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Isabella Meneses

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Por:   •  28/10/2013  •  976 Palavras (4 Páginas)  •  326 Visualizações

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alvez isso possa parecer um tanto difícil, mas pense em um político que você, leitor, julga ser habilidoso. Ok, pense no que o torna hábil: é sua capacidade de descobrir o que determinada população precisa? Ou seria a capacidade de propor soluções pertinentes e, de fato, resolver esses problemas? Agora, pense em como esse político, essa figura pública, atinge os seus eleitores, como ele chega até essas pessoas. Em que pesem as novas tendências do marketing político e os últimos avanços tecnológicos, esse político - velho ou moço, homem ou mulher, caucasiano ou afrodescendente - consegue alcançar o seu alvo com algo tão simples quanto elementar: os políticos usam as palavras.

Que os políticos gostam de falar (e realmente precisam falar) todos sabem; o que poucos têm noção é que, na maioria das vezes, as palavras que são ditas nos discursos políticos não são jogadas a esmo, mas, ao contrário, exaustivamente pensadas, estudadas e ensaiadas. A essa "arte-técnica" da oratória dá-se o nome de retórica. E, diferentemente do que se imagina, a retórica não é um recurso criado pelo marketing eleitoral.

Aristóteles tem um livro que, infelizmente, não faz parte do catálogo editorial brasileiro, mas nem por isso deixa de ser fundamental. Em "Retórica", o filósofo grego analisa com precisão os elementos que constituem um discurso. A leitura do livro mostra que alguns conceitos tidos hoje como inovadores já eram analisados pelo pensador, como o fato de a retórica ser dividida em três tipos: a política (ou deliberativa); a forense (ou legal); e o epidíctico (ou a oratória que censura ou louva um determinado elemento, aspecto, personagem).

No caso da retórica deliberativa, Aristóteles teoriza que a maneira mais importante e efetiva para obter sucesso em persuadir o eleitorado e dissertar sobre as coisas públicas é entender profundamente as formas de governo, assim como seus costumes, suas instituições e seus interesses. Isso porque, argumenta Aristóteles, "os homens são convencidos por considerações de seus interesses; e seu interesse está baseado na manutenção da ordem estabelecida".

Nelson Rodrigues se referia àqueles cuja capacidade retórica era superlativa como "homem-discurso". No caso, o jornalista se referia ao também jornalista e político Carlos Lacerda, um dos principais algozes do então presidente Getúlio Vargas. Lacerda - ou Corvo, como era conhecido - era dotado de uma verve tão apaixonada quanto inflamada não apenas ao falar, mas também ao escrever. Não por acaso, uma de suas biografias se chama "O demolidor de presidentes".

A discussão mais comum, hoje em dia, gira em torno da chamada retórica de Perelman, que tirou seus exemplos de discursos filosóficos e políticos, entre outros. Devido a isso ele assume o caráter de convencimento que a retórica proporciona aos discursos dos oradores. "Eu diria que a retórica se configura por um conjunto de estratégias linguísticas que visam à persuasão por meio da comoção", opina a professora e doutoranda em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Suzana Leite Cortez. João Bôsco Cabral dos Santos, doutor em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explica melhor: "o orador chama atenção construindo uma imagem que espelhe aquilo que seus ouvintes gostariam de ouvir. A gesticulação e a forma como se aproxima, toca e fala com as pessoas têm que estar em sintonia com a forma como as palavras são ditas e como esse orador direciona seu olhar". Para João Bôsco dos Santos, "nos dizeres políticos é preciso falar o que o outro quer ouvir de si, como se fosse o outro dizendo para si mesmo".

No maior dos dicionários da língua portuguesa, o Houaiss (Ed. Objetiva), a palavra "retórica" recebe significado de: "1. a arte da eloquência, a arte de bem argumentar; 2. emprego de procedimentos enfáticos e pomposos para persuadir ou por exibição; discurso bombástico, enfático, ornamentado e vazio; 3. discussão inútil; debate em torno de coisas vãs" - sendo os dois últimos indicados como de uso pejorativo.

Se todos esses significados, para o bem ou para o mal, fazem parte da política, fica fácil dizer que a "retórica é intrínseca à arte da política". E essas são as palavras do professor e doutor em História Econômica, Fábio Duarte Joly, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Segundo Joly, "sendo

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