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A Cidade do Rio de Janeiro e o Sonho de Uma Capital Americana

Por:   •  21/2/2022  •  Resenha  •  1.096 Palavras (5 Páginas)  •  83 Visualizações

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Davi Rodrigues Silva – Matrícula 17216090276

Polo Resende / Rio de Janeiro

A professora Maria Fernanda Bicalho possui um currículo muito consistente. Graduada em História, Mestre em Antropologia Social e Doutorado em História Social. Também fez pós-doutorado e é professora visitante em Universidades no exterior. Dito isso, acredito que ela, no artigo A cidade do Rio de Janeiro e o sonho de uma capital americana: da visão de D. Luís da Cunha à sede do vice-reinado (1736-1763), procura percorrer o caminho que levou a cidade, conhecida hoje, como maravilhosa, construir reputação suficiente para tomar a si a centralidade que almejava e também escancarar as manobras dos que a governaram para que o objetivo fosse alcançado.

Trata-se do artigo publicado no primeiro semestre de 2011.

Ao partir das ideias de D. Luís da Cunha, conselheiro real, me lembra também Maquiavel, autor do conhecido O Príncipe, publicado em 1532, que em sua obra tinha por finalidade, dar conselhos ao governante para reconstruir a Itália. Se o objetivo não fosse reconstruir Portugal, Dom Luís, pensou principalmente sobre a possibilidade de Portugal manter-se grande e impressionar as demais cortes europeias. Em ambos, com suas discrepâncias, de acordo com a época vivida, assumem que os fins justificam os meios.

Maria Fernanda apresenta o currículo de D. Luís da Cunha. Nascido em 1662, em Lisboa e filho de nobres. Após se formar na Universidade de Coimbra, seguiu como para Londres como enviado especial. De lá, para a Holanda, participando das negociações para o fim da Guerra de Sucessão Espanhola. Retornou a Londres, passou pela Holanda, Madri, Paris, Bruxelas e Haia. Andanças que proporcionaram uma visão peculiar da posição de Portugal perante outros reinos e as implicações que poderiam prejudicar o Reino. Aos 74 anos, começa redigir Instruções Políticas, objeto de estudo aqui.

Um dos motivos para a sugestão de mudança, fora sem dúvida, a descobertas de minas de ouro e diamante. Além de facilitar a importar mais escravos e produzir gêneros alimentícios não possíveis em Portugal. O Brasil era e é uma terra fértil. Outro entrave é a influência cada vez maior da Igreja no governo português.

“Para responder a esta questão, é necessário saber que coisa ele [o reino de Portugal] é senão (como já considerei) uma ourela de terra, que divido em três partes: de que a primeira não é (ainda que o poderia ser) bem cultivada, que a segunda pertence às Ordens eclesiásticas, compreendendo as monástica; e que a terceira produz um pouco de grão, que todavia não basta para a subsistência de seus moradores, sem que lhe venha de fora. (SILVA, 2001, p.366-367)” (pagina 40).

Salvador, capital do Brasil desde 1549, vai perder o posto para o Rio de Janeiro em 1763. O Rio de Janeiro já vinha se desenvolvendo e se preparando para assumir o protaganismo. Desde meados do século XVII, questões geopolíticas fizeram crescer a importância da cidade.

“Durante a União Ibérica forjaram-se conexões mercantis intercoloniais que fizeram afluir par ao porto fluminense, mercadorias, prata e mão de obra escrava provenientes do tráfico negreiro e da ação dos paruleiros.” (página 41)

Outra razão para a mudança, que a autora deixa claro foi a habilidade política e a estratégia empreendida por Salvador Correa de Sá, governador do Rio de Janeiro em ocasiões distintas, além de ser membro do Conselho Ultramarino. Sua fidelidade a Coroa lhe proporcionou benesses como a nomeação capital-general da Repartição do Sul.

Vale ressaltar também que vitórias e serviços prestados a dinastia de Brangança, o Rio de Janeiro conquista simpatia impar, sendo capaz de se transformar numa das “mais promissoras cidades do império português, tanto por sua posição geográfica, política e econômica, quanto por razões atreladas a uma conjuntura imperial específica.” (página 45)

O Rio de Janeiro conseguiu se tornar a capital do Brasil, porque seus governadores já assumiam há tempos a gestão de vastos territórios, de São Paulo ao Prata, de Minas a Ilha de Santa Catarina; interesses, negócios diversificados e política.

Embora a autora percorra um caminho de fácil compreensão, falta-lhe deixar claro para o leitor um pouco mais sobre o pensamento e as influencias de D. Luís da Cunha. Portugal deveria seguir o absolutismo, que logo mais sofrerá um declínio, a nobreza e a Igreja estão cada vez mais envolvidas nas questões do Estado. D. Luís da Conha, devido a sua experiência como embaixador, está deslumbrado com o Iluminismo e as possibilidades econômicas do mercantilismo, que prega justamente a separação do Estado e da Igreja, conhecido como despotismo esclarecido.

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