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Brasil Cololnia

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Por:   •  9/4/2014  •  9.318 Palavras (38 Páginas)  •  187 Visualizações

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AÇÚCAR E ESCRAVOS

"Um engenho de açúcar é um inferno e todos os seus donos são condenados",

escreveu da Bahia, em 1627, o padre Andrés de Gouveia1. Repetidas vezes

os observadores que viram as fornalhas fragorosas, os caldeirões ferventes, os

corpos negros brilhantes e a agitação infernal do engenho durante as 24 horas

do dia da "safra" da cana usaram a mesma imagem do inferno. A produção de

açúcar foi, ao lado da mineração, a atividade mais complexa e mecanizada que

ocupou os europeus nos séculos XVI e XVII, e seu caráter "moderno" e industrial

impressionou os observadores pré-industriais. Mas foi nessa cena de pesadelo

que se desenvolveu a sociedade e a economia do Brasil. Durante os cem

anos decorridos de 1580 a 1680, o Brasil foi o maior produtor e exportador

mundial de açúcar. No contexto da grande lavoura e da indústria do açúcar foi

formada a sociedade colonial brasileira. A exemplo do próprio pão de açúcar, a

sociedade cristalizou-se com os europeus brancos no topo, as pessoas de cor

bronzeada de raças mistas recebendo menor apreço e os escravos negros considerados,

tal qual o escuro "açúcar de panela" de qualidade inferior.

O Brasil, nas décadas finais do século XVI, não mais se parecia com as

feitorias comerciais das colônias portuguesas da África ocidental e da Ásia. A

avocação pela coroa da exploração e colonização da vasta costa brasileira em

lugar da iniciativa privada, a criação do sistema de capitanias na década de

1530, o estabelecimento subseqüente do controle real em 1549, a eliminação e

escravização dos povos indígenas e a transformação da economia da extração

de madeira de tinta para a lavoura de cana-de-açúcar, todos esses elementos

foram fundamentais na formação da colônia. É verdade que missionários e

garimpadores de minérios ou traficantes de escravos penetraram ocasionalmente

o sertão, mas para a maioria dos colonos o povoamento permaneceu

I- Arquivo Nacional da Torre do Tombo (Lisboa) [ANTT], Cartório dos Jesuítas, maço 68, n. 334.

Brasil colonial

concentrado ao longo da faixa estreita do litoral, onde bons solos, condições

climáticas adequadas, oferta de mão-de-obra e transporte barato para os portos

favoreceram a indústria do açúcar num período de crescente demanda nos

mercados europeus. O controle efetivo da coroa restringiu-se à costa e, sobretudo,

ao arquipélago de portos e pequenas vilas agrícolas ao longo do litoral

leste, de Pernambuco a São Vicente. Em 1580, o Brasil, com uma população de

cerca de 60 mil habitantes, dos quais 30 mil eram europeus, havia se transformado

numa colônia de povoamento, embora de tipo peculiar: uma colônia de

agricultura tropical capitalizada a partir da Europa, que supria uma demanda

européia de produtos tropicais e se caracterizava por um sistema de trabalho

com base na escravidão, primeiro dos índios americanos e depois dos trabalhadores

africanos importados.

Fatores climáticos, geográficos, políticos e econômicos transformaram as

capitanias de Pernambuco e Bahia nos centros da economia açucareira colonial.

O sucesso no cultivo da cana dependia da combinação correta de solo e da

precipitação pluvial. Os agricultores brasileiros privilegiavam os espessos solos

pretos e vermelho-escuros do massapé, cuja fertilidade afastava a necessidade

de fertilizantes. Por 60 anos ou mais os autores coloniais falaram de terras

plantadas com cana-de-açúcar. Diziam que um teste comum do lavrador era

cravar a bota no chão: se o pé afundasse até o tornozelo no massapé, a terra era

boa para a cana. No decorrer do tempo, muita cana foi plantada também em

solos mais arenosos, os "salões" dos planaltos, menos apropriados, mas onde a

cana apresentava bom desempenho. Ao longo da costa contava-se com uma

precipitação pluvial garantida de mil a dois mil milímetros, com que se dava

muito bem a lavoura da cana.

Sendo a indústria do açúcar do Nordeste mormente uma atividade para a

exportação, a localização das lavouras perto dos portos era fator fundamental

para seu sucesso. O transporte por terra dependia de grandes carros de boi,

cuja utilização era obstruída pela ausência de estradas e pontes. O transporte

por terra tornava-se ainda mais difícil, por causa dos atoleiros em que as chuvas

pesadas transformavam o massapé. Assim, o transporte aquático era fundamental.

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