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HISTÓRIA E CINEMA: UM DEBATE METODOLÓGICO

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Por:   •  11/1/2014  •  765 Palavras (4 Páginas)  •  824 Visualizações

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HISTÓRIA E CINEMA: UM DEBATE METODOLÓGICO

Mônica Almeida Kornis

1 - Introdução

A questão central que se coloca para o historiador que quer trabalhar com a imagem cinematográfica diz respeito exatamente a este ponto: o que a imagem reflete? ela é expressão da realidade ou uma representação? qual o grau possível de manipulação de imagem? Por ora, essas perguntas já nos são úteis para indicar a particularidade e a complexibilidade desse objeto, que hoje começaram a ser reconhecidas.

De maneira geral, os documentos visuais são utilizados de forma marginal e secundária pelos estudos históricos. (p. 237)

De toda forma, o que é importante registrar é que hoje se admite que a imagem não ilustre nem reproduza a realidade, ela a reconstrói a partir de uma linguagem própria que é produzida num dado contexto histórico. Isto quer dizer que a utilização da imagem pelo historiador pressupõe uma série de indagações que vão além do reconhecimento glamour dos documentos visuais. O historiador deverá passar por um processo de educação do olhar que lhe possibilite “ler” as imagens. (p. 238)

Isto significa que o filme pode tornar-se um documento para a pesquisa histórica, na medida em que articula ao contexto histórico e social que o produziu um conjunto de elementos intrínsecos à própria expressão cinematográfica.

Esta definição é o ponto de partida que permite retirar o filme do terreno das evidências: ele passa a ser visto como uma construção que, como tal, altera a realidade através de uma articulação entre a imagem, a palavra, o som e o movimento. Os vários elementos de câmera, a iluminação, a utilização ou não da cor – são elementos estéticos que formam a linguagem cinematográfica, conferindo-lhe um significado específico que transforma e interpreta aquilo que foi recortado do real. (p. 238)

É preciso reconhecer que existe uma manipulação ideológica prévia das imagens, assim como uma articulação da linguagem cinematográfica com a produção do filme e com o contexto de sua realização. (p. 239)

2 – O filme como registro da realidade

Em resumo, o reconhecimento do valor documental do cinema se ateve ao longo de todo esse tempo à identificação da imagem por ele produzida com a verdade obtida pelo registro da câmera. Prevaleceu portanto o princípio definido por Matuszewski ao final do século XIX. Na realidade, a discussão sobre a linguagem cinematográfica esteve restrita aos produtores da imagem – os cineastas – e aos teóricos do cinema. Foi somente a partir de meados da década de 1960 que a discussão propriamente metodológica sobre a relação cinema-história passou a existir, tendo como ponto central a questão da natureza da imagem cinematográfica. (p. 242)

3 – A busca de um método de trabalho

Um primeiro aspecto é o reconhecimento de que, tratado como documento histórico, o filme requer a formulação de novas técnicas de análise que dêem conta de um conjunto de elemento que se interpõem entre a câmera e o evento filmado. As circunstâncias de produção, exibição e recepção envolveriam

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