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A Guerra do Paraguai e a Crise do Império: uma Questão Militar

Por:   •  6/6/2015  •  Pesquisas Acadêmicas  •  3.454 Palavras (14 Páginas)  •  341 Visualizações

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UNIRIO – UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

A Guerra do Paraguai e a Crise do Império: uma Questão Militar

Tópico em História Contemporânea

Prof. Ricardo Salles

Alunos (a): Natasha de Castro

2014.1

  1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem o objetivo de analisar a Guerra do Paraguai[1] (1864-1870), tendo em vista suas implicações políticas, econômicas e sociais, referentes à crise do Império. Em um primeiro momento, de forma bem sucinta, apresentarei os antecedentes do conflito e a própria guerra em si. Em seguida, evidenciarei o debate historiográfico existente, procurando demonstrar as diferentes interpretações acerca deste importante evento histórico. Na segunda parte do trabalho, a discussão principal girará em torno da grande crise do Império, tendo como foco as consequências da guerra e toda questão militar.

  1. OS ANTECEDENTES DA GUERRA

         No século XIX, as nações americanas emancipadas após a crise do sistema colonial lançaram-se ao desafio de estabelecer a soberania política e econômica de seus territórios. Essa seria uma tarefa bastante difícil, pois passados séculos de dominação colonial, esses novos países teriam que enfrentar os desafios estabelecidos pelo capitalismo industrial e financeiro do período.

 Segundo alguns estudiosos, o processo de independência das nações latino-americanas não significou o fim da subserviência política e da dependência econômica. Sob outros moldes, esses países ainda estavam presos a instituições corruptas e à antiga economia agroexportadora. Contrariando essa tendência geral, durante o século XIX, o Paraguai implementou um conjunto de medidas que buscavam modernizar o país.

Nos governos de José Francia (1811-1840) e Carlos López (1840-1862) o analfabetismo foi erradicado do país e várias fábricas foram instaladas com o subsídio estatal. Além disso, foi melhorado o abastecimento alimentício com uma reforma agrária que reestruturou a produção agrícola paraguaia ao dar insumos e materiais para que os camponeses produzissem. Esse conjunto de medidas melhorou a condição de vida da população e fez surgir uma indústria autônoma e competitiva.

        No ano de 1862, Solano López chegou ao poder com o objetivo de dar continuidade às conquistas dos governos anteriores. Nessa época, um dos grandes problemas da economia paraguaia se encontrava na ausência de saídas marítimas que escoassem a sua produção industrial. Os produtos paraguaios tinham que atravessar a região da Bacia do Prata, que abrangia possessões territoriais do Brasil, Uruguai e Argentina.

Segundo alguns historiadores, essa travessia pela Bacia do Prata era responsável, vez ou outra, pela deflagração de inconvenientes diplomáticos entre os países envolvidos. Visando melhorar o desempenho de sua economia, Solano pretendia organizar um projeto de expansão territorial que lhe oferecesse uma saída para o mar. Dessa maneira, o governo paraguaio se voltou à produção de armamentos e a ampliação dos exércitos que seriam posteriormente usados em uma batalha expansionista.

No entanto, outra corrente historiográfica, a revisionista, atribuiu o início da guerra aos interesses econômicos que a Inglaterra tinha na região. De acordo com essa perspectiva, o governo britânico pressionou o Brasil e a Argentina a declararem guerra ao Paraguai alegando que teriam vantagens econômicas e empréstimos ingleses caso impedissem a ascensão da economia paraguaia. Com isso, a Inglaterra procurava impedir o aparecimento de um concorrente comercial autônomo que servisse de modelo às demais nações latino-americanas.

Sob esse clima de tensão, a Argentina tentava dar apoio à consolidação de um novo governo no Uruguai favorável ao ressurgimento do antigo Vice Reinado da Prata, que englobava as regiões da Argentina, do Paraguai e Uruguai. Em contrapartida, o Brasil era contra essa tendência, defendendo a livre navegação do Rio da Prata. Temendo esse outro projeto expansionista, posteriormente defendido por Solano López, o governo de Dom Pedro II decidiu interceder na política uruguaia.

Após invadir o Uruguai, retaliando os políticos uruguaios expansionistas, o governo brasileiro passou a ser hostilizado por Solano, que aprisionou o navio brasileiro Marquês de Olinda. Esse fato, mais a invasão do território brasileiro sem declaração de guerra, foram a justificativa oficial para a entrada do Brasil na guerra. Dessa maneira, o Brasil estaria agindo em legítima defesa. A Inglaterra, favorável ao conflito, concedeu empréstimos e defendeu a entrada da Argentina e do Uruguai na guerra. No novo modelo explicativo o conflito é visto como parte do processo de expansão do imperialismo inglês pelo mundo.

  1. A GUERRA E SUAS CONSEQUÊNCIAS

No dia 13 de dezembro de 1864, Solano López declarou guerra ao Brasil e invadiu o Mato Grosso. Depois, quando quiseram invadir o Rio Grande do Sul, a Argentina negou autorização de passagem ao exército paraguaio, o que fez com que López também declarasse guerra ao país, em 18 de março de 1865.

 Em 1865, Uruguai, Brasil e Argentina formaram a Tríplice Aliança com o objetivo de aniquilar as tropas paraguaias. Inicialmente, os exércitos paraguaios obtiveram algumas vitórias que foram anuladas pela superioridade do contingente militar e o patrocínio inglês da Tríplice Aliança. Os objetivos originais da guerra eram a derrubada da ditadura de Solano López, a livre navegação dos rios Paraguai e Paraná, a anexação do território reivindicado pelo Brasil no nordeste do Paraguai e pela Argentina no leste e oeste.

No Brasil, para aumentar esse contingente, muitos escravos brasileiros foram libertados para irem para a guerra. Como os jovens brancos muitas vezes fugiam, o recrutamento pegava, além dos escravos, presidiários e até mesmo bêbados nas ruas.

“O maior desafio para o governo imperial era a desorganização do seu Exército e o estado de animo da tropa brasileira que beirava a desobediência que poderiam impedir qualquer ação de envergadura contra o inimigo que poderia, assim , consolidar posições no interior do país.Se isso ocorresse o pior dos quadros para o Rio de Janeiro, a saída seria uma paz negociada para o fim do conflito.” (DORATIOTO, p. 396)

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