TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

CRÍTICA E SOCIOLOGIA

Projeto de pesquisa: CRÍTICA E SOCIOLOGIA. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  24/3/2014  •  Projeto de pesquisa  •  9.918 Palavras (40 Páginas)  •  325 Visualizações

Página 1 de 40

ANTONIO CANDIDO LITERATURA E SOCIEDADE 9a edição revista pelo autor Ouro sobre Azul | Rio de Janeiro 2006

A Maria Amélia e Sérgio Buarque de Holanda http://groups.google.com.br/group/digitalsource Esta obra foi digitalizada pelo grupo Digital Source para proporcionar, de maneira totalmente gratuita, o benefício de sua leitura àqueles que não podem comprá-la ou àqueles que necessitam de meios eletrônicos para ler. Dessa forma, a venda deste e-book ou até mesmo a sua troca por qualquer contraprestação é totalmente condenável em qualquer circunstância. A generosidade e a humildade é a marca da distribuição, portanto distribua este livro livremente. Após sua leitura considere seriamente a possibilidade de adquirir o original, pois assim você estará incentivando o autor e a publicação de novas obras.

ÍNDICE Prefácio à 3ª edição ........................................................................... 9 PRIMEIRA PARTE Crítica e sociologia ............................................................................. 13 A literatura e a vida social ................................................................. 27 Estímulos da criação literária ............................................................ 51 SEGUNDA PARTE O escritor e o público ......................................................................... 83 Letras e idéias no período colonial .................................................... 99 Literatura e cultura de 1900 a 1945 .................................................... 117 A literatura na evolução de uma comunidade .................................... 147 Estrutura literária e função histórica ................................................. 177 Nota bibliográfica .............................................................................. 201

PREFÁCIO A 3a EDIÇÃO Os estudos deste livro (cuja primeira edição é de 1965) procuram focalizar vários níveis da correlação entre literatura e sociedade, evitando o ponto de vista mais usual, que se pode qualificar de paralelístico, pois consiste essencialmente em mostrar, de um lado, os aspectos sociais e, de outro, a sua ocorrência nas obras, sem chegar ao conhecimento de uma efetiva interpenetração. Aqui há estudos de história literária mais ou menos convencional, como LETRAS E IDÉIAS NO PERÍODO COLONIAL; e alguns nos quais as conexões sociais são mais acentuadas, como LITERATURA E CULTURA DE 1900 A 1945, mas sobretudo A LITERATURA NA EVOLUÇÃO DE UMA COMUNIDADE, onde a função da produção literária é referida constantemente à estrutura da sociedade. Outros poderiam ser qualificados de estudos sobre aspectos sociais envolvidos no processo literário, como A LITERATURA E A VIDA SOCIAL e O ESCRITOR E O PÚBLICO. Finalmente, há os que considero mais empenhados teoricamente: CRÍTICA E SOCIOLOGIA, ESTÍMULOS DA CRIAÇÃO LITERÁRIA, ESTRUTURA LITERÁRIA E FUNÇÃO HISTÓRICA. Nestes está formulado, em planos cada vez mais particularizados, o problema fundamental para a análise literária de grande número de obras, sobretudo de teatro e ficção: averiguar como a realidade social se transforma em componente de uma estrutura literária, a ponto dela poder ser estudada em si mesma; e como só o conhecimento desta estrutura permite compreender a função que a obra exerce. Os referidos escritos esboçam uma posição segundo a qual a estrutura constitui aspecto privilegiado e ponto de referência para o trabalho analítico. Neste sentido, numa nota que está na página [pág. 9]

25 desta edição, onde uso as palavras "estrutural" e "funcional", eu falava nas edições precedentes em ponto de vista "estruturalista" ou "funcionalista", termos que atualmente se repelem, tendo o primeiro adquirido conotação bastante diversa. De fato, a nota foi escrita em 1964, e logo depois ele passou a designar de modo avassalador, que não admite outras acepções, a aplicação do estruturalismo linguístico ao estudo da literatura, com amputação, ainda que de modo estratégico, das conexões histórico-sociais que isto importa. Mas o que eu desejava naquele tempo era apenas acentuar o relevo especial que deve ser dado à estrutura, como momento de uma realidade mais complexa, cujo conhecimento adequado não dispensa o estudo da circunstância onde mergulha a obra, nem da sua função. A propósito, convém esclarecer que a acepção aqui utilizada foi desenvolvida com certa influência da antropologia social inglesa (tão atacada neste aspecto por Lévi-Strauss) e se aproximaria antes da noção de "forma orgânica", relativa a cada obra e constituída pela inter-relação dinâmica dos seus elementos, exprimindo-se pela "coerência". Aproximar-se-ia, portanto, de algo que constitui verdadeiro espantalho para muitos estruturalistas apegados à idéia de uma estrutura genérica, nunca específica, abstraída da realidade como um paradigma que se constrói. Isto é dito para esclarecer o uso de um termo; não para menoscabar uma tendência decisiva no progresso dos estudos de teoria literária, pois me convenço cada vez mais de que só através do estudo formal é possível apreender convenientemente os aspectos sociais. Este livro se compõe na maior parte de formulações gerais e de estudos de períodos. Considero-o etapa inicial para os ensaios analíticos que venho elaborando desde 1964 e publicando aqui e ali desde 1970, para no futuro juntá-los em volume. [pág. 10]

PRIMEIRA PARTE

CRÍTICA E SOCIOLOGIA

(tentativa de esclarecimento) 1 Nada mais importante para chamar a atenção sobre uma verdade do que exagerá-la. Mas também, nada mais perigoso, porque um dia vem a reação indispensável e a relega injustamente para a categoria do erro, até que se efetue a operação difícil de chegar a um ponto de vista objetivo, sem desfigurá-la de um lado nem de outro. É o que tem ocorrido com o estudo da relação entre a obra e o seu condicionamento social, que a certa altura do século passado chegou a ser vista como chave para compreendê-la, depois foi rebaixada como falha de visão, — e talvez só agora comece a ser proposta nos devidos termos. Seria o caso de dizer, com ar de paradoxo, que estamos avaliando melhor o vínculo entre a obra e o ambiente, após termos chegado à conclusão de que a análise estética precede considerações de outra ordem. De fato, antes procurava-se mostrar que o valor e o significado de uma obra dependiam de ela exprimir ou não certo aspecto da realidade, e que este aspecto constituía o que ela tinha de essencial. Depois, chegou-se à posição oposta, procurando-se mostrar que a matéria de uma obra é secundária, e que a sua importância deriva das operações formais postas em jogo, conferindo-lhe

...

Baixar como (para membros premium)  txt (64 Kb)  
Continuar por mais 39 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com