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A Historia da África

Por:   •  24/4/2022  •  Exam  •  1.427 Palavras (6 Páginas)  •  71 Visualizações

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AD1 – 2019.1

HISTÓRIA DA ÁFRICA

Rodrigo Michel Mourão Gomes de Oliveira

Matrícula 16116090099

Cantagalo

A partir da leitura dos Cadernos Didáticos das aulas 1 e 2 produza um pequeno texto relacionando os conteúdos dos referidos Cadernos aos vídeos de Chimamanda Adichie: O perigo da história única e Alberto da Costa e Silva: História da África para além dos documentos oficiais.

O vídeo fala sobre o perigo de olhar em uma só direção, de ter uma única fonte de informação, de não buscar diferentes explicações sobre um mesmo fato. E alerta ainda sobre o equívoco de não se individualizar a África, tratando o continente como uma região única e desconsiderando os 54 países que compõe o continente. Não é possível dar uma imagem homogênea a um continente africano que possui enorme diversidade cultural, linguística e religiosa, com populações de diferentes etnias e grande diversidade de solos, climas, relevos e recursos naturais, sendo certo que a denominação História da África encobre, de fato, muitas histórias diferentes.

As aulas 01 e 02 do material didático dão subsídios para que se entenda o contexto da fala da escritora Chimamanda.

 A questão se inicia na falta de produção escrita africana, o que prejudicaria a historiografia da região, que assumiu um cunho totalmente eurocêntrico. Tanto assim que Chimamada conta que em sua infância ela só conhecia um tipo de literatura, estrangeira e que falava de coisas que ela não se identificava, que não estavam presentes em seu cotidiano. Há um grande perigo nesse estreitamento de visão, porque há várias histórias, com vários cenários e vários povos e todas merecem ser contadas e há ainda diferentes versões de uma mesma história.

No entanto, fica claro o equívoco dessa unicidade de visão quando o texto aponta que a historiografia africana sempre teve recursos para contar sua própria história. A escrita esteve presente no norte da África desde 3.000 a.C., com os hieróglifos egípcios e na antiga Núbia, desde cerca de cinco séculos a.C. E depois, no século IV, a escrita se fez presente na Etiópia pelo processo de cristianização e nos séculos VII ou VIII foi difundida pelos muçulmanos na África subsaariana oriental e no século IX na  costa ocidental.

A ausência de fontes escritas fez com que a historiografia da África Subsaariana em período anterior à expansão islâmica fosse calcada apenas em vestígios materiais, nas línguas e nas tradições orais, sendo necessário recorrer a Arqueologia, a Linguística e a Antropologia para a produção de fontes de pesquisa. Porém, a expansão do Islã e, com ele, das rotas de comércio fez com que os comerciantes passassem a escrever suas impressões e a registrar, ainda que em árabe, relatos da tradição oral que narravam a história dos povos. Posteriormente, no século XV, a chegada dos europeus (descobridores e missionários cristãos) produziu novos escritos e há até mesmo correspondências trocadas entre os reis do Congo e de Portugal e a normatização feita pelo primeiro para o controle da escravização no seu reino, que abastecia o comércio atlântico.

A visão eurocêntrica sobre a história da África tem sua primeira oportunidade de mudar no final do século XIX, quando se inicia a alfabetização em línguas europeias, já que antes disso os registros sobre o cotidiano africano eram feitos de forma indireta e por razões culturais e políticas, eram prejudicados por uma visão hostil e preconceituosa. O olhar sobre as sociedades africanas não buscava compreender sua história, mas apenas encontrar argumentos que legitimassem a dominação europeia, marcado por um desprezo crescente pelo continente, suas populações e sua história. A partir desse ponto, as fontes escritas deixaram de ser produzidas unicamente por administradores coloniais, viajantes e missionários, surgiram elites africanas que dominavam idiomas europeus e havia até mesmo imprensa escrita em Angola.

É importante nesse ponto fazer um parêntesis quanto ao darwinismo social que prevalecia na visão sobre o continente africano: tomando como base “a herança greco-romana e na crença na superioridade do continente europeu, os intelectuais do Ocidente estavam convencidos de que a civilização europeia deveria prevalecer, inclusive como objeto de estudo, sobre todas as demais” (p.30). essa visão antropológica evolucionista reforçou a visão europeia de inferioridade dos povos africanos, acentuando a ideia de que a história da África começou a partir da efetiva colonização europeia e descartando sumariamente o passado dos povos africanos assim como os quatro séculos anteriores de contato entre africanos e europeus.

Estudiosos, como o filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel, pregavam que as sociedades africanas eram dominadas pela natureza e isentas de toda mudança ou progresso. Dizia ele: “vivem ali na barbárie e no selvagerismo, sem aportar nenhum ingrediente à civilização” (p. 33), o que justificava ideologicamente a dominação.

Retornando ao ponto, ocorreu após o acesso às línguas e à escrita europeia a escrita de uma história da África sob a perspectiva dos africanos, bem diferente da europeia. Por volta de 1950 e 1960 iniciou-se uma pequena produção acadêmica africana que visava resgatar a importância da África pré-colonial, amparada pelo surgimento das primeiras universidades no continente e pelos nacionalismos crescentes. Os africanos passaram a ser protagonistas da sua própria história.

Marcada pelo ufanismo, essa corrente historiográfica foi de suma importância, mas recebeu críticas também, na medida em que incidia no mesmo erro do colonizador: buscava demonstrar que a civilização ocidental alimentou-se do pensamento grego e que grandes pensadores gregos viveram no Egito, visto como a civilização negra por excelência. Com essa linha de raciocínio, seguiram categorias ocidentais, como se a história africana fosse um espelho da europeia e o resgate da história africana foi pautado em elementos valorizados no mundo ocidental, como a existência de grandes heróis, por exemplo, como forma de valorizar o passado africano.

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