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A Produção do Espaço de Belo Horizonte

Por:   •  2/10/2019  •  Trabalho acadêmico  •  1.421 Palavras (6 Páginas)  •  138 Visualizações

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4- Produção do espaço de Belo Horizonte .

COSTA e PEREIRA (1967) afirmam que, a história da cidade de Belo Horizonte está marcada por três momentos característicos: o primeiro momento, de 1897 a 1950, é o da presença forte do Estado tanto na construção da capital, quanto em sua grande reestruturação, no final dos anos 40 e início dos anos 50. O segundo momento, de 1950 a 1980, teria como característica central a efetiva consolidação da cidade como pólo econômico dinâmico, seja pela implantação de parque industrial significativo, seja pela diversificação e expansão de sua estrutura de serviços, seja pelo expressivo crescimento populacional. O terceiro momento, iniciado em 1980, e que se prolonga até agora, é assinalável por um conjunto de crises, que, paralizando a economia brasileira, acabou impactando, negativamente, a sociedade, que experimentará, neste tempo, expressivo empobrecimento seja pelo aumento do desemprego, seja pelo aumento da informalização do trabalho, seja pela redução da renda do trabalho, seja pela precarização da infra-estrutura.

Esses três momentos caracterizam o processo de formação e ampliação de Belo Horizonte, considerando inicialmente a cidade como planejada e sua grande expansão para zonas periféricas.

Ainda de acordo com COSTA e PEREIRA (1967)  Belo Horizonte nasceu de um gesto político, de uma motivação ideológica.  Ao realizar o velho ideal dos inconfidentes, de transferência da capital de Minas Gerais, os republicanos mineiros queriam acentuar tanto uma continuidade quanto uma ruptura: continuidade com o movimento inconfidente e seus valores, ruptura com a ordem imperial, com a casa bragantina, que havia reprimido o movimento, que ousara mesmo pensar em república e autonomia naquele final dos setecentos.

A mudança da capital mineira buscou sinalizar os novos tempos que a República queria inaugurar – tempo de progresso material, de progresso cultural, de cidadania e bem-estar coletivos. Belo horizonte foi, sob vários aspectos, uma espécie de cartão de visitas do novo regime. Seu traçado, sua fisionomia eram mais que uma metáfora da nova ordem que se buscava implantar, eram materializações de uma filosofia, de uma política, de uma pedagogia, de uma nova forma de sociabilidade. As ruas largas, as avenidas arborizadas, as numerosas praças, os espaços públicos generosos, o grande parque central da cidade eram a presentificação de uma nova proposta de vida comunitária em que a rua convidava ao convívio, à interação social.

De acordo com COSTA (1994, p15) Belo Horizonte nasceu sob o signo da industrialização, mas lhe foi negada nas dificuldades de seus primeiros governos. Nos anos 30, Belo Horizonte necessitava da expansão da indústria mineira. COSTA e PEREIRA (1967) afirmam que: as atividades econômicas, as estruturas produtivas, de comércio e serviços que a cidade abrigaria seriam aquelas necessárias ao atendimento das demandas por bens e serviços dos moradores da cidade não estando previsto o desbordamento destas atividades, a transformação da cidade em pólo econômico regional ou nacional. No essencial, os planejadores da cidade entendiam que a simples presença da capital do estado em região central do território induziria tanto uma reconfi- guração espacial das atividades econômicas, da infra-estrutura viária, de  transportes e comunicações, de movimentos migratórios, que redefiniriam a ocupação do espaço mineiro por meio de efetivo processo de integração e rearticulação regional.

Este crescimento de Belo Horizonte está fortemente ligado às características da dinâmica geral da economia mineira, que naquele período, e ainda hoje, apoiava-se, em grande medida, em atividades mínerio-metalúrgicas, atividades estas, que, concentradas na região metalúrgica do estado, têm em Belo Horizonte sua centralidade, seja como espaço de produção, seja, sobretudo, um espaço concentrador de serviços de apoio àquelas atividades COSTA (1994, p17). Em 1946, Belo Horizonte já participava com 31% da produção industria do Estado (contra 14% em 1920), e no ano seguinte a Zona Metalúrgia do Estado respondia por 44,7% do valor da produção industrial mineira (contra 32% em 1920).

 “(…) Belo Horizonte entra nos anos 50 intensificando o processo de verticalização. O centro, lugar de profusão de cafés e cinemas começa a ceder espaço á diversificação dos serviços urbanos. Uma vida cultural diversificada, indicando os primeiros sinais de metropolização.” (COSTA ,1994, p38)

A vida sócio-cultural no inicio da década de 60 respondeu por uma mudança expressiva no contexto do imaginário urbano. A segregação espacial, a expansão desconexa e a tendência a conurbação da área central materializavam o crescimento da Capital.

Com o crescimento urbano dos anos 60 e 70, COSTA (1994,p 44) refere-se que “ A acessibilidade aos bens culturais e ao lazer está condicionada pelo capital cultural e eco- nômico da população. Essa condição fragmenta as manifestações sócios-cuturais, criando ressonância nos espaços. Se transformando em espaços de sociabilidade. “

Com base nessa reflexão COSTA e PEREIRA (1967) afirmam: Belo Horizonte, como qualquer cidade, se caracterizará pela concentração de atividades terciárias. É o fato de concentrar serviços que distingue a cidade, qualquer cidade, de qualquer outra concentração populacional. Neste sentido, Belo Horizonte nasce e se expande como cidade que é cidade, isto é, cidade que tem na oferta de serviços sua marca específica. Escolas, hospitais, templos religiosos, clubes e associações, centros de pesquisa e de apoio a atividades técnicas, administrativas, comerciais, produtivas, espaços de lazer e aprimo- ramento cultural, lojas e restaurantes, hotéis, bares e cinemas, teatros e museus, são os elementos de sua topografia diversa,

No período dos anos 70-80, COSTA e PEREIRA (1967) concluem que: As duas décadas que se seguiram, os estudos sobre dinâmica imobiliária e fundiária urbana produziram uma reflexão bastante consistente sobre a lógica de atuação dos agentes sociais na produção do espaço urbano, a partir da qual se buscava explicar a consolidação de um padrão de urbanização marcado pela desigualdade extrema, que se manifesta nas já bem conhecidas múltiplas formas de segregação socioespacial e informalidade/ilegalidade urbana. Mais recentemente, como parte da conhecida estratégia de produção de “novas mercadorias”, fundamental para a sobrevivência do processo de acumulação e em consonância com os também bastante discutidos movimentos de enclausuramento e auto-segregação, os loteamentos fechados vêm se espalhando rapidamente pelo espaço urbano brasileiro, forjando novos conceitos de moradia, justificados pelo discurso da segurança e da qualidade ambiental.

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