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Historia Arqumedes

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Por:   •  1/9/2013  •  2.443 Palavras (10 Páginas)  •  229 Visualizações

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Uma resposta vem da Metafísica de Aristóteles. Naquele livro há uma área de investigação a que Aristóteles chama "filosofia primeira". Esta área parece similar à nossa metafísica. Aristóteles diz-nos que a filosofia primeira é a ciência do ser enquanto ser. Será isso a metafísica?

Bem, primeiro temos de descobrir o que se entende por "a ciência do ser enquanto ser". Para começar, o termo "ciência" significa aqui conhecimento teórico. É optimista considerar seja o que for como conhecimento metafísico. Como vimos, na metafísica reina a controvérsia. As conclusões estabelecidas são bastante raras (quando muito!). Felizmente, este optimismo acerca do conhecimento é inofensivo para o que nos interessa. Podemos ter de adquirir conhecimento metafísico de modo a completar uma investigação metafísica. Mas agora não estamos a tentar ver o que seria completar uma investigação metafísica. Estamos apenas a tentar identificar o objecto de estudo característico da metafísica. Quer tenhamos ou não conhecimento de quaisquer factos metafísicos, perguntamos agora apenas o que faz alguns factos serem metafísicos.

Ao responder a esta questão do objecto de estudo, a nossa resposta inicial de Aristóteles dá-nos a expressão: "ser enquanto ser". Eis uma interpretação disso: O primeiro "ser" da expressão identifica o tópico como sendo a existência. O "enquanto ser" acrescenta que o foco da metafísica é a existência em geral. Não se trata da existência dos peixes ou da existência de coisas no século XXI. Trata-se da natureza geral da existência. Portanto, se a "filosofia primeira" de Aristóteles for metafísica, então temos a proposta de que o objecto de estudo da metafísica é a própria existência. A metafísica não é acerca de quaisquer coisas que existam, nem da sua existência sob certas condições limitadas. É apenas acerca da existência.

A natureza da existência é definitivamente um tópico metafísico, e ainda por cima difícil. É um desafio afirmar seja o que for de informativo acerca do que é existir. Uma controvérsia metafísica acerca da existência tem a ver com a questão de a existência ser ou não uma propriedade. Para ver o que está em causa, imagine-se um balão que não existe. Imagine apenas um qualquer balão possível de que goste. Feito? Certo, agora imagine esse mesmo balão, mas tente adicionar a existência às propriedades que imagina que o balão tem. O que acrescentou? Nada! A existência não parece ser uma propriedade distinta que se possa adicionar ou apagar. Tendo reparado nisto, alguns filósofos foram levados a concluir que a existência não é uma propriedade de todo em todo. Outros pensam que a existência é uma propriedade especial que se requer para que haja quaisquer outras propriedades. A existência estava já incluída no seu acto de imaginar um balão possível, porque o leitor teve de o imaginar como existente para o poder imaginar de todo em todo. Esta é uma disputa metafísica acerca da própria existência.

Estamos a ponderar a afirmação de que a existência é o objecto de estudo da metafísica. Acabámos de ver muito brevemente uma questão metafísica acerca da existência. Mas grande parte da metafísica não é sobre a existência. Na verdade, vimos isto repetidamente nos capítulos anteriores. Por exemplo, o problema da natureza do tempo não se centra na existência. Quando a questão é sobre tudo estar ou não predestinado à partida, o tópico não é a existência. Investigar a natureza do livre-arbítrio não é estudar a existência. O mesmo se aplica à natureza da necessidade física e absoluta. A questão de haver ou não universais envolve a existência. Mas essa questão acerca dos universais não se centra na própria existência. A questão é a de haver ou não universais, deixando em aberto a questão da natureza da existência. Aplica-se o mesmo comentário ao tópico da existência das pessoas ao longo do tempo. O tópico não é a existência, mas antes as condições sob as quais a mesma pessoa se mantém em existência, independentemente do que a existência de facto seja.

Assim, se o ser enquanto ser é a mera existência, então o objecto de estudo da metafísica não se limita ao ser enquanto ser.

Primeiros princípios

Consideremos uma nova ideia acerca daquilo de que versa a metafísica. Na Metafísica, Aristóteles diz-nos também que a filosofia naquele livro diz respeito apenas aos primeiros princípios e causas. O tópico das causas parece mais adequado às ciências naturais. Portanto, consideremos a ideia de que a metafísica diz respeito aos primeiros princípios. A abordagem da metafísica com base nos primeiros princípios sugere um melhoramento relativamente à nossa ideia anterior. O plural "princípios" aproxima-se de algum modo do reconhecimento da pluralidade de tópicos metafísicos.

Dada a situação, contudo, "primeiros princípios" é quase uma expressão vazia. Os princípios são "primeiros" segundo que ordem? Há muitos primeiros princípios. Os princípios metafísicos não são seguramente os primeiros princípios num código deontológico para agentes imobiliários! Provavelmente, a ideia é a de que os princípios metafísicos são "primeiros" porque são, de alguma maneira, mais básicos. Certo, mas agora temos de perguntar: mais básicos em que sentido? "Básico" por vezes significa elementar. Mas claro que os princípios mais importantes da contabilidade não são metafísicos. "Básico" por vezes significa importante. Mas claro que os princípios mais importantes da prevenção de incêndios não são metafísicos. Em breve consideraremos um terceiro modo pelo qual os tópicos da metafísica podem ser os mais básicos. Mas independentemente daquilo a que "básico" equivale, precisamos de mais ajuda no que diz respeito aos princípios envolvidos. Os primeiros princípios relevantes são acerca de quê? A expressão "primeiros princípios" não especifica de todo em todo um objecto de estudo.

Aparência por oposição a realidade última

Vamos tentar outra ideia. As investigações metafísicas começam com as aparências iniciais. Por exemplo, uma das questões metafísicas que considerámos começa pela aparência de que por vezes agimos livremente; outra das nossas questões começa pela aparência de que há propriedades que muitas coisas partilham. Os nossos outros tópicos começam pelas aparências que lhes são próprias. Na vida quotidiana, raramente se questiona estas aparências. Na metafísica, continuamos a investigar. Ao desenvolver um tópico metafísico, procuramos ir

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