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O Racionalismo

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Por:   •  1/12/2014  •  10.349 Palavras (42 Páginas)  •  192 Visualizações

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O Racionalismo

Para o racionalismo, a fonte do conhecimento verdadeiro é a razão operando por si mesma, sem o auxílio da experiência sensível e controlando a própria experiência sensível. Na teoria racionalista a percepção é considerada não muito confiável para o conhecimento porque depende das condições particulares de quem percebe e está propensa a ilusões, pois frequentemente a imagem percebida não corresponde à realidade do objeto. Para a concepção racionalista, o pensamento filosófico e científico deve abandonar os dados da percepção, trata-se de explicar e corrigir a percepção.

Se o nosso conhecimento tivesse sua única origem na experiência, seria possível aos animais, de constituição semelhante à nossa, adquirir um conhecimento, fundar ciências e filosofias. No entanto, toda tentativa de procurar infundir-lhes nossos conhecimentos tem malogrado. E "por que um cavalo, perguntava Spencer, não poderia receber a mesma educação que um homem?". A resposta racionalista é simples: porque há, no homem, antes de toda experiência, algo que não tem o cavalo, e que distingue aquele deste, que é a razão.

É importante esclarecer, no entanto, que essas diferenças, porém, não impedem que haja um elemento comum a ambas as teorias, qual seja, tomar o entendimento humano como objeto da investigação filosófica.

René Descartes

Muitas vezes chamado de “pai da filosofia moderna”, é considerado, ainda hoje, o maior filósofo francês de todos os tempos e um dos mais importantes do pensamento e da cultura ocidental.

Descartes nasceu no dia 31 de março de 1596 em La Haye (hoje, Descartes), Touraine, França. Em 1606 ou 1607, foi enviado ao Colégio Royal de La Flèche, onde permaneceu até 1615. Nesse colégio jesuíta, recebeu toda sua educação escolar, marcada pela combinação da escolástica tradicional e do saber emergente. Encontramos, no Discurso do método (Parte I), uma avaliação crítica à educação dos Jesuítas, embora Descartes tenha tido, em outras ocasiões, como diz Garber2, uma apreciação positiva de seus professores e do ensinamento rigoroso recebido.

Em 1618, viaja para a Holanda e se alista como voluntário no exército do príncipe Maurício de Nassau. Em novembro desse ano, conhece Isaac Beeckman, e esse encontro marca profundamente sua carreira. Os dois jovens se encontram por quase dois meses para discutir questões científicas: sobre física, matemática, medicina e música. No final de 1619 e no início de 1620, estando na Alemanha, ocorrem-lhe duas das ideias chave de seu pensamento: a da interconexão e união de todas as ciências, e da necessidade de um método único para garantir essa unidade. Contasse que, na noite do dia 10 ou 11 de novembro de 1619, teria tido três sonhos, cuja significação principal seria exatamente a de que a ele caberia a tarefa de executar tal projeto de unificação do saber. Nos anos seguintes, essa ideia inicial se transformará em um programa de pesquisa.

Nos anos seguintes, viaja pela Europa e abandona de vez sua pretensão a uma carreira militar. Em 1625, se encontra em Paris, onde permanecerá até os primeiros meses de 1629. Nesse período, sua pesquisa avança rapidamente. Liga-se ao Pe. Mersenne e ao grupo de pensadores que o circundam, estudiosos do mecanicismo e do anti-aristotelismo. São dessa época as Regras para a direção do espírito, embora as primeiras regras possam ter sido redigidas no período que se seguiu ao dos sonhos: a primeira regra trata exatamente da unidade da ciência e a quarta discute a necessidade e a unidade do método. As Regras são abandonadas em 1628 e publicadas apenas postumamente. Elas apresentam a reflexão mais detalhada e completa de seu método e de questões relacionadas à produção do conhecimento.

A partir de 1628 ou 1629, Descartes começa a investigar questões metafísicas e os fundamentos da física. Em busca de tranquilidade, deixa Paris e vai para a Holanda. No final de 1629 e início de 1630, elabora as suas primeiras meditações, mas cujo manuscrito não sobreviveu: elas atestam a ligação da metafísica com a física. Nesse mesmo período, pesquisa problemas de física (ótica e fenômenos luminosos, teoria do movimento, explicação mecânica dos corpos, explicação de fenômenos atmosféricos), bem como começa a estudar anatomia e medicina. Dessas pesquisas nasce o projeto do Mundo, no qual trabalha até meados de 1633.

No mês de novembro, fica sabendo da condenação de Galileu e renuncia à publicação desse tratado.

Desse projeto original, surgiram várias obras. O Mundo ou Tratado da luz e o Homem correspondem a suas partes centrais, ambos publicados postumamente. O primeiro apresenta seu sistema de física, conservado, em boa parte, nos Princípios; o segundo expõe sua teoria do corpo humano enquanto máquina e explica a digestão, a circulação, as operações dos sentidos etc., sempre de um ponto de vista mecânico. Os ensaios físicos, que serão publicados junto com o Discurso, também são dessa época.

Em 1637, Descartes publica sua primeira obra: o Discurso do método e os três ensaios ilustrativos do método: a Dióptrica, os Meteoros e a Geometria. Tais ensaios reúnem investigações feitas nos últimos oito anos, embora reestruturados. A Geometria contém, dentre outras coisas, os fundamentos do que virá a ser a Geometria Analítica, o uso das coordenadas (não exatamente como o nosso), equações da linha reta e de diferentes curvas etc. A Dióptrica trata da reflexão e da refração, do olho e sua estrutura, dos sentidos em geral e, em especial, da visão, e da confecção de lentes para melhorá-la. Os Meteoros propõem uma explicação mecânica de fenômenos sublunares ou meteorológicos: nuvens, tempestades, raios, arco-íris, neve etc. O Discurso do método, por sua vez, se torna rapidamente famoso, embora seja apenas um prefácio aos outros três textos.

Em suas seis partes, apresenta, dentre outras coisas, uma reflexão sobre a razão e sobre a educação que recebera, um esboço de seu método, por meio das suas famosas quatro regras, uma moral provisória, um esboço de sua metafísica e um resumo do Mundo e do Homem.

No final da década, Descartes começa a trabalhar nas Meditações, que foram publicadas em 1641, com seis Objeções e respostas, a sétima sendo incluída na edição de 1642. Em 1644, publica os Princípios da filosofia, obra cujas quatro partes apresentam sua metafísica, os princípios gerais da física e explicações de fenômenos astronômicos e físicos. É a expressão final de seu programa de filosofia natural.

Em 1643, se corresponde com a Princesa Elisabeth da Boêmia, com a qual discute questões como

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