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A Flora Do Cerrado

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Por:   •  22/4/2014  •  1.977 Palavras (8 Páginas)  •  474 Visualizações

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A FLORA DO CERRADO

“Lugar sertão se divulga: é onde os pastos carecem de fechos; onde um pode torar dez, quinze léguas, sem topar com casa de morador... O Urucuia vem dos montes oestes. Mas, hoje que na beira dele, tudo dá – fazendões de fazendas, almargem de vargens de bom render, as vazantes; culturas que vão de mata em mata, madeiras de grossura, até ainda virgens dessas há lá. Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães,é questão de opiniães... O sertão está em toda parte... O sertão é do tamanho do mundo...”

J.G. Rosa

Assim, o renovador da linguagem literária, o escritor brasileiro João Guimarães Rosa, na década de 50, reproduz o Cerrado:

- Do tamanho do mundo pois é tão extenso, do tamanho do mundo pois é tanta diversidade da flora que encerra!...

Essa imensidão que ocupa 23% do território brasileiro não possui uniformidade de fauna e de flora. Ao possuir fronteiras limítrofes com outros biomas do Brasil. O cerrado se enriquece com espécies que são características de outros biomas. Da Amazônia, da caatinga, do Pantanal, da Mata Atlântica, as espécies estendem-se para os cerrados e confundem-se com as espécies de sua flora nativa. São nessas faixas de transição que os biomas se entrelaçam, emprestando ao Cerrado características variadas, tornando-o tão diversificado, tão imenso.

Aos poucos, à medida que o solo e o clima se definem, o Cerrado mostra suas características próprias. A flora diversificada da região agrupa-se em ambientes diferentes, originando paisagens de aspecto fisionômico distinto numa mesma região. Ao descobrir o cerrado, um observador atento vai detectar esses aspectos distintos em sua vegetação. Ora, uma área formada de arvores baixas com galhos volumosos, cascudos e retorcidos, e uma folhagem rala, constituídas de folhas grossas, é vizinha de campos limpos, onde arbustos são escassos e arvores inexistentes.

Outras vezes, áreas imensas, onde predominam arbustos e vegetação herbácea, chocarri com a exuberância de uma vegetação mais densa, de arvores altas, situada ao longo de rios e vales supostamente férteis. E os buritis – Mairilia vinifera -, numerosos em áreas de arvores esparsas em campos sem arbustos ou arvores.

Localizado no Planalto Central brasileiro, o Cerrado ocupa uma área de 2 milhões de quilômetros quadrados. Cerca de 90% de seus solos são de uma fertilidade extremamente baixa e apresentam elevada acidez e toxidez, pela alta concentração de alumínio.

A temperatura media anual é de 21,6 ºC; media mais elevada de temperatura, registrada no mês de novembro, é de 25,5 ºC; a media mais baixa, registrada em julho, é de 12,6 ºC. A região goza de uma media de 218 horas do céu azul por mês, variando entre 303 horas em agosto e 125 horas em dezembro.

A distribuição temporal das chuvas é a característica agrometeorológica mais importante do Cerrado – a estação chuvosa, com cinco a sete meses de duração – de novembro a abril – concentram até 90% das precipitações. Na estação seca – maio a outubro – as chuvas são escassas.

Na estação das águas, as chuvas torrenciais ou as “criadeiras”chegam mudando a paisagem. Do marrom acinzentado e do aspecto de abandono do Cerrado, renasce numa beleza latente. Verde de todos os tons brotam nos arbustos, cobre os galhos nus de arvores troncudas; gramíneas, leguminosas e compostas ressurgem do solo seco e empoeirado. O Cerrado parece cantar novamente, é uma sinfonia de verdes e o sertão se embeleza mais uma vez. É quando exibe sua rica diversidade de espécies.

O Pau Santo, o Araticum, o Murici, entre outras tantas espécies, misturam o colorido de suas flores à massa verde suntuosa dessa época chuvosa.

Quando maio se aproxima, o verde vibrante do Cerrado vai se desbotando, muitas espécies perdem suas folhas, as gramíneas, as leguminosas e as compostas secam – a sinfonia verde aquieta-se. Parece que o Cerrado morre, mas não; nessa imensidão, onde o ocre acinzentado predomina, surgem cores vibrantes em arvores de galhos secos,escuros e retorcidos, em hastes minúsculas próximas ao chão esturricado, brotam flores miúdas de beleza impar.

O colorido dos Ipês , dos Buritis e das Cagaitas são os testemunhos de vida na vastidão ressecada com aspecto de abandono.

PLANTAS MEDICINAIS E FLORES

A flora do Cerrado possui uma incalculável fonte de drogas medicinais. No entanto, apenas 90 espécies de plantas são usadas com propósitos medicinais. Muitas são usadas pelos nativos desde os tempos imemoriais e hoje são comercializadas Brasil afora.. A Sucupira Branca, contra infecção, a Catuaba energizante, o Barbatimão cicatrizante, são alguns exemplos de drogas conhecidas e comercializadas.

As flores estão presentes na região durante todo o ano.Expressão, com seus formatos distintos e suas cores as mais variadas, da beleza dessa rica biodiversidade genética do ecossistema.

Apesar do solo bruto e das rudes condições climáticas do Cerrado – o sol, ás vezes, causticante, chuvas torrenciais, secas prolongadas, inverno com noites de temperaturas muito baixas -, as flores do Cerrado brotam por toda parte e em toda as estações. E brotam em condições e lugares quase impossíveis, contrastando sua delicadeza com a rusticidade poderosa do Cerrado. Num arbusto ressequido e quebradiço, numa arvore troncuda e cascuda, numa leguminosa, numa composta frágil, surgem flores delicadas, capazes de sensibilizar o mais indiferente ser humano. Esse contraste entre a rusticidade do Cerrado e a delicadeza de suas flores é surpreendente. Traduz uma beleza da qual estamos tão próximos e que, muitas vezes, nos passa despercebida.

FOGO

Fósseis de galhos carbonizados já foram encontrados na região. Tribos indígenas do Planalto Central do Brasil já utilizavam a pratica denominada “coivara”, a queimada, como forma de preparação do solo, utilizada pelos índios.

Aproveitavam, assim, o solo limpo, sem arrancar as espécies nativas, plantando suas roças; após a colheita, deixavam a área em paz para recobrar sua diversidade original.

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