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Docie Goias

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Por:   •  28/1/2014  •  9.383 Palavras (38 Páginas)  •  318 Visualizações

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Durante os séculos XVI e XVII, em razão das condições econômicas vigentes no País, essencialmente orientadas para o comércio exportador, a grande lavoura litorânea foi a base da economia nacional, determinando a mais tardia ocupação das regiões interiores.

No final do século XVI, em decorrência da atividade da caça ao índio (procurado como mão-de-obra), surgiram algumas penetrações esparsas, que não fixaram o homem ao solo.

Ao longo do século XVIII, graças à expansão do bandeirismo e à catequese jesuítica, estabeleceu-se ampla linha de penetração: uma oriunda do Norte que, pela via fluvial do Tocantins penetrou a porção setentrional de Goiás; e outra, paulista, advinda principalmente do Centro-Sul.

Em função do bandeirismo paulista, uma série de penetrações ocorreram ao longo do século XVII, atingindo Goiás; e no ano de 1674 registrou-se a última grande expedição do período. (No ano de 1674, uma bandeira composta de 800 membros, dirigida por Sebastião Paes de Barros, oriunda de São Paulo, chegou até o Pará através do Tocantins.

V. Palacin, Luiz - "Goiás, Estrutura e Conjuntura numa Capitania de Minas", Goiânia, 1972, pg.18).

Porém, essas penetrações não representaram fase de fixação e colonização, constituindo-se em incursões de reconhecimento das possibilidades econômicas da região, através da coleta de amostragens de ouro e de apresamento de silvícolas.

Enquanto o século XVII representou etapa de investigação das possibilidades econômicas das regiões goianas, durante a qual o seu território tornou-se conhecido, no século seguinte, em função da expansão da marcha do ouro, foi ele devassado em todos os sentidos, estabelecendo-se a sua efetiva ocupação através da mineração.

Nesse momento, a grande expedição que ocorreu foi a dos paulistas Bartolomeu Bueno da Silva, filho, João Leite Ortiz e Domingos do Prado que, atraídos pelos incentivos governamentais à busca de metais, saíram de São Paulo em 1722 e descobriram as lavras de Goiás três anos depois (1725).

Às descobertas iniciais nas porções sulinas de Goiás, foram-se sucedendo outras, ocorrendo penetrações rumo ao Tocantins, depositário das mais ricas minas de Goiás.

Entre 1727 e 1732 surgiram diversos arraiais, além de Santana (posteriormente Vila Boa de Goiás), em conseqüência das explorações auríferas ou da localização na rota de Minas para Goiás. Nas proximidades de Santana surgiram os arraiais de Anta e Ouro Fino; mais para o Norte, Santa Rita, Guarinos e Água Quente. Na porção Sudeste, Nossa Senhora do Rosário da Meia Ponte (atual Pirenópolis) e Santa Cruz.

Outras povoações surgidas na primeira metade do século XVIII foram: Jaraguá, Corumbá e o Arraial dos Couros (atual Formosa), na rota de ligações de Santana e Pirenópolis a Minas Gerais. Ao longo dos caminhos que demandavam a Bahia, mais ao Norte, na bacia do Tocantins, localizaram-se diversos núcleos populacionais, como São José do Tocantins (Niquelândia), Traíras, Cachoeira, Flores, São Félix, Arraias, Natividade, Chapada e Muquém.

Na década de 1740 a porção mais povoada de Goiás era o Sul, mas a expansão rumo ao setentrião prosseguia com a implantação dos arraiais do Carmo, Conceição, São Domingos, São José do Duro, Amaro Leite, Cavalcante, Palma (Paranã) e Pilar de Goiás.

O achado do ouro promoveu a fixação do homem ao território goiano e o lançamento das bases da colonização portuguesa no Centro-Oeste, integrado, a partir de então, no contexto mercantil da colônia. A região passou a funcionar como área fornecedora de metais preciosos à metrópole. Estruturalmente, a mineração exerceu em Goiás papel de suma relevância, determinante de aspectos peculiares fundamentais do conjunto da capitania.

As descobertas auríferas numa fase inicial, propiciaram elevado afluxo populacional. Mas a região, se visualizada no seu conjunto, não chegou a ser efetivamente ocupada. Os núcleos de povoamento representados pelos arraiais foram concentrações isoladas, cercadas por vastas porções desérticas sob o aspecto humano.

À semelhança do povoamento, a administração, os transportes e as comunicações foram envolvidos no processo de mercantilismo português, para o qual, durante três quartos de século, no dizer de Alencastre, Goiás funcionou como "uma vasta feitoria, cuja população, dividida em turmas de operários mineiros, sob a direção do guarda-mór territorial, se movia em todas as direções, parava onde havia trabalho, não tendo amor ao lar doméstico nem afeição ao solo". (Alencastre, J.M.P. - "Annaes da Província de Goyaz". R. Inst. Hist. Geogr. Bras., 27:20-21, 1864).

Decorreu então que a quase totalidade da mão-de-obra foi absorvida pela mineração, permanecendo a agricultura e a pecuária até o final do século XVIII como atividades subsidiárias. O comércio, com exceção do comércio de metais, foi de cunho interno, fundamentado na importação dos gêneros de primeira necessidade e dos manufaturados, e as ligações diretas com o exterior foram proibidas. (O fechamento do intercâmbio direto com o exterior pelo Pará e Maranhão, via Tocantins, decorreu sobretudo da necessidade de conter o contrabando do ouro. Portugal adotou esta política isolacionista em todas as regiões auríferas).

Em 1737 a navegação pelo Tocantins foi proibida por tempo indeterminado, provocando o truncamento das relações Centro-Norte, o isolamento da região das minas e a decadência e morte de povoações localizadas nas zonas banhadas por aquele rio e os seus afluentes.

Até quase o final do século XVIII as rotas internas, através das quais eram atingidos os centros abastecedores, ficaram voltadas para Pernambuco, através do Duro, São Domingos e Taguatinga, e para os centros criadores da Bahia, pela via de Minas Gerais e Vale do São Francisco. (Abreu, João Capistrano de - "Caminhos Antigos e o Povoamento do Brasil". Rio de Janeiro, 1960, pg. 84).

Durante cerca de 50 anos do século XVIII (década de 30 - década de 80), os caminhos que demandavam ao exterior foram os mesmos dos primeiros tempos - orientados para o Centro-Sul através de São Paulo ou de Minas Gerais, rumo ao Rio de Janeiro -, permanecendo a rota fluvial pelo Norte interditada até 1782.

O povoamento de Goiás até a década de 60 do século XVIII apresentava-se bastante concentrado, principalmente nas regiões Centro-Sul (em torno de Vila Boa, sede do governo da capitania),

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