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Livro A Filosofia Social, A Responsabilidade Social Do Filósofo

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Por:   •  10/4/2014  •  1.769 Palavras (8 Páginas)  •  2.622 Visualizações

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A proposta de André Berten, em seu livro A Filosofia social, a responsabilidade social do filósofo é a avaliação dos paradigmas científicos e questões filosóficas ligadas à evolução da sociedade.

André Berten conceitua paradigma como o conjunto de crenças e valores que foram definidos por aqueles que praticam a atividade científica como tal.

O autor afirma que o conceito de racionalidade evoluiu passando de uma concepção de que a razão não existe, para a concepção de que a razão é uma maneira de definir certa relação com a realidade. Um novo paradigma que propõe a desordem como sendo primeira, geral e normal e a ordem como uma emergência localizada, vem em sobreposição a ciência clássica que era centrada na análise de leis em um universo ordenado.

A ciência clássica permite um saber que converge para um conhecimento objetivo do universo. Compreende a história da humanidade como história de um progresso que se mede pelo desenvolvimento ordenado do saber científico e visa a formular um discurso e a elaborar um método que permitem obter um conhecimento rigoroso, sistemático e explicativo da realidade.

David Hume e Immanuel Kant contribuíram de forma marcante na questão do conhecimento e do discurso científico.

Hume : distinção entre “ser” e o “dever-ser”, ou entre os fatos e os valores. Para ele o “dever-ser” era representado pelos valores, pela moral sendo irracional, subjetivo e emocional. Sua obra demarcou a separação entre ciência e não ciência.

Kant : distinção entre “fenômenos” e “coisas em si”, ou seja não conhecemos o mundo, mas como ele nos aparece. Não podemos jamais definir o que as coisas são nelas mesmas para além dos fenômenos. A partir desse discurso a categoria de “verdade” deslocou-se para a categoria de “inter-subjetividade”. A questão ontológica de nosso conhecimento desapareceu da ciência. As leis se tornaram hipóteses.

Para Kant, e levando-se em conta que é impossível atingir a objetividade do conhecimento, passamos a nos contentar com a análise da linguagem da ciência e passamos de uma filosofia da consciência para uma filosofia do conceito.

A concepção clássica é realista, tende a descobrir o que é o mundo real. Nos comportamos cotidianamente como se o mundo a nossa volta existisse realmente.

Devemos ao menos considerar que existe certa analogia de estrutura, não tanto entre a linguagem e o mundo, mas ente o mundo e as representações que dele fazemos.

A coerência é fundamental a todo discurso coerente. O pressuposto metodológico resultante da idéia de uma lógica de explicação científica implica que as regras metodológicas devem ser as mesmas em todas as disciplinas que pretendem ter cientificidade.

A Afirmação que a ciência seja explicativa, busca explicações causais. Toda compreensão ou toda interpretação faz intervir uma explicação causal.

Bacon em seu método experimental delimita o domínio de validade dos enunciados ditos científicos.

O paradigma clássico é alvo de críticas externas que referem-se às conseqüências ou circunstâncias das pesquisas científicas e de críticas internas que questionam o tipo de racionalidade interna à ciência.

David Hume criticou o indutivismo (passar de proposições particulares, observáveis, para proposições teóricas universais, leis) típico das ciências clássicas demonstrando que era uma ingerência de valor psicológico e não lógico, pois se dá no mundo dos fenômenos. Daí sua conclusão cética sobre as pretensões da ciência de produzir leis gerais.

O trabalho do cientista é o de construir e de testar teorias, ou seja, busca a justificação e a validação da teoria. Defende a concepção liberal do debate científico segundo o modelo de um mercado de idéias. O conflito de idéias, a concorrência e a diversidade de condições são fatores de um debate científico fecundo e de uma democracia sã.

Para ser aceita como paradigma, uma teoria deve parecer melhor que suas concorrentes. As transformações sucessivas dos paradigmas são as revoluções científicas. A crise de um paradigma leva a sua substituição por um novo paradigma que colocará outros problemas e orientará diferentemente as observações.. A revolução científica provoca um deslocamento da rede conceitual por meio da qual os homens de ciência vêem o mundo. A ciência está no tempo e é essencialmente histórica.

O paradigma clássico é rígido em sua separação entre ciência e não-ciência, mas insuficiente. As novas definições da ciência são mais abertas e promissoras, porem são céticas.

A proposta de um relativismo teórico concernente à objetividade de nosso discurso sobre o mundo e um relativismo prático a respeito da possibilidade de fundar normas e valores. Existe a possibilidade de uma proposição de sentido comum resultado da observação que fazemos de nós mesmos e do outro. Através da linguagem descritiva e da comunicação sobre nossas observações acerca do mundo verificamos que nossa compreensão da experiência é, até certo ponto, comensurável.

Berten sustenta que não existe uma ruptura absoluta entre a linguagem ordinária e a teoria científica. As explicações cotidianas esboçam esquemas interpretativos e argumentativos mostrando uma convergência entre o discurso sobre o mundo e o mundo como ele é.

O relativismo ético é muito mais grave que o relativismo científico em suas conseqüências cotidianas. A ausência de fundamentos desembocaria na ausência de regras, de interdições.

Ao longo do livro Berten defende a idéia de que um fundamento absoluto (própria do positivismo científico e da filosofia tradicional) não corresponde à maneira como consideramos a ação racional ou moral nos dias de hoje. Por outro lado, o fato de que não exista fundamento absoluto que possa ser reconhecido e aceito por todos não significa que não exista racionalidade nas questões práticas. Se a coerência é uma característica da racionalidade, não se vê por que a priori as questões práticas deveriam ficar fora da discussão racional.

Na aproximação filosófica da ciência a idéia fundamental é aquela segundo a qual o ocidente, é responsável pela extensão da dominação da ciência e da técnica sobre o conjunto das atividades humanas. Esta crítica está em sintonia com a desvalorização da própria racionalidade.

Heidegger criticava a modernidade desde sua origem grega, com Platão e a metafísica. A metafísica ocidental restringiu o domínio das questões filosóficas à essência do real como totalidade. Buscava uma explicação racional última

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