevem por escrever, o filósofo atribui um juízo radical nessa máxima da produção de conhecimento : enquanto o primeiro dedicou tempo de vida em pesquisa metódica e experiências significativas, e concluiu com veemência que o conhecimento produzido nesse tempo merece ser comunicado a terceiros, para a sociedade geral e para o bem comum do leitor, o segundo, o escritor que escreve por escrever, escreve necessariamente em razão de seu autofavor, movido tão somente por interesses financeiros. Schopenhauer não hesita em afirmar que o primeiro tipo de escritor é digno e produz, portanto, textos dignos de serem lidos. E é aqui que o filósofo postula outro princípio importante da arte da boa escrita: pensar antes de escrever. Escrever sem pensar, pensar enquanto escreve são aspectos do segundo tipo de escritor, que por sua vez são os mais numerosos. Àquele que domina o assunto, suas nuances mais genéricas e particulares, predispõe antecipadamente a estrutura básica da produção; este escritor é o digno de ser lido, e é também um tipo raro de se ver.

Além disso, o filósofo crê ser importante para aquele que escreve com propósitos a criação de um estilo. Embora possamos interpretar esse princípio de diferentes maneiras, temos de considerar o estilo não como parte particular da produção, mas simplesmente como a condição do espírito do escrito. E por condicionar a obra com uma tonalidade marcante e original, o estilo não se encontra ou compra em lugares externos, em outros escritores, por exemplo. O estilo origina-se necessariamente no pensamento do autor. Não admira que o maior princípio da boa escrita schopenhauriana seja justamente a habilidade reflexiva: pensar é produzir, intelectualmente e de antemão, o conhecimento que será modelado na escrita.

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