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Critica Sobre O País Subdesenvolvido

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Por:   •  23/8/2014  •  Tese  •  1.202 Palavras (5 Páginas)  •  221 Visualizações

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A opção pelo subdesenvolvimento

Gustavo Ioschpe

A situação educacional brasileira é trágica. Poucos discordam dessa constatação. Muito poucos se perguntam por que isso é tão ruinoso e, ainda, por que é tão mais desastroso agora. A primeira e mais óbvia resposta seria: porque estamos privando uma enorme fatia da nossa população dos conhecimentos mínimos necessários para uma vida engajada, consciente, livre e produtiva. Mas basta notar que os cruzamentos de nossas grandes cidades se tornaram abrigos ou espetáculos circenses dos marginalizados para entender que qualquer apelo à solidariedade humana está fadado ao fracasso neste país cordial. Apesar da resistência que educadores e pedagogos têm à intromissão de economistas, empresários e afins em seu território, é neles que se encontrará a revolução educacional de que o país necessita. Porque esses grupos conseguem deixar de tratar a educação unicamente como um fim em si mesma para entender que ela tem um papel vital — e urgente — a cumprir no desenvolvimento do Brasil. Essas vozes dizem e dirão o que a sociedade precisa ouvir: com o nosso sistema educacional atual, estamos condenados ao atraso eterno. Se a fraternidade não o convence a cuidar de nossa educação, faça o por interesse próprio, portanto.

É impossível a um país desenvolver-se no século XXI quando sua população ainda não resolveu problemas do século XIX. A comparação não é exagerada. Ainda não conseguimos ensinar nossas crianças a ler e a escrever, coisa que outros países já fazem há mais de 100 anos. O resultado final é termos só 26% de nossa população de 15 a 64 anos plenamente alfabetizada. A má qualidade do sistema — e não a falta de vagas — faz com que só 20% de nossos jovens cheguem à educação superior. Países como Coréia do Sul, Finlândia, Estados Unidos e Noruega já passaram dos 80% — quatro vezes mais, portanto. Os outros países desenvolvidos têm taxas próximas de 60%. Chile, Argentina e Uruguai estão na casa dos 40%. A China assusta ainda mais: foi de 6% em 1998 para quase 20% agora.

Essa comparação não é uma competição de vaidades. mas o indicador de uma capacidade fundamental de uma nação: produção de cérebros. Cérebro, hoje, é o patrimônio mais valioso que um país pode ter. Essa é a mudança fundamental que vem redesenhando o mundo e para a qual o Brasil ainda não acordou: a riqueza das nações não está em sua terra, seu clima, seus recursos naturais ou minerais. Em sua maioria, esses fatores já cumpriram seu papel. Hoje e daqui para a frente o progresso se dará pelo aumento de produtividade, pela geração de bens de alto valor agregado. O aumento de produtividade só vem com melhor instrução, com treinamento adequado, pelo desenvolvimento de novas tecnologias. A raiz de todos esses fenômenos é uma só: educação.

Nossas carências nessa área e seus impactos socioeconômicos se tornarão mais aparentes e agudos nas próximas décadas, mas já são visíveis. Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) apontam o Brasil em 49° lugar em termos de produtividade — são necessários quatro trabalhadores brasileiros para produzir o mesmo que um americano. Estar mal posicionado é esperado para um país subdesenvolvido. O preocupante é estarmos piorando de um ano para o outro, como mostra a pesquisa da OIT. Dados do IBGE do ano passado indicam que mesmo dentro do Brasil estamos retrocedendo: a participação de indústrias de alta concentração tecnológica diminuiu sua participação no PIB no período de 2000 a 2003.

Os negacionistas empedernidos dirão que o Brasil está mal, mas que sempre foi assim. Que sempre estivemos distantes, tecnologicamente, dos países desenvolvidos e que, mesmo assim, conseguimos taxas invejáveis de crescimento econômico no século passado. Que, eliminados os problemas de juros, câmbio e infra-estrutura, o gigante adormecido acordará e tornar-se-á a potência com que todos sonhamos.

Infelizmente, não é verdade. O descompasso de qualificação entre o Brasil e os países de renda média e alta aumentou enormemente nas últimas décadas. Porque esses países perceberam a importância do capital humano e se esforçaram para massificar o conhecimento em seu nível mais alto, o universitário. De 1980 a 2000, por exemplo, a Malásia aumentou seu número de matrícula universitária em 539%, a Coréia em 429%, Portugal em 368%, o Chile em 202% e a média dos países da OCDE em 146%. O Brasil? Só 45%. É muito em termos absolutos,

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