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Liberdade em Sartre e Rousseau

Por:   •  22/5/2015  •  Ensaio  •  2.241 Palavras (9 Páginas)  •  814 Visualizações

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CENTRO UNIVERSITÁRIO LUTERANO DE SANTARÉM

CURSO: DIREITO                                        TURMA:2015/01

DATA: 07/04/15

PROFESSOR: LEANDRO BERWIG.

ALUNAS: LARISSA CONCEIÇÃO CAMPOS DA SILVA.

                  LILIAN MARIA DA CRUZ PEDROSO.

LIBERDADE EM SARTRE E ROUSSEAU

  1. CONCEPÇÕES DE SARTRE E ROUSSEAU

A filosofia sartriana contém dois conceitos importantes que se relacionam inteiramente com a concepção de liberdade. O primeiro deles é chamado de “em-si” e este é denominado de tal maneira  por designar tudo o que existe. Já o “para-si” consiste na própria consciência humana, sendo uma representação do que é objetivo, no caso, o “em-si”.[1]

O “em-si” é o ser e o “para-si” é o que busca ser, ele nasce pela angústia interior; pelo nada que reside no homem. O “para-si”, portanto, depende do vazio interno, pois sem ele, tornar-se-á simplesmente o “em-si”.[2]

A liberdade permite a construção da essência do “para-si”, origina-se e depende dela. E, já que a descoberta dessa liberdade leva o homem à angustia, ele encontra-se condenado à ter sempre diante de si uma capacidade de escolha.

Sartre defende a ideia da liberdade humana partindo de um pensamento que liga condenação à angústia. Segundo o filósofo, o homem está condenado a ser livre e por isso tende a cair na solidão. Desse modo, a aflição encontra-se diante da liberdade porque quando o homem está perante uma escolha, que pode ou não ameaçar a sua vida e o seu ser, se sente angustiado. Para Sartre, o indivíduo é livre. Ele não apenas tem liberdade, mas é a própria liberdade. E ele faz essa afirmação de acordo com a sua concepção de existencialismo (ateu). Se o homem é a própria liberdade, significa dizer que ele não tem um deus a quem obedecer, é livre para fazer o que quiser.

Afinal de contas, não é deus, nem a natureza, tampouco a sociedade que nos define, que define o que somos por completo ou nossa conduta. Somos o que queremos ser, o que escolhemos ser; e sempre poderemos mudar o que somos. [3]

Essa ideia está também ligada ao fato de que o homem não tem um ser superior a quem se apoiar, então cria em si um vazio, carência, ausência e, assim, ele está em constante procura pelo sentido das coisas e da vida, porque é um ser questionador, que se impressiona com a realidade e a subjetividade.

Na visão de Jean-Paul Sartre, o homem age de má-fé quando tenta fugir da angústia, pois esta se encontra vinculada com a liberdade. Quando ele tenta mascará-la para ir atrás da sua liberdade, acaba atuando com outras intenções.

Não se trata, pois, de expulsar a angústia da consciência ou constituí-la

em fenômeno psíquico inconsciente; simplesmente, posso ficar de

má-fé na apreensão da angústia que sou, e esta má-fé, destinada a

preencher o nada que sou na minha relação comigo mesmo, implica

precisamente esse nada que ela suprime. [4]

Afinal, existe alguma possibilidade do homem fugir do paradoxo liberdade-angústia? Há possibilidade de o homem escapar da tal condenação à liberdade? Sartre responde de modo claro e definitivo: não. Não é possível fugir do paradoxo liberdade-angústia, nem mesmo escapar da condenação à liberdade. Tudo que o indivíduo fizer nesse sentido, encaixa-se naquilo que Sartre denominou de má-fé.

É dessa forma, portanto, que o filósofo existencialista define seu ponto de vista sobre a forma de como o homem mascara a sua angústia, principalmente quando argumenta sobre a desnecessidade de descartar totalmente esse sentimento de vazio. Ele pode simplesmente agir de tal forma numa tentativa de amenizar o “vácuo” de seu âmago.[5]

Por fim, Sartre em sua filosofia, ao defender princípios existencialistas ateus, não admite que a angústia seja um quietismo (doutrina mística com objetivo de alcançar o ser superior através de uma oração de contemplação e passividade da alma), muito menos uma indolência. Pode – se verificar, então, que a liberdade de escolha se dá na angústia existente no ser como projeto rumo às próprias possibilidades e na construção de ser no mundo.

Já Rousseau identifica a liberdade no homem natural. Ele chama de homem natural a verdadeira essência do ser e, assim, afirma que o sujeito nasce livre. Segundo ele, dizer que o indivíduo é um ser que se encontra em estado natural é afirmar que este está inteiramente ligado à natureza, não podendo separar-se dela. A liberdade natural, assim chamada pelo filósofo, é um presente da natureza ao homem primitivo. Não se pode falar no significado conceitual de liberdade natural em Rousseau sem antes compreender as ideias de estado de natureza e realidade do homem primitivo.[6]

Para o pensador, o estado de natureza está incorporado ao homem, pode-se então perceber que esse estado é o momento mais adequado e mais oportuno para pensar em uma vida tranquila e realizada e nele que se encontram a liberdade e a igualdade, os maiores valores humanos. Quando o homem está nesse patamar, Rousseau o denomina de pré-social. Já a concepção de homem primitivo, pode ser dividida em dois aspectos: físico e metafísico. O aspecto físico do homem primitivo pode ser caracterizado não por dados biológicos necessariamente, mas sim por ser dotado de um físico forte, ágil, sadio e resistente, sendo assim, privilegiado pela natureza. No segundo aspecto, a preocupação do filósofo é em destacar que o caráter metafísico refere-se à espiritualidade do ser natural, ou seja, as capacidades próprias que o diferenciam de outros animais. Dentre elas, Rousseau sobressai a faculdade de pensar, a piedade, a perfectibilidade e, principalmente, a liberdade, a qual terá maior ênfase no texto.[7]

Um dos maiores objetivos ao discutir acerca do estado de natureza, destacando características do homem primitivo é relacionar a isso a ideia de liberdade natural. O que seria, para o pensador, essa liberdade? Como ela se revela na vida primitiva?

É possível compreender a liberdade natural a partir de dois aspectos do homem pré-social. Um deles é a independência e o outro, aptidão de escolha.[8]

A independência natural, para Jean-Jacques, se define a partir da liberdade para realizar qualquer ação, fazer tudo sem qualquer exceção. É notório que, no estado de natureza, não há leis sociais estabelecidas que impeçam qualquer prática. As regras que existem nesse estado são apenas as da natureza.[9]

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