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História Social Da Criança E Da Família Philippe Aries

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Por:   •  5/6/2014  •  857 Palavras (4 Páginas)  •  476 Visualizações

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Apenas seu tamanho os distingue dos adultos. Numa miniatura francesa do fim do século Xl, as três crianças que São Nicolau ressuscita estão representadas numa escala mais reduzida que os adultos, sem nenhuma diferença de expressão ou de traços. O pintor não hesitava em dar à nudez das crianças, nos raríssimos casos em que era exposta, a musculatura do adulto: assim, no livro de salmos de São Luís de Leyde 3, datado do fim do século Xll ou do inicio do XIII, Ismael, pouco depois de seu nascimento, tem os músculos abdominais e peitorais de um hcmem. Embora exibisse mais sentimento ao retratar a infância ', o século XIII continuou fiel a esse procedimento. Na Bíblia moralizada de São Luis, as crianças são representadas com maior freqüência, mas nem sempre são caracterizadas por algo além de seu tamanho. Num episódio da vida de Jacó, Isaque está sentado entre suas duas mulheres, cercado por uns 15 homenzinhos que batem na cintura dos adultos: são seus filhos 5. Quando Jo é recompensado por sua fe e fica novamente rico, o iluminista evoca sua fortuna colocando Jó entre um rebanho, à esquerda, e um grupo de crianças, à direita, igualmente numerosas: imagem tradicional da fecundidade insepárável da riqueza. Numa outra ilustração do livro de Jó, as crianças aparecem escalonadas por ordem de tamanho. No Evangeliario da Sainte-Chapelle do século XIII , no momento da multiplicação dos pães, Cristo e um apóstolo ladeiam um homenzinho que bate em sua cintura: sem dúvida, a crianca que trazia os peixes. No mundo das fórmulas romanicas, e até o fim do século XIII, não existem crianças caracterizadas por uma expressão particular, e sim homens de tamanho reduzido. Essa recusa em aceitar na arte a morfologia infantil é encontrada, aliás, na maioria das civilizações arcaicas. Um belo bronze sardo do século IX a. C. Pagina 40 representa uma espécie de Pietá: uma mãe segurando em seus braços o corpo bastante grande do filho; mas talvez se tratasse de uma criança, como observa a nota do catálogo: "A pequena figura masculina poderia muito bem ser uma criança que, segundo a fórmula adotada na época arcaica por outros povos, estaria representada como um adulto." Tudo indica, de fato, que a representação realista da crianca, ou a idealização da infância, de sua graça, de sua redondeza de formas tenham sido proprias da arte grega. Os pequenos Eros proliferavam com exuberância na época helenísticca. A infância desapareceu da iconografia junto com os outros temas helenísticos, e o romanico retomou essa recusa dos traços especificos da infancia que caracterizava as épocas arcaicas, anteriores ao helenismo. Há aí algo mais do que uma simples

coincidência. Partimos de um mundo de representação onde a infância é desconhecida: os historiadores da literatura (Mgr. Calvé) fizeram a mesma observação a propósito da epopéia, em que criancas prodígio se conduziam com a bravura e a força fisica dos guerreiros adultos. Isso sem dúvida significa que os homens dos séculos X-XI não se detinham diante da imagem da infancia, que esta não tinha para eles interesse, nem mesmo realidade. Isso faz pensar também que no domínio da vida real, e não mais apenas no de uma transposição estetica, a infancia era um período de transição, logo ultrapassado, e cuja lembrança também era logo perdida. Tal é nosso ponto de partida. Como daí chegamos às criancinhas

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