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ANALISANDO IMAGENS: UM RELATO DA EXPERIÊNCIA COM A UTILIZAÇÃO DE FONTES ICONOGRÁFICAS NO ENSINO DE HISTÓRIA

Por:   •  12/6/2019  •  Ensaio  •  1.788 Palavras (8 Páginas)  •  269 Visualizações

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ANALISANDO IMAGENS: UM RELATO DA EXPERIÊNCIA COM A UTILIZAÇÃO DE FONTES ICONOGRÁFICAS NO ENSINO DE HISTÓRIA

Iury Fanfa

Universidade Federal da Fronteira Sul

iuuury@gmail.com

Everton Bandeira Martins

Universidade Federal da Fronteira Sul

everton.martins@uffs.edu.br

Monique Francieli Gielda

Universidade Federal da Fronteira Sul

moniqgielda@gmail.com

Financiamento: CAPES

Eixo temático 3 - Relato de experiências

INTRODUÇÃO

O presente trabalho busca relatar a experiência da utilização de fontes iconográficas no ensino de História durante atividades realizadas na escola de Educação Básica Tancredo de Almeida Neves, em Chapecó-SC, por meio do subprojeto de História do Programa Residência Pedagógica.

Inicialmente, foram realizadas observações das aulas de História de diversas turmas do ensino fundamental e a leitura do Projeto Político Pedagógico (PPP), com o objetivo de compreender a realidade da escola e dos estudantes. Após as observações, iniciou-se o processo de regência, o qual foi trabalhado com uma turma do 9º ano.

A experiência teve o intuito de trabalhar com fontes iconográficas, com análise de fotografias, propagandas e pinturas, que tratassem da temática abordada na aula. Entendendo que as fontes iconográficas não devem ser utilizadas somente como ilustração de determinado fato, por não representarem a realidade, foram elaboradas atividades para que os discentes apontassem diferenças e/ou semelhanças das iconografias do livro didático com as que o docente selecionou, e também comparar com outras fontes históricas, visando gerar uma reflexão sobre o fato de existirem diferentes narrativas para o mesmo fato histórico.

     

UTILIZAÇÃO DE FONTES HISTÓRICAS NO ENSINO DE HISTÓRIA

Conforme Schmidt e Cainelli (2009), o ensino de História no Brasil passou por diversas fases, as quais mudaram em conjunto com as propostas educacionais do país. Essas fases são compreendidas em três: o ensino tradicional, o ensino das ciências sociais, e a atual, do ensino de História. Quando predominava o ensino tradicional, os objetivos da História como componente curricular do ensino básico visava “formar o cidadão para a pátria e construir identidades nacionais” (p. 17). Porém, esse ensino carregado de ideias positivistas do século XIX, foi perdendo força e se transformando no que temos hoje, que segundo as autoras é a “valorização do conteúdo e de visões plurais e críticas da História” (p. 17).

        Seguindo essa tendência do ensino plural e crítico na atualidade, é imprescindível que o ensino de História seja capaz de ir além do mero estudo do passado, mas que seja capaz de gerar nos estudantes significados cognitivos e práticos para a vida. Segundo Martins (2009) a educação na atualidade deve exercer um papel que seja “fundamental para a reflexão sobre a realidade e, ao mesmo tempo, para a atuação responsável na sociedade” (p. 11166).

A História, bem como a educação e o ensino, passou por diversas mudanças ao longo do tempo, sobretudo a partir do século XIX, quando se desvinculou da literatura e das ciências sociais e passou a ocupar espaço como disciplina acadêmica. Segundo Carla Pinsky, nessa ruptura “foram estabelecidos parâmetros metodológicos cientificistas rígidos”, e que no período “a concepção dominante na historiografia era de que a comparação de documentos permitiria reconstituir os acontecimentos passados” (2010, p. 11). Em 1898, Charles Seignobos e Charles Langlois publicam Introdução aos Estudos Históricos, que serviu como um manual que “explora em detalhe os procedimentos para a coleta de fontes, operações analíticas, crítica interna e externa de documentos” (Idem, p. 12). Essa visão metódica da História foi superada somente alguns anos depois, quando Lucien Febvre e Marc Bloch lançaram o periódico Annales d’histoire économique et sociale. Propunham com ela uma mudança no trato com as fontes, as quais “deveriam ser buscadas e interpretadas segundo as hipóteses que partiam do historiador” (Idem, p. 13). Essa revista que se transformou no movimento chamado Escola dos Annales, que além de aumentar significativamente as fontes utilizadas para a análise histórica, criou condições de pensar a História para além dos fatos oficiais, dando espaço e importância à todas as atividades humanas.

O que nasceu com os Annales e se tornou a chamada Nova História, na década de 1960, possibilitou que o historiador fizesse uso das mais variadas fontes. Trazendo esse debate para o ensino de História, Schmidt e Cainelli (2009) enfatizam que

        o trabalho com o documento histórico em sala de aula exige do professor que ele próprio amplie sua concepção e o uso do próprio documento. Assim, ele não poderá mais se restringir ao documento escrito, mas introduzir o aluno na compreensão de documentos iconográficos, fontes orais, testemunhos da história local, além das linguagens contemporâneas, como cinema, fotografia e informática. (p. 117)

Assim, entende-se que o uso do documento histórico como ponto de partida para o ensino de História pode ser muito enriquecedor no processo de ensino-aprendizagem, porém, deve-se tomar alguns cuidados na utilização das fontes, principalmente quando se trata de fontes iconográficas e audiovisuais, que muitas vezes são usadas como um recurso didático que visa ilustrar o conteúdo, sendo ignorada toda a análise crítica que deve ser feita sobre um documento.

Segundo Silva (2010), o questionamento das imagens é fundamental, pois elas

não são espelhos da realidade, nem devem ser utilizadas na condição de ilustração de temas, numa perspectiva ingenuamente ‘realista’, como se as imagens retratassem alguma realidade histórica. Daí ser preciso ainda analisar a relação entre ver e saber, com intuito de esclarecer/compreender a fusão entre recepção e produção como processo para novas interpretações. (p. 181)

        Silva (2010) acrescenta que atualmente “vivemos em uma sociedade visual com intensas transformações tecnológicas onde uma avalanche de imagens tem atravessado o espaço social e o mundo do espetáculo exerce uma influência considerável nas relações sociais” (2010, p. 177). Nesse sentido, aproximar a tecnologia da sala de aula torna-se fundamental, pois, além de fortalecer o contato dos estudantes com os meios tecnológicos, enriquece e dinamiza o processo de ensino-aprendizagem.

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