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MONUMENTOS DA MINHA INFÂNCIA

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Por:   •  24/3/2014  •  Seminário  •  1.280 Palavras (6 Páginas)  •  175 Visualizações

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MEMÓRIAS DA MINHA INFÂNCIA

Sou filho de família pobre e humilde. Meu pai sempre trabalhou na roça, nunca aprendeu a ler nem a escrever e minha mãe estudou só até a 4ª série do primário.

Quando eu era criança, morávamos quase sempre na zona rural, em lugar de difícil acesso à educação, e quando tinha uma escola, ficava longe. Comecei a frequentar uma escola com sete anos de idade, tinha que sair cedinho, eu e meu irmão, que tinha seis anos.

Às vezes não tínhamos nada para comer de manhã, então minha mãe colocava uma gordura (óleo) para esquentar e jogava cebola picada dentro, e quando a cebola já estava frita, colocava farinha dentro. Essa cebola frita com farinha nós não comíamos antes de sair não, pois era pouca a farinha. Nós deixávamos para comer quando estava voltando da escola, já meio dia, com fome e longe de casa. Na estrada tinha um rio, que sobre o qual passávamos por cima de um pé de buriti caído, era lá que comíamos aquela farofa, com tanta fome que parecia que tinha carne, mas era só cebola com farinha. Outras vezes comíamos café puro com farinha, era um pirão difícil de engolir, mas era o jeito. Também comíamos gongo assado no espeto (aquelas brocas brancas que tem dentro do coco babaçu), pois carne era uma raridade para nós. A água que bebíamos era quase sempre quente, principalmente nos períodos em que a temperatura era elevada, já que a água era de pote, que às vezes nem era inteiro, era um caco de pote, pois quando quebrava nem sempre tínhamos dinheiro para comprar outro.

Quando era tempo de chuvas, o rio ficava cheio e a gente ficava sem ir à escola, sem contar que quando conseguíamos, tínhamos que vir embora na chuva, há uma distância de 5 km de casa, sozinhos, no meio do mato.

Na escola os alunos do Pré à 4ª série estudavam todos numa mesma sala, e era apenas uma única professora para ensinar a todos. Ela só me botava pra ler o ABC, o ano inteiro, e no ano seguinte, do mesmo jeito.

Aos nove anos de idade minha mãe me levou para morar em casa de família rica, na cidade de Itabuna/Ba, mas tive que iniciar meus estudos do zero, ou seja, do ABC novamente e no ano seguinte (na cartilha), aprendi a ler e a escrever. Na casa da tal família rica sofri mais do que na casa de meus pais, pois lá, mesmo sendo criança, eu tinha que trabalhar muito, às vezes até doente. Além do mais, só comia aquela mesma quantidade todo dia, se não desse para encher a barriga, ficava por isso mesmo, e não comia junto com as outras pessoas da casa, era sozinho, na área da lavanderia. Eu comia sempre numa bacia de alumínio, era a dona da casa quem colocava a minha comida e às vezes ela mandava a empregada colocar, mas nunca eu comi a mesma comida que os outros, pois da comida melhor só quem comia eram os donos da casa, mesmo que fosse dia de festa (aniversário, por exemplo). A comida que davam para o cachorro era melhor do que a que eu comia.

Depois minha mãe foi morar na mesma cidade onde eu estava, foi quando eu fugi daquela casa e fui morar com meus pais. Naquela época eu já cursava a 1ª série do primário, à tarde, e pela manhã, comecei a vender, pelas ruas e principalmente na Rodoviária da cidade: geladinho, coxinha, picolé e até engraxar sapatos das pessoas, pois tinha que ajudar meus pais nas despesas de casa, tudo isso com 10 anos de idade.

Como meu pai sempre vivia mudando de lugar, logo em seguida fomos morar na zona rural do município de São João do Paraíso/MA. Eu já cursava a 2ª série e estava em férias (mês de julho), mas tive de abandonar o colégio, e como naquele meio do mato não tinha escola perto, eu perdi dois anos de aula, atrasando consideravelmente meus estudos.

Depois de certo tempo, fomos morar em outro local, mas ainda na zona rural, só que pelo menos tinha escola. Comecei a estudar novamente a 2ª série.

Naquele tempo o meu pai já vivia doente, já não dava mais conta de trabalhar no pesado para nos sustentar. Eu era a filha mais velha, embora tivesse só 14 anos, e ainda tinha minha mãe e minhas duas irmãs de 03 e 04 anos de idade, assim nessa ordem.

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