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Por:   •  21/4/2014  •  1.717 Palavras (7 Páginas)  •  310 Visualizações

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CRITÉRIOS PARA A SELEÇÃO DOS CONTEÚDOS

Do mesmo modo que existem várias razões que justificam a presença da geografia nos currículos escolares do ensino fundamental, são muitas as formas de definir os critérios para a seleção dos conteúdos. O importante é que esses critérios não são excludentes, ou seja, uma boa seleção de conteúdos deve levar em conta todos eles: o científico, tecnológico, cultural e pedagógico.

O critério científico possibilita compreender a realidade do mundo em que vivemos, numa pluralidade de abordagens para o entendimento do espaço geográfico. Essas abordagens são a crítica, que se refere à compreensão e explicação do processo de produção do espaço geográfico sem se restringir às determinações econômicas; a cultural ,que incorpora a explicação perceptiva, subjetiva e contextualizada da diversidade cultural dos espaços geográficos, identificados na tradição, etnia, religião, linguagem, costumes, crenças, gênero e valores, e a socioambiental, que problematiza as graves questões decorrentes das relações contraditórias e conflituosas entre sociedade e natureza, sociedade e espaço, do presente.

As três abordagens, crítica, cultural e socioambiental, são transversalizadas pela dimensão formadora propiciadas pela educação ambiental e patrimonial que se contrapõem à tendência globalizadora. Esta incita o consumismo, a uniformização de hábitos e costumes, invalida referências valorativas sobre as quais os indivíduos e grupos constroem a sua identidade. A rede da educação patrimonial e ambiental leva à construção de sociedades sustentáveis. Portanto, é responsabilidade dos educadores fomentar a construção de novos conhecimentos, mentalidades e comportamentos comprometidos com esse objetivo.

É preciso derrubar as rígidas fron teiras entre as diferentes abordagens geográficas, e entre elas e as disciplinas da área de ciências humanas, para que possamos, com múltiplos olhares, estudar, desvendar e explicar as complexas realidades socioespaciais plurais do mundo contemporâneo, compartilhando das reflexões do geógrafo Milton Santos: “... partir da consciência da época em que vivemos. Isto significa saber o que o mundo é e como ele se define e funciona, de modo a reconhecer o lugar de cada país no conjunto do planeta e o de cada pessoa no conjunto da sociedade humana. É desse modo que se podem formar cidadãos conscientes, capazes de atuar no presente e de ajudar a construir o futuro”.

A seleção de conteúdos sob a ótica do critério tecnológico coloca um duplo desafio para a prática educativa. De um lado, é preciso levar em conta os novos signos que a modernização econômica impõe ao espaço geográfico: a tecnociência com suas constantes inovações e mudanças no padrão de consumo; o avanço das telecomunicações, transportes e serviços; a reorganização das empresas e o fim do emprego. E, de outro lado, o novo paradigma da economia ecológica que, ao buscar compreender as intrincadas relações entre desenvolvimento econômico, eqüidade social e sustentabilidade ambiental, propõe a valoração econômica ambiental como instrumento na gestão de recursos ambientais, inserindo o meio ambiente nas estratégias de desenvolvimento econômico

Os seres humanos vêm experienciando, ao longo do tempo histórico, a transformação do mundo natural em um mundo humano, tendo como mediação o trabalho social sustentado por códigos de comunicação impregnados de significados; não só a linguagem, como também o gesto, o vestuário, a conduta pessoal e social, os rituais, a música, a pintura e as edificações. Toda ação humana na natureza resulta em produção material e simbólica: o Espaço Geográfico. O critério cultural se refere, pois, à produção simbólica do mundo vivido em seus diferentes gêneros ou estilos de vida que, por sua vez, conformam paisagens culturais histórica e geograficamente específicas, responsáveis pela diversidade espacial

No critério pedagógico, os conteúdos escolares são também vistos como conceitos, procedimentos e atitudes recortados da cultura humana e ressignificados sob a ótica do desenvolvimento de competências e da lógica da recursividade. Tais dimensões do conhecimento são estruturadores para se ensinar e aprender Geografia.

Dos conceitos propostos para serem recursivamente trabalhados, destacam-se: o território, o lugar, a paisagem, as redes e a região.

O território é priorizado porque incorpora a delimitação das relações de poder, o domínio e a apropriação de porções do espaço usado política, econômica e culturalmente. No território estão os homens, grupos sociais, povos. Eles conferem ao espaço, lugar, paisagem ou região uma territorialidade identificada nos processos de formação e transformação dos domínios pela tecnologia que, por sua vez, incorpora redes e técnicas usadas e apropriadas por meio do trabalho, da cultura e outras relações de poder.

O lugar, no sentido de referência, localização e orientação espacial, que transita entre o local, o regional e o mundial. Nele se reconhecem identidades, pertencimento, culturas, singularidades dos povos e civilizações, características físicas, bem como as formas como essas condições são enfrentadas, transformadas ou determinantes de certo modo de vida nos diferentes lugares do planeta.

O olhar sobre o visível, que permite ler a paisagem percebida através dos sentidos. A partir dessa percepção da paisagem, inferese acerca da complexidade da vida social contida em seus elementos culturais, políticos, econômicos e ambientais, enfim, naquilo que a anima e lhe dá vida pela força dos símbolos, das imagens e do imaginário;

A rede e região são também priorizadas porque são unidades espaciais dinâmicas que dão visibilidade aos fenômenos socioespaciais contextualizados no Espaço Geográfico. A rede, na perspectiva dos fluxos e deslocamentos de idéias, pessoas e produtos, modificam, transgridem, ampliam e modernizam os lugares, territórios, paisagens e regiões, numa velocidade cada vez mais intensa de redes legais e redes ilegais. E, a região, por facilitar a análise da realidade em recortes sucessivos de fenômenos socioespaciais, econômicos, políticos, culturais e ecológicos.

O trabalho pedagógico com conceitos requer a explicação de alguns princípios e orientações, tais como:

1 - a extensão, que se relaciona à escala geográfica, possibilitando distribuição dos fenômenos socio-espaciais e à escala cartográfica, um instrumento de representação e análise do espaço que perpassa todo

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