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Marcha De Versalhes

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Por:   •  1/10/2012  •  5.638 Palavras (23 Páginas)  •  1.469 Visualizações

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Marcha sobre Versalhes, também conhecida como Marcha de Mulheres a Versalhes, Marcha de Outubro e Os Dias de Outubro, foi um dos primeiros e mais significativos acontecimentos da Revolução Francesa. O evento teve início entre mulheres dos mercados de Paris que, na manhã de 5 de outubro de 1789, protestavam contra o alto preço e a escassez do pão. As manifestantes rapidamente se uniram aos revolucionários que exigiam reformas políticas liberais e uma monarquia constitucional para a França. Logo, uma multidão de milhares de cidadãos parisienses, encorajados pelos agitadores revolucionários, saquearam o arsenal de armas da cidade e marcharam para o Palácio de Versalhes. A multidão sitiou o palácio e, num confronto dramático e violento, conseguiu impor suas exigências ao rei Luís XVI. No dia seguinte, os manifestantes obrigaram o rei, sua família e os membros da Assembleia a voltar com eles para Paris.

Estes eventos marcaram, efetivamente, o fim da autoridade real. A marcha simbolizou um novo equilíbrio de poder que deslocou a antiga ordem de privilégios da aristocracia e favoreceu o chamado Terceiro Estado. Unindo pessoas de diferentes vertentes, a marcha tornou-se um dos fatores decisivos da revolução.

Índice

1 Antecedentes

1.1 Planos iniciais

1.2 O banquete real

2 Início da marcha

3 Objetivos da marcha

4 O cerco ao palácio

4.1 Ocupação da Assembleia

4.2 A comitiva

4.3 O ataque ao palácio

4.4 A intervenção de La Fayette

4.5 O retorno a Paris

5 Consequências

5.1 Teoria da conspiração orleanista

6 Legado

7 Notas

8 Referências

9 Bibliografia

10 Leitura complementar

11 Nota

Antecedentes

Os decretos revolucionários aprovados pela Assembleia em agosto de 1789 culminaram com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

Quando a journée[nota 1] de outubro aconteceu, a década revolucionária da França (1789-1799) mal havia começado e o período de violência ainda não havia atingido seu auge. A tomada da Bastilha ocorrera menos de três meses antes e a visão romântica de uma revolta armada cativou a imaginação popular. Empolgados com o poder recém-descoberto, os cidadãos comuns da França - abundantes, especialmente em Paris - sentiram um súbito desejo de participar da política e do governo. A parcela mais pobre da população preocupava-se grandemente com a questão dos alimentos, visto que a maior parte dos trabalhadores gastava quase metade de seus rendimentos comprando pão. No período pós-Bastilha, a inflação galopante e a grave escassez de alimentos tornaram-se comuns em Paris, assim como os episódios de violência nos mercados.[1]

A corte e os deputados da Assembleia Nacional Constituinte estavam reunidos na confortável residência da cidade real de Versalhes, onde debatiam mudanças significativas no sistema político francês. Deputados reformistas conseguiram aprovar uma legislação abrangente nas semanas que se seguiram à queda da Bastilha, incluindo os revolucionários "Decretos de Agosto" (que aboliram formalmente os privilégios da nobreza e do clero) e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.[2] Naquele momento, sua atenção estava voltada para a criação de uma constituição permanente. Monarquistas e conservadores de todos os graus tinham sido, até então, incapazes de resistir à intensa resistência dos reformistas, mas em setembro suas posições começaram, ainda que minimamente, a melhorar. Durante as negociações constitucionais eles conseguiram garantir o poder de veto legislativo do rei. Com a discordância ferrenha dos reformistas, o processo ficou comprometido.[3]

A tranquila Versailles, sede do poder real, era um ambiente sufocante para os reformistas, cujo principal reduto estava em Paris (distante cerca de 21 km a nordeste). Eles tinham conhecimento de que os mais de quatrocentos deputados monarquistas tentavam transferir a Assembleia para a distante Tours, cidade mais refratária aos esforços reformistas que Versalhes.[4] Muitos temiam que o rei, encorajado pela crescente presença das tropas reais, pudesse dissolver a Assembleia ou revogar os "Decretos de Agosto". De fato, Luís XVI teria considerado essas possibilidades e, ao aprovar formalmente, em 18 de setembro, apenas parte dos decretos, terminou por indignar os deputados.[5] Acirrando ainda mais os ânimos, o rei declarou, em 4 outubro, que tinha reservas em relação à Declaração dos Direitos do Homem.[5]

Planos iniciais

Apesar da "mitificação" pós-revolucionária, a marcha não foi um evento espontâneo,[6] pois já haviam sido feitas inúmeras convocações para uma manifestação em massa em Versalhes: o marquês de Saint-Huruge, um dos mais populares oradores do Palais-Royal, havia proposto uma marcha em agosto, para expulsar os deputados obstrucionistas que, segundo ele, estavam a proteger o poder de veto do rei.[7] Apesar de seus esforços terem sido frustrados, os revolucionários continuaram a cultivar a ideia de uma marcha sobre Versalhes para obrigar o rei a aceitar as leis da Assembleia.[7][8] No Palais-Royal, os oradores mencionaram frequentemente esses planos ao longo do mês seguinte,[9] gerando suspeitas sobre seu titular, Luís Filipe II, duque de Orléans.[10] Logo, o assunto chegou às ruas e também às páginas do Mercure de France.[nota 2][6] Uma inquietação ameaçadora estava no ar,[11] levando muitos nobres e estrangeiros a fugirem daquela atmosfera opressiva.[12]

O banquete real

Após o motim dos Gardes-Françaises[nota 3], imediatamente antes da tomada da Bastilha, as únicas tropas disponíveis para a segurança do Palácio de Versalhes eram o aristocrático Garde du Corps[nota 4] e os Cent-Suisses[nota 5]. Ambas as unidades tinham funções basicamente cerimoniais, sem contingente nem treinamento para oferecer uma proteção eficaz à família real

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