A Crise e Desagregação do Socialismo
Por: JalisonGabrielle • 25/5/2025 • Trabalho acadêmico • 1.148 Palavras (5 Páginas) • 17 Visualizações
FICHAMENTO DO TEXTO
Filho, D. A. (2008). Crise e desagragação do socialismo . Rio de Janeiro: civilização Brasileira.
Desde meados do século XIX, quando se estruturou como teoria da História, o socialismo contemporâneo sempre se caracterizou por uma grande autoconfiança, manifestando a certeza de que suas propostas tenderiam a se impor, mais cedo ou mais tarde, não principalmente pelo poder de convencimento de seus argumentos, embora isto também contasse, mas porque forças económicas, sociais e políticas, de modo objetivo, trabalhavam em favor de sua vitória. (p.163)
Essa confiança mostra que o socialismo não era apenas uma ideologia, mas uma inevitabilidade histórica impulsionada por tendências socioeconômicas profundas. Essas tendências eram vistas como boas para o socialismo e podem levar ao seu sucesso.
Assim, apesar de constituído por propostas muito distintas, e, com frequência, mutuamente hostis, o socialismo realmente existia — e se expandia. De sorte que, até meados dos anos 70 do século XX, partidários e inimigos das formulações de K. Marx, os primeiros com esperança, os segundos com receio, ainda podiam dizer — e diziam: o mundo marcha — está marchando — para o socialismo. (p.164)
Nesse período, muitos países se tornaram socialistas, especialmente depois das revoluções russa e chinesa, e também de outras partes do mundo. A perspectiva era de que o socialismo, eventualmente, fosse a principal força política e econômica global.
Enquanto os grandes países capitalistas, sobretudo os EUA, até como resposta à crise económica dos anos 70, ingressavam firmemente numa nova revolução científico-tecnológica, descobrindo novas fronteiras económicas — a informática, as telecomunicações, a robótica, a biotecnologia, a produção de novos materiais —, transformando a produção e a sociedade, anunciando mutações civilizatórias (Dreifuss, 1997), os Estados socialistas pareciam incapazes de sequer acompanhar o processo. (p.165)
Essa disparidade reflete a capacidade dos sistemas capitalistas de se adaptarem e inovar, especialmente em um período de crise econômica como os anos 70. Enquanto os países ricos encontravam maneiras de aproveitar as novas tecnologias para impulsionar a produção e transformar sociedade e os socialistas tinham dificuldades para usar as novas tecnologias para produzir mais e melhorar a sociedade.
A eleição de M. Gorbachev para o cargo de secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética, em março de 1985, exprimiu um consenso genérico favorável a reformas, embora ainda não houvesse um programa claramente definido em relação a metas, prazos e ritmos. Uma coisa era certa: a URSS não poderia mais continuar sendo governada por aquela gerontocracia que se havia constituído nas altas cúpulas do Estado e do partido e da qual eram genuínos representantes os antecessores imediatos do novo secretário-geral: L. Brejnev, I. Andropov e K. Chernenko, aptos, no melhor dos casos, apenas a tocar os negócios correntes, mas incapazes de enfrentar os grandes desafios, internos e externos, colocados pelos sinais críticos que se multiplicavam. (p.166)
Gorbachev foi escolhido porque precisava de uma liderança mais rápida e capaz de lidar com as mudanças que estavam acontecendo no país e no mundo. Ele chegou ao poder como uma promessa de mudanças, mas ainda não havia um plano claro para isso.
A questão era saber como transitar do socialismo realmente existente para a nova sociedade que se almejava construir. Do homem velho, emparedado nos métodos e conceitos superados, para o Homem Novo, portador de todas as virtudes. Em suma, como sair do Presente para o Futuro. (p.167)
Essa transição do presente para o futuro é radical não só nas estruturas econômicas e políticas, mas também nas mentalidades, valores e comportamentos das pessoas. O "Homem Novo" sugere uma transformação profunda na natureza humana, onde as virtudes socialistas como solidariedade, igualdade e cooperação prevaleceriam sobre os valores individualistas ou capitalistas.
Houve então o desastre da usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia. Pela primeira vez, desde a revolução pelo alto em fins dos anos 20, a URSS expunha de modo tão evidente suas feridas. Para os soviéticos e para todo o mundo. Os partidários das reformas utilizaram-se então do acontecimento para reforçar as críticas às mazelas do sistema. E fizeram surgir um outro termo russo, que também daria a volta ao mundo: glasnost, ou seja, publicidade dos atos de interesse público ou, numa outra versão, transparência. Se tivesse havido transparência na gestão da usina, argumentaram os reformistas, o desastre teria sido certamente evitado (p.168)
...