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Análise dos Aspectos Socioculturais: Cultura Nordestina Representada no Conflito Guerra De Canudos (1896 – 1897)

Por:   •  22/5/2016  •  Trabalho acadêmico  •  2.292 Palavras (10 Páginas)  •  765 Visualizações

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ANÁLISE DOS ASPECTOS SÓCIO-CULTURAIS:

Cultura nordestina representada no conflito Guerra de Canudos (1896 – 1897)

Antônio Carlos Barbosa dos Santos Graduando de Geografia da UEPB              e-mail: ninnobro@hotmail.com                                                                                                                                                                                                                                                                    

RESUMO

O presente trabalho pretende discorrer sobre um episódio conflituoso de ordens social, econômica, política e religiosa que marcou a história da República Federativa do Brasil no sertão da Bahia no final do século XIX, o mesmo ficou conhecido como Guerra de Canudos. A intenção aqui é procurar fazer uma análise do evento tomando por base os aspectos culturais que envolvem todo o cenário dos acontecimentos fazendo comparações com os dias atuais relacionando a história da cultura, a paisagem e área culturais, os processos de transmissão de cultura, a questão religiosa no processo cultural e as questões que caracterizam o espaço. O embasamento para essa discussão está arraigado nas avaliações e nas obras escritas por autores voltados à área da cultura, (discutidas em sala de aula), fundamentado, também, no filme Guerra de Canudos (visto em sala) e na aula de campo ministrada no Museu Vivo do Nordeste, situado no bairro de Bodocongó na cidade de Campina Grande-PB.

Palavras-chave: Cultura, Guerra de Canudos, Religião, Paisagem e Área Cultural.

INTRODUÇÃO

    Falar de cultura é, fazer uma viagem no tempo onde passado e presente se relaciona trazendo à tona uma gama de respostas para perguntas que têm sido feitas ou não ao longo dos séculos. O significado de cultura possui uma complexidade muito intrigante, está implícita nas raízes dos povos e nas inúmeras gerações e relações humanas, desde as mais primitivas até as chamadas contemporâneas, lembrando que, o indivíduo isolado não produz cultura, é pertinente que ele esteja inserido num determinado grupo ou comunidade, logo cultura, é uma chave para a compreensão sistemática de diferença e semelhança entre os homens.

    O ser humano possui, ao longo da história, uma necessidade natural de viver em sociedade, participando ativa ou passivamente das relações sociais. A vida em sociedade é uma prática cultural que vem sendo arrastada desde os primórdios da humanidade, e que permite o desenvolvimento de outras culturas dentro do seu universo cultural.  Dessa forma ele [o homem] segue metamorfoseando seu modo de vida e comportamento dentro de um espaço social por ele transformado, ou seja, o modo de vida do homem não pode existir sem as ações (ditas sociais) obtidas através das relações sociais com seus semelhantes. Ao praticar ações sociais, o homem passa a fazer parte da condição de sujeito coletivo de determinado local onde terá a incumbência natural de assumir um papel social no processo de transformação do espaço, ou seja, tudo o que é transformado ou criado se dá num determinado espaço que, por sua vez, é sempre geográfico. De acordo com Silva (1991, p. 24):

A localização é um dado natural e social, permeado pela cultura, pelo desempenho de papéis, que ultrapassa as determinações ecológicas, permitindo a previsão de novas configurações ambientais. Ela é, por isso, o lugar de ocorrência e manifestação, assim como o próprio lugar em si no conjunto das realizações simbólicas e não-simbólicas, materiais ou não, produzidos pelos homens.

    Dessa forma, o mundo se recria de acordo com a relação homem-natureza, e esse domínio humano vai se ampliando e adquirindo novos significados, onde o homem produz sua própria existência pelo processo de conhecimento das técnicas produtivas que permitem a transformação do espaço. Essas práticas culturais se movimentam através das relações de transmissão e são herdadas pelas gerações vindouras. O produto concreto dessa força produtiva e recriadora estão materializados nas divisões territoriais, nas construções de cidades, no cultivo agrícola do campo, entre outros. Para Carlos (2007, p. 29):

O desenvolvimento histórico produz um espaço a partir da unidade dialética homem-natureza. Pelo processo de trabalho social [...] o espaço geográfico é construído no processo de desenvolvimento da sociedade.

  1. A RELIGIÃO NO CENÁRIO DE CANUDOS: A igreja de Antônio Conselheiro.   

     O Nordeste brasileiro, no final do século XIX, apresentava uma sucessão de problemas de ordem econômica e social tais como altas taxas de desemprego, grandes períodos de escassez de chuva, indiferença política a respeito da situação por parte dos governantes e o fanatismo religioso que direciona, a partir de agora, o foco da discussão que segue acerca das peculiaridades do extinto Arraial de Canudos, antes uma fazenda que fora abandonada no sertão da Bahia e depois ocupada por Antônio Conselheiro e seus seguidores.

    O cenário político brasileiro estava passando por uma série de mudanças devido aos impactos causados pelas influências do regime republicano que foi instaurado em 1889. O Brasil tratava de negócios com outros países que adotavam o capitalismo como sistema econômico com intuito de acentuar a exportação de produtos agrícolas (café, açúcar e borracha) e também a importação de produtos de gênero alimentício (arroz e feijão) onde, esses últimos subiam de preço absurdamente e consequentemente, por conta da pouca condição aquisitiva da maioria da população, aumentava a fome e a miséria no Nordeste brasileiro que rapidamente se esvaziava.

    É justamente inserido nesse contexto histórico, nesse cenário de fome e miséria que surge um dos mais caricatos e revolucionários personagens da história do Brasil, Antônio Vicente Mendes Maciel (Antônio Conselheiro) que peregrinava pelo sertão desde 1870 e o fez durante 25 anos, trazendo consigo a reputação de beato. Com a ajuda do filme Guerra de Canudos (do diretor Sérgio Rezende) exibido em sala de aula e de leituras de apoio que irei procurar fazer algumas observações, relacionadas à geografia cultural, na esfera da religião, do episódio em destaque.

    Antônio Conselheiro não era padre, não rezava missas e nem exercia nenhuma função eclesiástica na organização institucional da Igreja Católica, no entanto pregava a religião cristã. Era celebrado por onde passava, anunciava a palavra de Deus e pronunciava os seus sermões em forma de ladainha (invocações curtas e respostas repetidas), além disso, arregimentava seus seguidores na recuperação e reformas de igrejas deterioradas, na pavimentação de estradas, na construção de muros para cemitérios, etc., e com isso adquiria grande simpatia da população e dos padres encarregados das paróquias reformadas das pequenas localidades ou lugarejos do sertão nordestino que ele cruzava em suas andanças. Apesar disso, O Conselheiro vivia sob os olhos espertos e atentos da Igreja, que o via também como uma ameaça, devido à quantidade de adeptos que o seguia em suas peregrinações. O alto clero (corporação dos sacerdotes) da Igreja temia que o beato contraísse muito poder e consequentemente maior autonomia religiosa.

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