TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

A peste negra e os hábitos de higiene na Idade Média

Por:   •  27/10/2017  •  Artigo  •  3.407 Palavras (14 Páginas)  •  1.087 Visualizações

Página 1 de 14

A PESTE NEGRA E OS HÁBITOS DE HIGIENE NA IDADE MÉDIA

Clebert dos Santos Moura[1]

RESUMO

A Europa, em meados de 1348, sofreu com uma doença que devastou grande parte da sua população. Cidades com esgotos a céu, com o mínimo de saneamento possível, pessoas sem hábitos regulares de higiene, casas de piso forrado com palha, foram umas das principais condições que favoreceram o sucesso da peste negra. O pouco desenvolvimento da medicina e a proibição da Igreja de que fossem feitas pesquisas na busca de uma cura também muito contribuíram. Deste modo, este trabalho visa demonstrar que o principal fator para o grande avanço da peste negra e a consequente morte de muitas pessoas foram os hábitos de higiene irregulares.

Palavras-chave: Peste Negra. Higiene. Idade Média.

ABSTRACT

Europe, in the middle of 1348, suffered from a disease that devastated a large part of its population. Cities with sewers in the sky, with the minimum of sanitation possible, people without regular habits of hygiene, houses of floor thatched with straw, were one of the main conditions that favored the success of the black plague. The poor development of medicine and the Church's prohibition of research in the search for a cure also contributed greatly. Thus, this work aims to demonstrate that the main factor for the great advance of the Black Death and the consequent death of many people were irregular hygiene habits.

Keywords: Black Plague. Hygiene. Middle Ages.

INTRODUÇÃO

A peste negra, também conhecida como peste bubônica, ficou famosa, historicamente, como uma doença responsável por uma trágica pandemia que dizimou milhões de vidas no mundo Ocidental, sem escolher suas vítimas, já que reis, príncipes, senhores feudais, artesãos, servos, padres entre outros foram vitimados pela peste. Essa doença é provocada pelo bacilo Yersinia pestis e que foi deflagrada a partir do ano de 1348. Assim, esse acontecimento figurou entre aqueles que caracterizaram a crise da Baixa Idade Média, sendo os outros as Revoltas Camponesas no século XIV e a Crise do Feudalismo.

Fontes históricas afirmam que ela é originaria das estepes da Mongólia, onde roedores eram infectados com a bactéria yersínia pestis, através de pulgas. No contato desses roedores infectados com o homem houve a transmissão da doença. Acredita-se que seu primeiro foco surgiu na China, por volta do ano de 1330, e sua inserção na Europa pode ter ocorrido por meio de caravanas comerciais.

 No século XIV as cidades medievais tinham uma densidade demográfica muito grande e, eram basicamente sem qualquer forma de saneamento básico, fator que muito contribuiu para a proliferação da peste. Junto com essa falta de saneamento também se encontravam os precários hábitos de higiene da população. Como na época as cidades medievais reuniam um grande número de pessoas e o lixo e os esgotos corriam a céu aberto, atraindo insetos e roedores portadores da doença, ficava fácil a contração da doença e a disseminação da mesma. O hábito de não tomar banho regularmente era uma constante entre as pessoas da referida época, e isso oferecia grande risco. Além da estrutura das habitações, que eram bem propícias à aglomeração de ratos e pulgas. É importante frisar que essa situação também se estendia à população do campo

Aliado a esses fatores e também com o baixo desenvolvimento da medicina, a Europa urgia em um momento de bastante escuridão, como descrevem alguns historiadores, já que a peste afligia tanto o corpo como o imaginário da população, fazendo com que ela fosse considerada por muitos, um castigo enviado por Deus contra os hábitos pecaminosos da sociedade.

Desta feita, o respectivo trabalho tem o intuito de demonstrar que o principal fator para o grande avanço da peste negra e a consequente morte de muitas pessoas foram os hábitos de higiene irregulares e o desenfreado crescimento demográfico das cidades, desacompanhado de um plano de saneamento básico, utilizando-se de pesquisas bibliográficas, tais como artigos, livros, imagens, e pesquisas eletrônicas, para melhor fundamentação do tema.

  1. A ORIGEM DA PESTE NEGRA

Diversos autores situam o surgimento da peste negra nas grandes planícies e estepes da Manchúria, logo após um período de guerras civis e catástrofes sem precedentes. Acredita-se que seu primeiro foco foi na China, nos entornos do ano de 1330, período em que ocorre uma sequência funesta de secas e enchentes, deslizamentos de montanhas, terremotos, entre outros, o que pode ter provocado a debandada de grandes colônias de marmotas e outros habitantes das estepes em busca de refúgio, trazendo consigo a pulga hospedeira da doença, para regiões de moradia humana.

Por volta de 1346, na Criméia, eclodiu uma briga de rua entre os cristãos que faziam o comércio entre a Ásia Menor e a Europa, e os tártaros, que na época sofriam com a peste. Os tártaros acreditando que a doença era resultado de uma praga jogada pelos cristãos, resolveram atacá-los. Mas, devido à epidemia que os acompanhava, seus pelotões em pouco tempo foram dizimados, vendo-se assim, obrigados a deixar a batalha. Porém, resolveram deixar aos seus inimigos um presente, presente este que lhes faria sentir o gosto do sofrimento que lhes fizera padecer, e então, fazendo uso de catapultas gigantes (Figura 1), os tártaros arremessaram cadáveres dos soldados vitimados pela peste sobre as muralhas da cidade dos cristãos (Caffa), e com isso tinham o objetivo de espalhar a doença entre eles, tendo sido exitosa tal empreitada, pois a epidemia tomou de conta da cidade, deixando seus habitantes apavorados, e obrigando-os a fugir em suas galés em direção ao Mediterrâneo.

[pic 1]

Figura 1 – Catapulta usada pelos Criméios.

Fonte: LEWINSOHN, 2003, p. 50.

Em 1347, no porto de Messina, na Sicília, chegam as primeiras galés abarrotadas de especiarias e também de doentes. Temerosos, proibiam que os tripulantes desembarcassem, já que o mínimo contato era o suficiente para o contágio, mas, não podiam impedir que os ratos pulassem dos navios atracados e com eles levassem juntos a pulga transmissora. E assim, começou a sua infestação funesta, por etapas, do continente europeu, sendo por terra firme a partir do Oriente Médio, e pelo mar Mediterrâneo, nos portos em que atracavam as galés.

...

Baixar como (para membros premium)  txt (22 Kb)   pdf (356.3 Kb)   docx (852.3 Kb)  
Continuar por mais 13 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com