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Resenha Critica - O Ultimo Voo Do Flamingo

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Por:   •  3/12/2012  •  549 Palavras (3 Páginas)  •  3.259 Visualizações

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Último vôo do flamingo – Mia Couto

A obra Ultimo vôo do flamingo do escritor moçambicano Mia Couto, retrata a história dos moradores da vila Tizangara, no Moçambique, no período pós-guerra onde os soldados da ONU circulam por aquelas terras e se depara com uma série de acontecimentos misteriosos: alguns soldados são encontrados mortos, “explodidos”, e o único resquício encontrado de seu corpo é o pênis juntamente do conhecido capacete azul-celeste. Não há vestígios de sangue, partes do corpo ou de alguma violência, apenas o órgão sexual, ao lado do capacete é encontrado. Para compreender os fatos estranhos, a ONU envia um italiano para investigar o caso, Massimo Risi. Risi, caminha pela vila, ao lado de um tradutor (que é o narrador da história), a procura de informações e testemunhas sobre o caso e se depara com um país miserável de ouro, mas rico em cultura, em folclore, em conhecimento sobre a terra.

Ao escrever esta obra, Mia Couto convida o seu leitor para conhecer e refletir a respeito de um país pouco comentado na mídia: o Moçambique. País que sofre com a brutalidade da guerra, com a pobreza, com a falta de recursos e que sofre, principalmente, com o esquecimento. O personagem principal do romance, ao longo da obra se depara com personagens que contam as dificuldades enfrentadas neste país. Um exemplo disso é o momento em que Massimo Risi é apontado como assustado com aquele lugar, com as atitudes das pessoas, e Temporina, uma jovem com corpo de velha, o avisa “saber pisar neste chão é assunto de vida ou morte” (COUTO, 2001 p. 65). Ainda restavam minas no solo moçambicano, por causa do período da guerra.

O autor elabora uma crítica ácida aos semeadores da guerra e da miséria, mas também uma história em que poesia e esperança dependem da capacidade narrativa de contar a própria história com vozes africanas autênticas. Há uma intensa valorização da cultura genuína do local e uma crítica a imposição dos colonizadores portugueses da terra que impunham sua língua e sua cultura.

Mássimo Risi, horrorizado com a precariedade do local, atraído por uma jovem com corpo de velha, assustado com a possibilidade de vivos e mortos partilharem o mesmo espaço (afinal de contas, as minas estavam no chão, prontas para tirar a vida de quem passar por ali), confuso com as lendas que se misturam à realidade (a cultura africana é fortemente abordada no romance), insatisfeito com a explicação de que as explosões dos soldados seriam causadas por feitiço, enfim, incapaz de compreendê-los, Massimo confessa a seu tradutor: “- Eu posso falar e entender. Problema não é a língua. O que eu não entendo é este mundo daqui” (COUTO, 2001: 38).

Percebe-se, através do discurso memorialista do narrador, como a volta à infância e as memórias de antepassados, principalmente do pai e da mãe, o levam a um reencontro com a terra, suas origens e referências. O Flamingo, pássaro que traz e leva o novo dia, - conta a lenda - está pousado no imaginário daquele povo como um símbolo de esperança.

Ao final da obra, o italiano não encontra uma resposta ao mistério da vila, apenas credita o fato ao misticismo do lugar em sinal de respeito e tolerância a cultura daquele povo.

Referência:

COUTO, Mia. O último vôo do flamingo.

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