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Quebradeiras de coco babaçu medio mearim

Por:   •  22/4/2022  •  Artigo  •  3.757 Palavras (16 Páginas)  •  100 Visualizações

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QUEBRADEIRAS DE COCO BABAÇU: Construção do Território e reconhecimento de uma Identidade.

Mayara Karla Silva Montenegro[1]

Resumo: Este artigo vem com o objetivo de analisar como os movimentos sociais do campo que contribuem na construção do território e conquistam o reconhecimento de uma identidade. E a partir dessas conquistas criam seu território. Produzindo novas formas de lidar com seu espaço por meio do uso sustentável dos recursos naturais.

Palavra-chave: Território. Identidade. Quebradeiras de coco. Movimentos sociais.

Resumen: Este artículo viene con el objetivo de analizar cómo los movimientos sociales del campo que contribuyen en la construcción del territorio y conquista el reconocimiento de una identidad. Y a partir de esas conquistas crean su territorio. Produciendo nuevas formas de lidiar con su espacio a través del uso sostenible de los recursos naturales.

Palabra clave: Territorio, Identidad, Quebradoras de coco, movimientos sociales.

  1. INTRODUÇÃO

No Maranhão existe uma grande abundância de palmeiras de babaçu, são milhões de hectares espalhados por todo o território maranhense de babaçu. O babaçu gera uma economia para as populações que vivem no Estado, famílias inteiras quebram o coquinho para subsistência e venda, transformando a amêndoa de babaçu em uma economia que gera renda para as famílias de trabalhadores rurais.

A palmeira de babaçu pode ser aproveitada integralmente, todas as suas partes são aproveitáveis para os mais diversos interesses, dentre eles: No epicarpo, a camada externa, a casca do coco, por exemplo, é usado para a fabricação de estofados, embalagens, carvão para uso doméstico e também podendo ser utilizado como adubo orgânico. A segunda camada é chamada de mesocarpo é usada na fabricação farinha, utilizada também como medicamento. O endocarpo pode ser usado na confecção de artesanatos por ser uma camada resistente. E enfim, as amêndoas, que são utilizadas para os mais diversos meios, da amêndoa se fazem o azeite/óleo, o sabonete, a farinha de babaçu, também pode ser usada na indústria cosmética e alimentícia. Todas essas utilidades da palmeira de babaçu vêm sendo estudada há bastante tempo.

O babaçu é uma palmeira que representa uma riqueza natural digna de tôda atenção pelos poderes públicos, dadas as suas inúmeras utilidades. Dela são extraídos, hoje em dia, sobretudo o óleo empregado nas indústrias de comestível e de sabão, e a torta para alimentação do gado [...] (VALVERDE, 1957:3).

Em pesquisa mais recente, o uso do babaçu para produção de biodiesel vem tomando espaço nos espaços de debate atual. Como um produto de maior qualidade e que já é utilizado em pesquisas e apresenta um grande potencial do óleo do babaçu que mostra todo o seu potencial na indústria.

Apesar disso, a palmeira de babaçu vem sofrendo com as degradações do meio ambiente, e perdendo espaço para as práticas agrícolas do Agronegócio. Para cultivo de milho, soja, a pecuária, o plantio de eucalipto. E essas questões vem a ocasionar a falta de acesso e a escassez das áreas abundantes de palmeiras, por conta do cercamento, envenenamento e corte. Grande parte dessas dificuldades está ligada a lei de Terras de 1850, criada durante o período imperial no Brasil, e a Lei de Terras de 1969 no Maranhão, conhecida como Lei Sarney, passando milhões de terras para mãos de latifundiários.

Nessa perspectiva analisaremos a relação entre Identidade e Território abordando algumas discussões que ajudam no entendimento desses conceitos e como ele se configura na reflexão acerca da construção da identidade das quebradeiras de coco. E a partir daí, discorremos sobre a formação do território das quebradeiras de coco. E de como o processo de resistência veio a exercer papel essencial nesta construção e fortalecimento de uma identidade coletiva. A partir da organização de movimentos sociais elas constroem sua territorialidade enfrentando vários conflitos em prol da garantia e aquisição de direitos, assim fazendo surgir novas formas de poder.

        

  1. COMPREENSÕES ACERCA DO CONCEITO DE TERRITÓRIO E IDENTIDADE

Na análise de território segundo RAFFESTIN (1993), ele discorre que território é um conjunto de relações, nisto compreende-se que não só as relações do ser humano entre si, mais todas as outras que são necessárias para se viver com outras pessoas. Como a questão da relação ambiental, economica, religiosa, e política. Enfim, é uma cadeia de relações sempre interligadas que possibilitam o ser humano viver e se relacionar com o outro, compartilhando experiências, conhecimento, forma de vida, cada um vivendo sua realidade da sua forma, porém estabelecendo ligações dentro de sua comunidade.

A construção de um território deverá sempre ter como base esse conjunto de relações que se interligam e possibilitam seu desenvolvimento. Eis a diferença do que seja espaço e o território. Pois, um lugar sem marcas do vivido, relações compartilhadas, heranças e memórias não é um território, é apenas um espaço “oco”.

Nesse contexto, da interação do ser humano, estabelece-se uma identidade, o conceito de identidade se faz na narrativa de que as pessoas ao conviverem em um mesmo território estabelecem e se reconhecem através de seu cotidiano, na vivência diária. A proximidade e o compartilhamento do seu cotidiano, sua cultural, modo de vida e trabalho. Faz com que se reconheçam portadores de uma identidade coletiva, baseada nas relações dentro de seu espaço. E manifestem-se para a preservação e constituição de melhorias para o ambiente em que vivem.

As mulheres que quebram coco babaçu ao assumirem, e se identificarem dentro de um grupo que pratica e se reconhecem num grupo através do exercício de uma atividade, possuindo uma identidade coletiva. Passam a se auto reconhecer como quebradeiras de coco. A sua identidade construída através do exercício de uma atividade em comum, faz com que eles juntem-se, se reunam e mobilizem-se com o intuito de conseguir a preservação de seu território, ao se depararem com a destruição de um recurso, seu bem natural, que lhes alimenta e possibilita terem uma renda e sustentar suas famílias organizam-se por uma luta de direitos. Daí surgem o auto reconhecimento e a aquisição de uma identidade. A identidade de quebradeiras de coco, buscando proteger seu território e assim, demarcar sua territorialidade.

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