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ERA E REALISMO EM PORTUGAL

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Por:   •  8/1/2015  •  Tese  •  9.341 Palavras (38 Páginas)  •  231 Visualizações

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EÇA E O REALISMO EM PORTUGAL

Eça de Queirós nasceu em Póvoa do Varzim, em 1845. Estudou Direito em Coimbra e ligou-se à geração académica entusiasmada comas ideias de Proudhon e de Comte. Assim, conheceu Antero de Quental e iniciou sua carreira literária com folhetins, mais tarde publicados sob o título de Prosas Bárbaras (1905). O escritor não participou ativamente da Questão Coimbrã, permanecendo à margem das discussões, apenas como observador. Depois que se formou, foi para Lisboa tentar a carreira de advogado. Mais tarde, passa a fazer parte do grupo do Cenáculo (1868), liderado por Antero de Quental, depois de ter dirigido por algum tempo um jornal em Évora (Distrito de Évora, 1867).

Em 1869, viajou para o Egipto para fazer uma reportagem sobre a inauguração do Canal de Suez, da qual resultou O Egipto (1926,publicado depois de sua morte). Quando retornou, participou das conferências do Casino Lisbonense, – onde proferiu uma palestra que tratava sobre a necessidade de a arte encontrar-se aliada ao meio social (arte engajada) – em 1871. Em seguida, foi a Leiria (cidade onde ocorrem os principais fatos narrados em O crime do Padre Amaro), em que exerceu o cargo de administrador do Conselho por seis meses, como condição para que adentrasse à carreira diplomática.

Em 1873, Eça foi nomeado cônsul em Havana, mas no ano seguinte seguiu para Brístol, Inglaterra, onde permaneceu até 1878. Por fim, transferiu-se para Paris, antigo desejo seu. Casou-se em Neuilly e passou realmente a se dedicar à sua carreira literária. Nesse mesmo local, faleceu no ano de 1900.

A obra de Eça pode ser dividida em três fases:

— A primeira reflete um escritor ainda num momento de indecisão, preparação e procura de influências definitivas e de um caminho próprio. Representa a fase menos importante, que, em alguns aspectos, serve como amostra do tipo de prosador que Eça seria no futuro. Esta fase está marcada pela publicação de artigos e crónicas escritos entre 1866 e 1867;

— A segunda fase inicia-se com a publicação definitiva de O crime do padre Amaro (1875), o qual vinha sendo escrito desde 1871.

Esta fase segue até aproximadamente 1888, quando publica-se Os Maias. A partir de 1871, Eça adere às teorias do Realismo propriamente dito, passando a produzir obras de caráter combativo em relação às instituições vigentes, em especial a Monarquia,

Igreja e Burguesia, voltadas para as ações e reformas sociais. Servem como retrato (em alguns aspectos, é claro, deformado) da sociedade portuguesa de sua época e apresentam uma prosa já impregnada das características de seu estilo: uma linguagem direta, antideclamatória, fluente, precisa, com pinceladas irônicas e satíricas ou, até mesmo, de um certo lirismo melancólico;

— A terceira e última fase de sua carreira corresponde aos anos de 1888 até 1900, quando falece o escritor. A postura adotada pelo autor a partir deste momento é exatamente a oposta da fase antecedente: ao invés da opção pela destruição dos valores deturpados da sociedade burguesa da época, abraça uma postura construtiva. Neste momento, um Eça que parece ter alcançado a maturidade, apresenta-se voltado para o culto daqueles valores rechaçados anteriormente, trazendo à tona a esperança e a fé, aliadas a um idealismo não mais científico.

RESUMO DOS CAPÍTULOS – PARÁFRASE DA OBRA

I

Num domingo de Páscoa, em Leiria, divulga-se a notícia de que o senhor pároco da Sé, José Miguéis, morrera de madrugada, por causa de uma apoplexia. Por não ser muito estimado, poucas pessoas compareceram ao enterro.

Dois meses depois, soube-se na cidade que outro pároco fora nomeado e parecia tratar-se de um homem muito novo, que acabava de sair do seminário. Seu nome era Amaro Vieira e falava-se de influências políticas na sua nomeação. Amaro era já conhecido de uma pessoa de Leiria, o senhor cónego Dias, que fora seu mestre no seminário. Amaro escreve para o cónego, pedindo-lhe um lugar para morar. Imediatamente, este decide instalá-lo na casa de S. Joaneira, sua amiga, viúva, que vive só com a filha, uma irmã entrevada na cama e a empregada, a Ruça. Numa conversa com o coadjutor da Sé, o cónego Dias exprime este seu desejo e o coadjutor, apesar de concordar com a ideia, sugere que o povo poderia vir a comentar maldades a respeito da estadia de um padre tão jovem numa casa habitada por uma moça solteira, como era o caso de Amélia. O cónego combate essa insinuação, alegando que S. Joaneira tem o costume de alugar os quartos, além de ser asseada, não cobrar muito caro, ter um espaço suficiente para as necessidades de Amaro etc.

II

Nos fins de Agosto, uma semana depois da conversa, chega o novo padre, que é recebido pelo cónego e o coadjutor. Os dois comentam os arranjos de moradia com Amaro e o conduzem à casa de S. Joaneira. O pároco é apresentado à dona da casa e a seus aposentos. Amélia e ele cruzam-se muito rapidamente, no momento em que o padre está pronto para se recolher.

Por fim, vai para seu quarto e, durante suas orações, pode ouvir no assoalho acima de sua cabeça “...o ruído das saias engomadas que ela (Amélia) sacudia ao despir-se.”

III

O terceiro capítulo, em forma de “flash-back”, trata-se de um relato sobre a vida de Amaro.

“Amaro nascera em Lisboa, em casa da senhora Marquesa de Alegros.” Seu pai fora criado do marquês e a mãe criada de quarto

(“quase amiga”) da marquesa. Quando Amaro tinha seis anos, perdeu a mãe; um ano antes, o pai tinha morrido de apoplexia. Amaro tinha ainda uma irmã, que vivia com sua vó, em Coimbra, e um tio, merceeiro abastado do bairro da Estrela. Porém, a marquesa o conservou em sua casa e passou a cuidar de sua educação.

A marquesa ficara viúva aos 43 anos, tinha duas filhas, educadas com preocupações religiosas, que eram beatas e “faziam o chique falando com igual fervor da humildade cristã e do último figurino de Bruxelas”. A senhora Marquesa decidiu colocar Amaro na vida eclesiástica.

O menino é descrito como medroso e afeminado, pois vivia entre as saias das criadas. Aos onze anos ajudava na missa e limpava a capela. Apesar de estar crescendo, continuava com o aspecto um pouco doentio e miúdo; nunca sorria.

Num Domingo, a marquesa morreu de apoplexia. No testamento, recomendava que Amaro entrasse no seminário aos quinze anos.

Encarregava o padre Liset de cuidar de tudo. Amaro tinha 13 anos. Foi mandado para a casa

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