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Lingua De Sinais

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Por:   •  18/8/2014  •  1.676 Palavras (7 Páginas)  •  400 Visualizações

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Título: Surdez e Linguagem

Olá, sou a professora Josiane Junia Facundo de Almeida, professora e Intérprete de Língua de Sinais Brasileira.

Trabalho como intérprete há 14 anos e na maior parte desse tempo fui voluntária, prestando serviços aos surdos em entidades públicas e particulares.

Fiz meu primeiro curso de Libras em 1995, e desde então, não perdi mais o contato com a comunidade surda.

Fiz parte da turma pioneira de intérpretes formados pelo Estado do Paraná, em 1998, com o compromisso de prestar serviços voluntários ao Estado por dois anos. Em 2004 comecei a atuar como intérprete em salas de inclusão na rede regular de ensino, sendo remunerada pelo Estado do Paraná.

Hoje estou aqui e pretendo dividir essa experiência com você. Tenho certeza de que, como eu, você vai se apaixonar pela Língua de Sinais Brasileira.

Surdez e Linguagem6

Primeiramente vamos falar sobre o conceito de surdez. É bastante comum ouvirmos as pessoas se referirem ao surdo como "mudo", ou pior, "mudinho", surdo-mudo, deficiente auditivo, entre outros. A maioria dos surdos não apresenta nenhuma deficiência no aparelho fonador, ou seja, seus órgãos internos e externos da fala estão intactos, por isso não podem ser considerados como mudos1.

Então por que alguns não falam quase nada ou fala diferente?

Todos os surdos vocalizam, algumas vezes produzem sons mais graves, outras vezes mais agudos, porém, por não ouvirem, não têm feedback auditivo2.

As pessoas da família ou outros ouvintes3, que convivem com a pessoa surda já estão mais acostumados com seu tipo vocal, por isso compreendem melhor o que ele diz.

A oralidade no surdo depende de alguns fatores, entre os quais estão o momento do aparecimento da surdez , que pode ser pré-lingual, peri-lingual ou pós lingual4; do grau de surdez, que varia de perda leve, perda moderada, perda severa, perda profunda e perda total5; e do estímulo da fala, que quanto mais precoce, maiores as possibilidades de uma criança com surdez severa ou profunda por exemplo desenvolver a oralidade.

Mas, por que Surdo?

Os surdos não se definem como deficientes porque procuram enfatizar o aspecto cultural e lingüístico da surdez e não a ausência de algo, no caso, da audição.

A existência de uma comunidade, que se identifica como grupo cultural, contribuiu para que os estudos sobre a surdez ganhassem espaço no campo dos estudos culturais. Antes disso, a surdez era exclusivamente objeto dos estudos médico- terapêuticos.

1Mudo é a pessoa incapaz de falar, por defeito do aparelho fonador (dicionário Silveira Bueno); Impossibilitado de falar, por defeito orgânico ou por acidente; silencioso; calado (dicionário on- line - Priberam); Privado do uso da palavra por defeito orgânico ou causa psíquica (dicionário Aurélio).

2O feedback auditivo é uma expressão para designar um retorno auditivo que permite o autocontrole da fala.

3Ouvinte é o termo utilizado pelos surdos para se referirem aos não surdos.

4A Surdez Pré-lingual é caracterizada pela total ausência de memória auditiva, sendo por isso extremamente difícil a estruturação da linguagem. A Surdez Peri-lingual surge nas crianças que falam mas que ainda não lêem, situação em que, se não existir um acompanhamento eficaz, se dá uma rápida degradação da linguagem. A Surdez Pós-lingual surge quando a criança já fala e lê, não se acompanhando praticamente de regressão devido ao suporte da leitura.

5Dependendo do grau de surdez, a prótese auditiva pode ser muito útil na aprendizagem da fala. Nos casos de perda severa à total, a prótese não produz muitos efeitos.

As Comunidades surdas e as Línguas de Sinais

Durante muito tempo e até algum tempo atrás, os surdos eram submetidos a duras e longas sessões de reabilitação da fala nas próprias escolas de surdos, cujo objetivo era transformar esses alunos num modelo mais próximo possível ao ouvinte.

A língua de sinais foi proibida nas escolas de surdos no final do século XIX e por quase cem anos, pois, muitos estudiosos da época acreditavam que a língua de sinais retardaria o desenvolvimento da fala e que contribuiria para a segregação dos surdos, excluindo-os da sociedade majoritária ouvinte.

Mas as línguas de sinais, que já estavam estruturadas em vários países e era utilizada pelos surdos para se comunicarem em outros contextos além do espaço escolar, sobreviveu, principalmente nas associações de surdos.

Até hoje as associações de surdos desempenham um papel fundamental de espaço de produção cultural e de disseminação da identidade e da cultura surda tendo a Língua de Sinais como elemento principal e determinante dessa cultura.

Em algumas cidades que não existem associações de surdos, eles costumam se reunir em locais específicos. Esses encontros podem ser em uma praça, um terminal urbano, um parque, entre outros.

PARA CONHECER AS ASSOCIAÇÕES DE SURDOS NO BRASIL ACESSE

http://www.cbsurdos.org.br

Segundo Tomaz Tadeu da Silva, autor do livro "Identidade e Diferença" "a identidade e a diferença são criações sociais e culturais".(p.76)

A identidade surda é criada e fabricada pelas pessoas surdas no convívio com outros surdos falantes de uma mesma língua.

Os estudos surdos, que se definem como uma ramificação dos estudos culturais, buscam aprofundar as questões que evidenciam a existência da identidade e cultura surda, ainda que os surdos estejam inseridos no meio ouvinte.

As comunidades surdas, atualmente, se articulam, assim como outras minorias étnico-lingüístico-culturais, na luta por reconhecimento lingüístico e por direitos que garantam sua liberdade de expressão e acessibilidade, facilitando seu desenvolvimento como ser humano integral e o exercício de sua cidadania.

O final do século XX e início do século XXI no Brasil têm sido fortemente marcados por movimentos surdos, resultando em conquistas bastante significativas para as comunidades.

A foto abaixo ilustra a passeata feita pela comunidade surda de Niterói-RJ, no dia 26 de setembro de 2006. A passeata com o tema "orgulho surdo" realizada no Dia Nacional dos Surdos, remete a sociedade a enxergar

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