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Filosofia Livro

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Por:   •  3/12/2014  •  5.288 Palavras (22 Páginas)  •  347 Visualizações

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LIVRO VII

SÓCRATES — Agora imagina a maneira como segue o estado

da nossa natureza relativamente à instrução e à ignorância.

Imagina homens numa morada subterrânea, em forma de caverna,

com uma entrada aberta à luz; esses homens estão aí

desde a infância, de pernas e pescoço acorrentadas, de modo

que não podem mexer-se nem ver senão o que está diante deles,

poisas correntes os impedem de voltar a cabeça; a luz chega-lhes

de uma fogueira acesa numa colina que se ergue por detrás

deles; entre o fogo e os prisioneiros passa uma estrada ascendente.

Imagina que ao longo dessa estrada está construída um

pequeno muro, semelhante às divisórias que os apresentadores

de títeres armam diante de si e por cima das quais exibem as

suas maravilhas.

Glauco — Estou vendo.

Sócrates — Imagina agora, ao longo desse pequeno muro,

homens que transportam objetos de toda espécie, que o transpõem:

estatuetas de homens e animais, de pedra, madeira e

toda espécie de matéria; naturalmente, entre esses transportadores,

uns falam e outros seguem em silêncio.

Glauco — Um quadra estranho e estranhas prisioneiros. Sócrates — Assemelham-se a nós. E, para começar, achas

que, numa tal condição, eles tenham alguma vez visto, de si

mesmos e dos seus companheiros, mais da que as sombras projetadas

pelo fogo na parede da caverna que lhes fica defronte?

Glauco — Como, se são obrigados a ficar de cabeça imóvel

durante toda a vida?

Sócrates — E com as coisas que desfflam? Não se passa

o mesmo?

Glauco — Sem dúvida.

Sócrates — Portanto, se pudessem se comunicar uns com

as outros, não achas que tomariam por objetos reais as sombras

que veriam?

Glauco — E bem possível.

Sócrates — E se a parede do fundo da prisão provocasse

eco, sempre que um dos transportadores falasse, não julgariam

ouvir a sombra que passasse diante deles?

Glauco — Sim, por Zeus!

Sócrates — Dessa forma, tais homens não atribuirão realidade

senão às sombras dos objetos fabricados.

Glauco — Assim terá de ser.

Sócrates — Considera agora o que lhes acontecerá, naturalmente,

se forem libertados das suas cadeias e curadas da

sua ignorância. Que se liberte um desses prisioneiros, que seja

ele obrigado a endireitar-se imediatamente, a voltar o pescoço,

a caminhar, a erguer as olhos para a luz: ao fazer todos estes

movimentas sofrerá, e o deslumbramento impedi-lo-á de distinguir

os abjetos de que antes via as sombras. Que achas que

responderá se alguém lhe vier dizer que não viu até então senão

fantasmas, mas que agora, mais perto da realidade e voltadopara objetos mais reais, vê com mais justeza? Se, enfim, mostrando-lhe

cada uma das coisas que passam, o obrigar, à força

de perguntas, a dizer o que é? Não achas que ficará embaraçada

e que as sombras que via outrora lhe parecerão mais verdadeiras

do que as objetos que lhe mostram agora?

Glauco — Muito mais verdadeiras.

Sócrates — E se a forçarem a fixar a luz, os seus olhos

não ficarão magoados? Não desviará ele a vista para voltar às

coisas que pode fitar e não acreditará que estas são realmente

mais distintas do que as que se lhe mostram?

Glauco — Com toda a certeza.

Sócrates — E se o arrancarem à força da sua caverna, o

obrigarem a subir a encosta rude e escarpada e não o largarem

antes de o terem arrastado até a luz do Sol, não sofrerá vivamente

e não se queixará de tais violências? E, quando tiver

chegado à luz, poderá, com os olhas ofuscados pelo seu brilho,

distinguir uma só das coisas que ora denominamos verdadeiras?

Glauco — Não o conseguirá, pelo menos de Inicio.

Sócrates — Terá, creio eu, necessidade de se habituar a ver

os objetos da região superior. Começará por distinguir mais facilmente

as sombras; em seguida, as imagens dos homem e dos

outros objetos que se refletem nas águas; por último, os próprios

objetos. Depois disso, poderá, enfrentando a claridade dos astros

e da Lua, contemplar mais facilmente, durante a noite, os corpos

celestes e o próprio céu da que, durante o dia, o Sol e a sua luz.

Glauco — Sem dúvida.

Sócrates — Por fim, suponho eu, será o Sol, e não as suas

imagens refletidas

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